O cinismo de José Sócrates, em relação aos professores, não tem limites.
Ao ser confrontado com a estranha rapidez com que os índices do insucesso escolar caíram em Portugal, o primeiro-ministro, ladeado pela srª ministra da educação, declarou que quem disser que os “bons resultados” se devem ao facilitismo das medidas tomadas, “está a insultar os professores”.
Só que, se há de facto facilitismo, como o comprovam várias associações de professores e os próprios profissionais no terreno, ele deve-se a três situações:
- aos programas escolares, cada vez mais reduzidos ao mínimo denominador comum, no que respeita aos conteúdos, elaborados pelo ministério, sem consultar os professores;
- aos exames, elaborados num gabinete do ministério criado para esse efeito, feitos a pensar nas estatísticas, mais uma vez sem ouvir ou consultar os professores envolvidos com turmas em anos de exame;
- às dificuldades burocráticas criadas a quem considere necessário a “retenção” de algum aluno.
Com aquela frase, Sócrates insinua indirectamente que, se se comprovar o dito facilitismo, tal se deve aos professores, uma frase habilidosa que inverte o ónus do descalabro que tal facilitismo e a respectiva política educativa, elaborada para as estatísticas, para a propaganda e para a demagogia, irão provocar a prazo, nos resultados qualitativos da educação portuguesa.
Pode ser que engane muitos eleitores. Espero que não engane os próprios professores.
Coragem, que só falta um mês para nos vermos livres desta gente.
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