Foi com algum sacrifício pessoal que fiz questão de ontem, pela segunda vez, me deslocar a Lisboa para participar na manifestação de professores.
Confesso que, quando da convocatória para esta segunda manifestação, receei pelo fracasso da mesma, comparativamente com a de 8 de Março, por três razões: algum desânimo perante a forma como os sindicatos se apressaram a negociar com o governo; o facto de existirem convocatórias para duas manifestações em dias diferentes, revelando alguma divisão na classe; a dificuldade que seria voltar a juntar tantos professores, como no dia 8 de Março, por ser uma classe historicamente dividida e que raramente encontra pontos de união.
Estava enganado.
Esta manifestação foi ainda maior que a anterior, houve um clima muito mais combativo e determinado nos seus objectivos.
Foi arrepiante aquele minuto de silêncio pelo ensino em Portugal e a forma como se cantou a “portuguesa”.
Mas ainda mais arrepiante foi a forma com a Snrª Ministra reagiu a este acontecimento, mostrando a razão daqueles que gritaram pela sua demissão.
O seu autismo, perante o descontentamento da classe, os seus argumentos anti-democráticos contra esta manifestação e a tentativa de virar os professores uns como os outros, revela uma personalidade arrogante, autoritária e intolerante, tudo o contrário dos valores que, na educação, devem ser transmitidos, situação tanto mais grave pelo facto do ministério por si titulado ser o da Educação.
Já agora pergunto: será que 120.000 professores, dando de barato que os outros 20.000 que faltaram à manifestação apoiam a Srª Ministra, o que não é verdade, estão todos enganados, estão ao serviço de inconfessados interesses político-partidários e vivem manipulados pelos sindicatos?
Será que aqueles que estão diariamente no terreno, enfrentando os abusos emanados do seu gabinete, decifrando uma abusiva bateria de legislação, muitas vezes incongruente, afogados em papelada burocrática, perdendo tempo em intermináveis reuniões para descodificar tudo isso, têm menos razão que a srª ministra?
A bem do ensino é tempo de pedir ao sr. Primeiro Ministro que ponha cobro à forma abusiva como este ministério tem tratado os professores deste país.
Venerando Aspra de Matos
1 comentário:
Também lá estive! E foi empolgante!
Sobre a Ministra, tentei fazer uma reflexão no "Ao Rodar do Tempo". Porque também me impressiona a cegueira dela... Mas não é só ela, como bem sabes...
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