Amanhã, os professores portugueses vão ter uma das suas últimas oportunidades para manifestar o seu descontentamento em relação à forma como têm sido tratados por este governo..
Antecipando-me desde já as bocas que se esperam, por estes dias, de gente como o Emídio Rangel ou o Miguel Sousa Tavares, transcrevo um texto que escrevi há pouco mais de um ano (30 de Setembro de 2007) num blogue, entretanto extinto, intitulado, exactamente, "Ódio de Estimação":
Desde há dois anos que ganhei um ódio de estimação ao Miguel Sousa Tavares [MST].
Até então era leitor assíduo e entusiasta da sua coluna de 6ª Feira no PÚBLICO, tendo sido anteriormente um entusiasta leitor da Grande Reportagem por ele dirigida.
Tudo mudou quando MST se deixou cair de amores pela Ministra da Educação do governo Sócrates e passou a aproveitar o espaço que dispunha, na imprensa de referência e na televisão, para descarregar todo o seu fel contra os professores e a sua profissão.
Desconheço as razões pessoais para tal campanha, mas desgostou-me o método usado, recorrendo à meia-verdade, a generalizações abusivas e mesmo a mentiras, reveladoras de uma grande dose de ignorância sobre o assunto.
MST, que foi em tempos um dos nossos jornalistas de referência, tornou-se relaxado, preguiçoso, irritante e descuidado, vivendo à sombra de louros passados.
Sobre os professores, já disse que eles trabalhavam poucos dias por ano, fazendo apenas contas aos horários lectivos e às interrupções lectivas, esquecendo-se que o trabalho que conta não é apenas o que é feito na sala de aula.
Seria o mesmo que comparar o trabalho jornalístico de MST com base no tempo que se leva a ler uma crónica sua, se bem que, ultimamente, o seu trabalho se revele cada vez mais descuidado e irreflectido, com recurso ao mero senso comum.
Assim não custa muito ganhar a vida [e já não me refiro ao "trabalho" das terças-feiras na TVI !!!].
Recorrendo às habilidosas manipulações estatísticas de alguns "economistas de referência", tão do agrado da Snrª Ministra da Educação, o sr. MST também já disse que os professores eram os mais bem pagos da Europa [!!!], para justificar as duras medidas de contenção da Srª Ministra.
O jornalista MST devia, para não desvirtuar o seu passado profissional, informar-se mais, não se deixando levar por tão grosseiras manipulações estatísticas. Só fica mal à sua reconhecida inteligência.
Mas não se fica por aqui a ofensiva de MST contra os professores.
Há mais de um ano, naquela que foi talvez a mais infeliz das suas crónicas, iniciava a sua colaboração no Expresso com um conjunto de vergonhosas mentiras e manipulações, generalizando uma situação pontual sucedida com um dos seus filhos para exagerar as razões das faltas dos professores.
Neste caso até conseguiu ir mais longe do que a bem oleada central de propaganda do governo que, ao descer à realidade, não conseguiu provar estatisticamente que o absentismo docente era pior que o absentismo da maior parte das profissões.
Ainda por cima MST aproveitou-se da situação pessoal dramática de um professor do seu filho para tentar levar a água ao seu moinho.
Ainda no mesmo artigo, lançou uma das mais descaradas e desmascaráveis mentiras ao afirmar, referindo-se aos professores do ensino secundário, que estes não aceitavam as novas condições de reforma propostas pelo governo porque não se queriam reformar com mais de 35 anos (sic) de trabalho. MENTIRA ! De facto, antes das actuais mudanças nas reformas, um professor desse nível de ensino só se podia reformar-se com... 36 anos de trabalho. Com as novas medidas a idade da reforma só se concretizará, para a maior parte dos professores, com 40 ou mais anos de trabalho.
Muitas outras mentiras e meias verdades foram exploradas nesse vergonhoso artigo.
Ainda sobre este tema, anteriormente, ainda no Público, MST mostrava-se indignado com as condições anteriores da reforma dos professores, perguntando o que é que estes eram mais do que os mineiros que não tinham as mesmas condições de reforma. Mais uma vez o cada vez menos jornalista MST estava mal informado ou a mentir descaradamente. Os mineiros já gozavam, merecidamente, de um sistema de reforma especial, e recentemente discutia-se se, nas novas condições da reforma, esses profissionais manteriam ou não essas condições.
Desde algum tempo a esta parte MST deixou de falar tanto nos professores, mas todas as ocasiões servem para umas alfinetadas de um ou dois parágrafos, como daquela vez em que afirmava, provavelmente com base nos grandes estudos do Ministério da Educação e do Medina Carreira, que os bons professores eram os que não estavam sindicalizados e todos os sindicalizados eram maus professores.
Que conhecimentos tão profundos possui o especialista de quase tudo em que se tornou o jornalista MST ...!Mais recentemente, no Expresso de 29 de Setembro de 2007, volta a namorar a Srª Ministra, defendendo o sistema de avaliação dos professores, ainda em processo de negociação, baseado em critérios tão pouco objectivos como o resultado dos alunos e o abandono escolar.
Só quem não conhece a realidade escolar é que acredita na "justiça" de tais critérios.
Tanta ignorância, má-fé e mentira por parte de MST, abona muito pouco a favor do seu profissionalismo.
Que pena os responsáveis do Expresso ou da TVI não adoptarem os mesmos critérios de avaliação que ele defende para os professores.
Provavelmente seria despedido com justa causa.
Venerando Aspra de Matos
Sem comentários:
Enviar um comentário