Quem acreditava que agora é que a União Europa encarrilava
pelo eixo da igualdade de tratamento dos seus membros e regressava á
solidariedade que esteve na base do êxito da sua construção, perdeu ontem todas
as ilusões, após as cínicas afirmações do sinistro ministro das finanças
alemão, que “desaconselhou” Portugal de recorrer às vantajosas condições
recentemente negociadas com a Grécia, afirmando, como um cínico e sinistro
aviso para os seus empregados no eurogrupo e em Portugal: “eu não gostaria de
ser comparado com a Grécia”.
Os empregados apressaram-se, para agradar ao seu senhor, a
desmentir o que tinham dito dias antes.
O mais patético dos desmentidos foi proferido pelo
presidente do eurogrupo, Jean-Claude
Juncker. Este, tendo declarado dias atrás, que os países, como Portugal e a
Irlanda, iam beneficiar das mesmas regras que tinham sido decididas para a
Grécia, no sentido de atenuar os efeitos da austeridade, vem agora
desculpar-se, perante o “puxão de orelhas” que lhe deu o ministro alemão, que
as suas palavras foram mal interpretadas, e que terá respondido daquela maneira
porque foi “surpreendido” por jornalistas portugueses “num canto escuro” e em
“condições desconfortáveis”, tendo “percebido mal a pergunta porque nem sequer
a ouvi”!!!.
Também o olheirento
Gaspar se apressou a desmentir o que
tinha dito no parlamento português dias antes, na sequência das afirmações de
Juncker, tendo então dado sinais que pretendia aproveitar as condições mais
favoráveis para Portugal abertas por essas afirmações.
Tal como aquele aluno lambe botas, sempre preocupado em
agradar a todo o custo ao professor, Gaspar já veio declarar que também as suas
afirmações no Parlamento tinham sido “descontextualizadas de forma pouco
cuidada” e tinham sido um mal entendido.
Se os portugueses ainda acreditaram que era desta que o
nosso governo ia bater o pé junto das instituições europeias para salvar o país
do desastre para onde as medidas de austeridade nos estão a conduzir, terão
agora perdido todas as ilusões.
O único objectivo deste governo é executar sem pestanejar as
ordens da Alemanha, que vão conduzir-nos inevitavelmente para a situação da
Grécia, e, pelo caminho, aproveitar a desgraça para empobrecer o país,
desvalorizar o trabalho e destruir direitos socias.
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