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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Não nos deixemos iludir

A ministra não recuou, apenas procurou adiar um problema, atirando areia para os olhos da opinião pública.
Não é estranho que, até ontem, para a ministra, não havia um único problema com este modelo de avaliação e, de repente, existam tantos problemas a resolver? Só agora é que a senhora ministra descobriu esses problemas?
Mas atenção, a sr.ª ministra pretende apenas ganhar espaço de manobra com este aparente recuo. Em primeiro lugar, as mudanças que agora anuncia , só poderão ter carácter efectivo mudando a lei, senão não passam de um adiar dos problemas deste modelo de avaliação.
Aliás, nas entrelinhas, na entrevista que deu à jornalista Judite de Sousa, ela acabou por confessar que tudo voltaria à mesma, assim que "houvesse condições nas escolas". Depois ameaçou veladamente responsabilizar os presidentes dos conselho executivos pela suspensão da avaliação nas escolas.
Vamos ser claros: os professores querem ser avaliados, mas não por este modelo, que é o mais complicado da Europa, como a srª ministra também acabou hoje por reconhecer na entrevista, dando uma desculpa esfarrapada para o justificar.
Mas os problemas na escola não passam apenas por este modelo de avaliação. Os problemas começaram logo quando esta ministra, no início deste processo, afirmou, sem se engasgar ou sem pedir desculpas a ninguém, que "podia perder os professores, mas ganhava a população". Esta frase é bem o símbolo de toda a política seguida por este ministério e, é bom recordá-lo, com o aval entusiástico do primeiro-ministro.
A partir daí toda a sua acção visou denegrir a imagem dos professores, fazendo destes "bodes expiatórios" de todos o males do país, sendo nisso ajudada por um núcleo duro de jornalistas, comentadores e economistas, jogando com manipulações estatísticas.
Hoje a ministra pode vir numa de "falinhas mansas", mas nenhum professor pode acreditar na sua boa-fé.
Algumas das ideias que estiveram na base das suas políticas até podiam ser interessantes : aulas de substituição; escola a tempo inteiro; maior responsabilização dos professores no trabalho da escola; aulas de apoio; aposta no ensino da matemática e do português; uma avaliação mais justa dos professores. Mas nenhuma destas medidas podia ter sido tomada à custa da dignidade dos professores, à custa de uma sobrecarga de trabalho ou sem ouvir os professores.
O estilo desta ministra e dos respectivos secretário de estado vai contribuir para, a prazo, o que vai acabar por acontecer é deitar-se fora a água do banho com a criança lá dentro.
Se alguém quiser salvar alguma coisa, não é com esta equipa, e terá de ouvir e contar com os professores

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