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quinta-feira, 18 de julho de 2013

..ainda as opiniões de Júdice...




Olá,amigo Venerando, eu diria que concordo com J.M. Júdice. Os partidos, como estão ou se apresentam, desde há muito deveriam acabar, no sentido de se reformularem,repensarem modernizarem,substituírem, por que não. Prestariam um bom serviço ao deixar que a Humildade seja também filiada, entre outras virtudes que lhes fazem falta. Digo isto com bondade, sem nem por um momento duvidar que Júdice, tal como eu, queira derrotar a democracia. Desde os gregos, concordo que discutir as pessoas é tornar-se medíocre, temos todos um caminho cheio de mistérios e mutações, só o radicalismo é um sinal de medo e insegurança. Desafio maior será abrir ao mundo e, se em clube, grupo ou partido, com mais obrigação de análise e alguma confiança no lado melhor da Humanidade. Com elegância, repito, para não se ferir nem ferir gratuitamente o propósito dos outros. Perdoe, amigo, não sou fan destes espaços, mas agradeço a oportunidade de deixar uma opinião e um abraço”. 

Maria Laura

A  minha amiga Maria Laura insurge-se contra a minha opinião sobre as afirmações de José Miguel Júdice, porque ponho à frente da análise do seu conteúdo o ataque pessoal , seguindo a velha máxima segundo a qual as pessoas “inteligentes” discutem ideias, os medianos discutem factos e os medíocres discutem pessoas.

No geral concordo com o conteúdo dessa frase, mas penso que esta não passa de mais uma frase feita, já que as ideias só se aplicam com os factos, e as ideias e os factos tem por detrás de si pessoas.

Por mim as ideias só me merecem credibilidade analisando os factos que resultaram da sua aplicação e conhecendo a coerência ou a falta de coerência de quem as defende.

Tenho por mim que muitos de nós subscreveríamos muitas das ideias defendidas por Salazar, Mussolini, Stalin, Goebeels, ou até…Hitler… se lêssemos algumas das suas ideias sem conhecermos o nome dos seus subscritores.

A partir do momento e que sabemos quem as subscreve, de imediato a sua credibilidade cai por terra, porque não as podemos isolar dos crimes cometidos por esses personagens.

Não estou a comparar José Miguel Júdice com qualquer um desses personagens, mas penso que as ideias deste senhor não podem ser separadas do seu percurso pessoal.

Numa época em que “opinadores” e comentadores de toda a espécie invadem todo o espaço informativo temos que fazer uma triagem de credibilidade com base no conhecimento do nome e da personalidade dos subscritores, para melhor podermos aferir da “boa-fé” e da credibilidade dessas ideias.

Admito que se José Miguel Júdice viesse falar de temas do Direito, teria em mim um leitor atento.

Mas quando vem falar da degradação dos partidos nacionais, a sua credibilidade cai logo por terra, mesmo que possa subscrever algumas das suas críticas.

É que Judice representa todos os males da nossa democracia e do sistema partidário português.
Aconselho-a vivamente a ler os livros “Os Donos de Portugal” (obra colectiva) e “Da corrupção à crise que fazer?” de Paulo de Morais para perceber onde quero chegar.

Quando é hoje cada vez mais claro que a situação a que chegámos e a crise democrática em que vivemos tem por detrás a tríplice aliança entre o poder financeiro, o poder político e os gabinetes de advogados, José Miguel Judice é um dos rostos mais evidentes dessa realidade.

Ele está em todas e subiu na vida encostado ao poder e aos partidos que, em cada momento, dominavam,: o Estado Novo e sua extrema direita antes do 25 de Abril; O PSD como partido central do regime democrático; o PS no tempo de Sócrates.

É a isto que eu chamo de oportunismo e carreirismo.

Como é que podemos acreditar nas ideias que  uma pessoa destas defende em relação  ao sistema partidário português?

E já agora, devo dizer que não acredito em “partidos puros” porque os partidos são sempre o reflexo da sociedade em que se inserem. A defesa dos partidos puros já mostrou o seu resultado na história, basta olhar para os anos 30 e 40 do século passado.

Mas, quanto a mim, o mais grave das afirmações de Júdice está nas opções que ele defende para alterar o sistema partidário: o “golpe de estado ou a revolução”.

O termo “revolução” recordo aqui, não é propriedade das esquerdas. Mussolini ou Hitler consideravam-se revolucionários e até o nosso Salazar comemorava todos os anos o aniversário da “Revolução Nacional” iniciada com o golpe de estado do 28 de Maios.

É quando Júdice defende a criação de partidos puros através de um golpe de Estado e de uma Revolução que o identifico com o seu passado de extrema-direita.

Basta ler a propaganda dos regimes autoritários, fascistas e nazis dos anos 30 para encontrar o mesmo tipo de argumentos.

O respeito que nutro por Maria Laura levou-me a inserir este esclarecimento, esperando que não me leve a mal.

2 comentários:

Anónimo disse...






























Amigo Venerando, Obrigada por me ter respondido.
Apesar de pobrezinha, fui dos primeiros a adquirir os livros que me
recomenda, verdadeiros documentos.

Não olho para coisa alguma a preto e branco, e as definições, como
as etiquetas, nem sempre me satisfazem. Lembro aqui o que Miguel Torga
deixou escrito, alguns sonham a vida que outros irão colher. Tive a honra de o ter
como amigo e atento conversador sobre estas e outras coisas. E também tive
o gosto de poder trocar ideias, mais ou menos complexas, na companhia de
pessoas que de mim não sabiam nada, e vice-versa. Sendo eu uma aluna eterna,
sempre alguma coisa vou aprendendo. Os filósofos de todas as revoluções,
por exemplo, ainda hoje são tidos em consideração, independentemente do caminho
que veio a ser o seu êxito, fracasso ou apenas caminho, como prefiro dizer.

A consideração é recíproca. Abraço da Maria Laura




























Venerando António Aspra de Matos disse...

Um abraço e desejo que me continue a seguir e a comentar, discordando ou não. É isso a amizade.
Venerando