Obama venceu.
Ouvindo os comentadores do costume, seguindo alguns noticiários e jornais, até parece que toda a gente venceu estas eleições, mesmo os políticos e jornalistas que passaram a vida a justificar ou colaborar com as políticas de Bush.
De facto, nestas eleições, houve vencidos e vencedores, mesmo que alguns vencidos pareçam agora vencedores.
Vencedor, antes de mais, e mesmo antes de o ser, o próprio Obama. Conseguiu chegar onde chegou num país onde a cor da pele ainda conta (vejam os resultados nos Estados do Sul !), lutando inicialmente contra o próprio aparelho do partido, e mobilizando milhões de pessoas que nunca se tinham interessado pela política.
Vencedora a própria América, que se livrou da imagem anti-democrática criada nas anteriores trapalhadas eleitorais e nos fraudulentos processos eleitorais que levaram Bush ao poder, recuperando a sua imagem de líder político do mundo ocidental.
Vencedores os cidadãos do mundo, que não podendo eleger o presidente dos Estados Unidos, puderam viver com entusiasmo a chegada ao poder de alguém com carisma para impor uma nova era de paz, prosperidade e justiça.
Venceu, apesar de parecer derrotado, o presidente Sarkozy, que ganha um novo aliado para a reforma pragmática do capitalismo selvagem que nos dominou nos últimos 20 anos.
Venceu, apesar de derrotado, MacCain, que mostrou grande dignidade na derrota e que ainda existem republicanos decentes.
Venceu o presidente Lula da Silva que encontra um aliado na esquerda moderada para se impor como exemplo para a América Latina.
Venceu Zapatero, que luta contra a última vingança de Bush, que quer impedir a Espanha de ter o papel internacional que merece e lhe é devido
Venceram os Europeus, os Africanos e os Sul Americanos (talvez não tanto os Asiáticos), que encontram finalmente um interlocutor válido para enfrentar a instabilidade político-económica em que vivemos.
Venceram judeus e palestinianos, que podem começar a ver uma luz no fundo do túnel, no caminho da reconciliação que só será possível com a colaboração norte-americana.
Venceu a esquerda mundial, ao ganhar um novo ídolo, capaz de a mobilizar na verdadeira mudança.
Mas também houve vencidos.
Antes de mais o presidente Bush, que saí directamente da Casa Branca para o caixote do lixo da história.
Vencido, embora dando-se ares de vencedores e de que estão ao lado da onda de Obama, todos aqueles que ao longo dos anos andaram de mãos dadas com Bush: Durão Barroso, Aznar, Tony Blair, Berluconi...
E por cá os vencidos são: José Sócrates, representante máximo local das políticas neo-liberais que agora começam a ser enterradas, apesar de procurar disfarçar, com a habilidade que lhe é conhecida; uma seita de comentadores políticos que passaram a vida a defender a política de Bush e as políticas locais do Sócrates.
Mas tudo isto pode ser apenas uma ilusão, e a América voltar ao que era antes, por força dos lobbies poderosos do armamento, do petróleo e das finanças.
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