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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O Cartoon da Semana


15 anos de Inimigo Público

Completahoje 15 anos a edição do suplemento humorístico semanal editado pelo jornal "Público".

O humor politico é uma das características mais marcantes da história da Imprensa Portuguesa desde o século XIX, tendo Rafael Bordalo Pinheiro com "pai" fundador.

Essa característica tem sido mantida muito graças a esse excelente suplemento jornalístico.

Hoje, no tempo das "fake news" é por vezes difícil separar o que é verdadeiro do que é falso e este suplemento muito tem contribuído para desmistificar esta realidade.

Confesso que, muitas vezes, quando passo das páginas do "Inimigo Público" para as páginas "sérias" levo algum tempo a perceber que o absurdo de muitas situações que leio já não fazem parte daquelas páginas.

Esperamos que o "Inimigo Público" continue a desmistificar, com o humor corrosivo e inteligente que o caracteriza, situações da nossa realidade. Temas não faltam.

LONGA VIDA AOS "CAMARADAS" DO "INIMIGO PÚBLICO.!

Pelo Vale do Sizandro, a nascente de Torres Vedras

Ver AQUI reportagem fotográfica sobre a caminhada pelo vale do rio Sizandro.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Serralves e João Ribas – “15 minutos” de fama ou “Performance”?...

João Ribas recebendo as palmas do publico, ao inaugurar a exposição que, um dia depois, acusou de ter sido censurada!!! (Fotografia de António Lagarto, Público
A FORMA E A LUZ: João Ribas – “15 minutos” de fama ou “Performance”?...: (clicar para ler).

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A euforia dos banqueiros pelos preços “internacionais” e...os nossos salários “nacionais”




Há dias o Governador do Banco de Portugal alertou para o clima de “euforia” no mercado imobiliário, com os preços sempre a subir, mas os banqueiros,reunidos numa conferência organizada pelo “jornal de Negócios”, acham que estátudo normal.

Pudera. Se alguma coisa correr mal cá estão os portugueses para pagar com subida de impostos, cortes nos salários e nas pensões, precariedade e desemprego, e corte nos direitos sociais… (Passos Coelho só está aí à espera de uma oportunidade para os voltar a servir!).

Como todos sabemos, por experiência recente, os banqueiros pouco sofrem com a crise, podendo continuar a auferir dos seus chorudos rendimentos…cá estaremos para pagar!

A desfaçatez de um desses banqueiros chegou ao ponto de justificar e legitimar as subidas de preços em Lisboa e nas grandes cidades do país com a “internacionalização” irreversível do sector.

Para ele os preços altos das rendas e vendas de casa no Porto e Lisboa devem-se ao facto de estas cidades já não dependerem dos “mercados” nacionais mas, de forma irreversível dos “mercados internacionais”.

É pena que os salários e as pensões dos portugueses também não se “internacionalizem”.

Falem a esses senhores da subida do salário mínimo e logo os ouvirão referir os “riscos” financeiros de subir um salário miserabilíssimo de 600 euros para um miserável de 650 euros…

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

José Sócrates e Passos Coelho: “destinos” diferentes, mas a “mesma” luta!!



Um dia, quando se escrever a História do país no primeiro quartel do nosso Século, os anos de governação de José Sócrates(2005-2011) e de Passos Coelho (2011-2015) serão recordados como um dos períodos mais negros da democracia portuguesa.

Ambos, de forma diferente, com estilos e politicas diferentes, demonstraram a mais elementar falta de respeito para com as instituições e para com os cidadãos portugueses.

Nunca antes, pelo menos em democracia, os portugueses conheceram um tão longo período de retrocesso social e económico.

Felizmente, pelo menos por agora, estamos livres da influência politica de tão aberrantes personalidades, o primeiro a braços com a justiça e o segundo lutando por não cair no esquecimento.

Quando já nos estávamos a habituar ao silêncio de tão aberrantes personalidades politicas, eis, senão quando, com um intervalo de 24 horas, ambas dão prova de vida, opinando sobre o mesmo assunto, a nomeação da nova Procuradora Geral da República.

Embora as suas opiniões fossem em sentido contrário uma da outra, ambas vão no sentido de desacredita aquela instituição, fundamental no quadro constitucional e democrático português.

Opinando em sentido contrário, ambos usam argumentos que legitimam o mais reles populismo quanto à forma de julgar as instituições e o seu funcionamento.

Os argumentos usados por ambos, embora de  sentido contrário, recorrem a um estilo arruaceiro, que faz “escola” nas redes sociais e na propagação das “fake news” que tão bem serve o mais primário populismo antidemocrático.

Para Sócrates, a forma como a justiça descobriu e desmontou as aldrabices em que se envolveu e tanto custaram aos portugueses, não passou de uma cabala promovida pela anterior PGR, Joana Marques Vidal.

Tal ataque só contribui para lançar todo o tipo de suspeitas sobre a substituição dessa PGR, dando argumentos à direita, que tanto tem usado e abusado da politização de tal substituição.

Para Passos Coelho, a substituição de Joana Marques Vidal é uma cabala, de sentido contrário, levada a cabo para acabar com o trabalho desta procuradora na luta contra a corrupção.

Esquecesse-se Coelho da forma como foi poupado, durante o mandato desta procuradora, no caso, agora arquivado, da “Tecnoforma”, ou foi poupado o seu braço direito no caso dos “submarinos” e “panduro”!!!.

Os dois arruaceiros políticos deviam ter vergonha na cara e lembrarem-se que, em democracia, não existem homens ou mulheres providenciais e que o trabalho do PGR não é um trabalho isolado ou individual, mas levado a cabo por toda uma instituição.

Ambos, com as suas arruaças, embora de sentido contrário, prestam um grande contributo para tentar desacreditar uma instituição, já de si sob suspeita, pilar fundamental de um regime democrático, que é a Justiça.

Talvez fosse bom recordar a esses políticos que, em comum, têm um de estilo arruaceiro, que a nova PGR é uma pessoa de confiança pessoal de Joana Marques Vidal e continua a ter consigo uma vasta equipa de investigadores que, com certeza, vão continuar a combater a corrupção, principalmente aquela que envolve altas figuras politicas.

Talvez seja isto que incomoda tão aberrantes políticos!

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

“Solidariedade Flexível”, a nova “causa” dos líderes Europeus.



Sem acordo sobre “o que fazer” em relação aos refugiados que fogem das guerras e da miséria, os lideres europeus encontraram um novo eufemismo para disfarçara as divergências : “Solidariedade Flexível”.

À boa maneira da linguagem “lilicaneçiana”, o caquético Jean-Claude Junker resumiu o conceito nos seguintes termos: “Há países que aceitam refugiados e há países que não querem receber refugiados” (!!!!).

A “Solidariedade Flexível” passa  por certos países (principalmente os “iEuropeus” e “iliberais” países do Grupo de Visagardo (Hungria, Polónia, república Checa e Eslováquia), aos quais se juntou a Itália), pagarem para manterem as suas fronteiras fechadas aos emigrantes.

Será bom recordar que todo este drama da emigração foi provocada por atitudes erradas, quer do ponto de vista militar, quer do ponto de vista económico, tomadas pela Europa, ao longo de séculos, mas que se acentuou nas últimas décadas, que geraram as guerras e a miséria da  qual essas população fogem.

É de enaltecer, contudo, a posição do primeiro ministro do Luxemburgo sobre aquele desumano disparate  que renega os tão propagados “valores europeus”, apenas secundado por Macron.

Indignado, Xavier Bettel, afirmou: “Sei que agora se discute a possibilidade de pagar pela solidariedade (...), mas esta não é uma questão de mercado. Estamos a falar de pessoas, não de tapetes. Quando começamos a discutir o preço do migrante, é uma vergonha para todos nós”.

Quando os líderes da União Europeia cedem à chantagem da extrema-direita “populista” (eu usaria o termo correcto: “fascista”, mas isso sou eu a divagar!!!...) então é caso para se dizer que está o caminho aberto para a legitimação e crescimento dessa mesma extrema-direita…

O “medo” e a cedência é o  caminho mais rápido para levar o “populismo”  e a sua retórica ao poder na Europa, basta olhar para a História, assunto que não é do interesse dos lideres Europeus que só veem cifrões!!

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A Arte popular "politicamente incorrecta" dos moliceiros de Aveiro

A FORMA E A LUZ: A Arte popular "politicamente incorrecta" dos moliceiros de Aveiro...: Os barcos moliceiros que navegam nos canais de Aveiro, hoje ao serviço dos passeios turísticos, caracterizam-se pelas decorações "naif" da sua proa (Ver, clicando em cima)

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A Pobreza que produz (cada vez mais) Ricos



“Este crescimento [da União Europeia] não produz riqueza, mas ricos”.

A afirmação é de Sérgio Aires, presidente, desde 2012, da Rede Europeia Anti pobreza numa entrevista ao jornal “Público” (AQUI).

Tendo exercido o cargo voluntariamente, vai agora deixá-lo, revelando nessa entrevista uma enorme desilusão com a forma como a questão da pobreza tem sido encarada pelos burocratas de Bruxelas:

“A pobreza é um problema global.

“As causas da pobreza em Portugal, por exemplo, moram em muitos sítios (…).Mas nenhum Estado-membro [da União Europeia] consegue fazer isso [combater a pobreza] sozinho, sem tomar medidas que vão contra acordos europeus. O pilar [Pilar Europeu dos Direitos Socias, apresentado pela Comissão Europeia [!!!] e subscrito por todos os Estados [!!!!]] pede reforço dos direitos sociais para contrabalançar o desequilíbrio que a economia produziu.

“(…) Se [um país como Portugal, ou outro] diz que vai aumentar o salário mínimo, leva logo um puxão de orelhas. Imagine-se que resolve fazer coisas como reduzir o horário de trabalho ou promover programas específicos de combate à pobreza infantil… É uma grande ironia que se peça, no âmbito do pilar, investimento social aos países e se continue a insistir que o mais importante é cumprir as regras do pacto de estabilidade…”.

Sérgio Aires não pode ser acusado de ser um eurocéptico, até porque considera que, fora do quadro comunitário, o combate à pobreza ainda era mais complicado e a situação muito pior, mas avisa que “a pobreza e a desigualdade” na União Europeia “vão fazer explodir os paióis”.

Refere-se, concretamente, à forma como a extrema-direita populista tenta (e aqui é minha a interpretação) misturar o problema da emigração e dos refugiados com a pobreza dos cidadãos europeus e aproveitar-se da própria ambiguidade dos líderes europeus, que legitimaram o discurso da extrema-direita com a forma como impuseram uma austeridade que apenas aumentou a pobreza dos cidadãos para salvar os mais ricos, ao mesmo tempo que tentaram destruir direitos socias, substituindo-os por uma prática meramente caritativa.

Os “paióis” podem explodir já nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, prevendo-se que a extrema direita populista se torne maioritária, o que seria um desastre para o verdadeiro combate à pobreza e para o futuro da União Europeia.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O que os conservadores da Igreja podiam aprender com o fim da União Soviética


Nos últimos meses acentuou-se o ataque da ala conservadora da Igreja contra o Papa Francisco (Conservadores ao ataque ).

Na liderança desse movimento está o bispo norte-americano Carlo Maria Viganò, em aliança estratégica com o movimento Tea Party e o líder ideológico da extrema-direita norte-americana, Steve Bannon, que estiveram por detrás da vitória de Trump, sem esquecer o histórico reacionário Cardeal Raymond Burke (Quem são os inimigos do papa. Leia-se também do El País de Agosto, edição brasileira, publicado em Agosto último AQUI).

Seria bom, para além do simples bom senso, que esses conservadores, que querem “salvar”  a Igeja da abertura levada à prática pelo Papa Francisco, na continuação da obra iniciada na década 1950 por João XXIII, aprendessem alguma coisa com a História.

O Comunismo, a mais forte ideologia que  “concorreu” com a Igreja no século XX, na tentativa de cativar a “alma” e a “fé” dos deserdados, e que se revelou o maior logro do século passado, pela forma como os seus valores se afastaram da realidade imposta a ferro e fogo por legiões de burocratas, sem esquecer os crimes associados, conheceu, no final desse século, uma tentativa de renovação e abertura iniciada quando Gorbachev se tornou secretário Geral do PCUS, em Março de 1985.

Muitos viram em Gorbachev um sinal de esperança em renovar o comunismo, recuperando os valores em que essa ideologia se baseou, em defesa dos mais fracos e dos deserdados contra os crimes do capitalismo, tentando mostrar que era possível conciliar a liberdade e a democracia com a melhoria das condições sociais das populações.

Desde logo Gorbachev teve de enfrentar, dentro do seu próprio partido, a oposição dos burocratas bem instalados que não queriam deixar cair o poder que tinham construído à sua volta, mesmo que à custa de renegarem os princípios do socialismo e do comunismo que diziam defender.

Rapidamente começaram a conspirar contra Gorbachev  e a Perestroika (“reestruturação”) e a Glasnot (transparência) que ele defendia para a renovação do movimento comunista.

O ponto alto da conspiração dos “conservadores” foi o golpe de Estado de 19 e 21 de Agosto de 1991.

Como era obvio, o movimento de abertura iniciado por Gorbachev já não tinha retorno, pois as sementes de esperança já se tinham enraizado entre os povos de leste, e foram derrotados rapidamente.

O resultado da irresponsabilidade desses “conservadores” foi terem arrastado toda a ideologia socialista com eles, abrindo caminho à expansão do extremo oposto, a ideologia neoliberal, com as trágicas consequências que todos conhecemos e sentimos hoje na pele.

Os conservadores que agora tentam conspirar contra o Papa Francisco deviam aprender com esse acontecimento e perceberem que, ao tentarem destruir a obra de abertura deste papa, correm  o risco de arrastarem com eles toda a Igreja, destruindo todos os valores que dizem defender.

Os povos, tenham sido os que viviam sob domínio soviético ou sejam os que acreditam nos valores da Igreja, não abdicam facilmente da esperança de liberdade e renovação e  nunca perdoarão àqueles que os tentam enganar e retornar a uma visão conservadora da realidade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A OCDE e os Professores



Não tenho dúvidas sobre a qualidade técnica no tratamento da informação vinculada pelos relatórios da OCDE.

A minha dúvida começa quando vejo as interpretações que se fazem em relação a esses dados e quando os dados não estão correctos.

A comparação que se tem de fazer, no caso de Portugal, deve ser em relação à mesma situação profissional nos países da zona euro, que é com esses que nos devemos comparar (pois, se temos de cumprir os mesmos critérios de convergência e as mesmas regras financeiras, então também a comparação deve ser feita com a média geral da zona euro...).

Quando se compara o vencimento dos professores com a situação dos licenciados em Portugal, temos de ter em conta algumas situações.

A maior parte dos licenciados que trabalham fora da função pública (como advogados, gestores…jornalistas…) conseguem pagar menos impostos (eu ía dizer “fugir aos impostos”…mas não quero abusar) e por isso declaram menos rendimento do que aquele que é declarado pelos professores que, como qualquer funcionário público, paga mensalmente impostos, não recebendo mais do que 2/3 do vencimento oficial, pelo menos no topo da carreira.

Mas, para além das comparações absurdas exploradas pela imprensa portuguesa (também gostava de saber quanto ganha um director de jornal ou um comentador da televisão, mas nunca vi esses dados em lado nenhum..), fazendo o que se chama “torturar estatísticas” até elas darem o resultado pretendido (ou confirmar os nossos preconceitos políticos neoliberais…), os próprios dados referidos não batem certo com a realidade.

Quando deixei o ensino há uns três anos estava no topo da carreira, embora tivesse sido criado então um novo escalão (eu estava no 10º escalão de então, passei para o 9ª, ganhando o mesmo, e foi criado um novo 10º escalão, para onde ninguém trasitou, tornando-se um escalão fantasma, que, pelo que sei, continua a existir sem ninguém a “frequentá-lo”).

E é aqui que a falácia da interpretação dos dados do relatório da OCDE se confunde com a pura mentira.

Quando estava no antigo 10º escalão (actual 9º escalão) ganhava cerca de 43 mil euros por ano, dos quais recebi cerca de 29 mil, já que os impostos eram logo descontados no acto de entrega do vencimento (tenho os dados do IRS se for preciso comprovar).

Há ainda que lembrar que, nos anos da troika, houve um corte significativo do vencimento de base , nos subsídios de férias e natal  e um significativo aumento de imposto, pelo que, nos últimos anos que por lá andei, recebia menos de 25 mil euros por ano.

Não percebo onde é que a OCDE foi buscar os 56 400 euros que aquele estudo atribui como vencimento dos professores no topo da carreira em Portugal (contra a média de 51 mil na OCDE) e que justificam a afirmação de que estes ganham mais do que os outros licenciados e do que a média da OCDE no topo da carreira.

É pura mentira!!!

E mesmo que houvesse algum professor no novo 10º escalão, o rendimento bruto (sem descontar impostos) não chega aos 48 mil euros (fazendo as contas por alto!!!!!!).

Só por isso, o actual relatório da OCDE não merece crédito.

Alguém anda a recolher dados errados e a OCDE (e os jornalistas e comentadores portugueses) parece que acreditou neles…

Por cá esperava-se que os jornalistas  e comentadores, que ganham mais que os professores, fizessem, no mínimo, o seu trabalho de investigação.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A Festa do Livro do “Avante e o “caso” Luaty Beirão.



Segundo foi divulgado em Agosto pela SIC, o livro de Luaty Beirão, sobre a sua prisão em Angola, editado pela “Tinta da China”, teria sido excluído da lista de livros da tradicional Feira do Livro da Festa do “Avante”.

Os organizadores da “Festa” declararam na altura que os critérios de escolha de livros para a Feira não são da responsabilidade dessa organização mas da distribuidora responsável pela Feira que se realiza no recinto do evento.

Foi assim com alguma curiosidade que, este ano, percorremos o recinto da Feira do Livro da Festa do “Avante” procurando detectar duas coisas:

- Se a editora “tinta da China” tinha retirado os seus livros em protesto;

- Se existia um critério de censurar livros incómodos par o PCP e para os convidados internacionais.

Como documento fotograficamente em baixo, nada disso se observou:

Vários livros editados pela “Tinta da China” encontravam-se expostos, alguns até com destaque, nessa Feira.

Encontramos também muitas obras que chocam com a presumível “ortodoxia” da organização.
A biografia  de Pacheco Pereira sobre Álvaro Cunhal, biografia não oficial, estava em lugar de destaque, obra, aliás, editada pela “Tinta da China”.

Encontrámos ainda obras de autores críticos do comunismo, como Vargas Llosa ou do escritor Cubano, critico do regime, Leonardo Padura.

Em termos ideológicos, encontramos várias obras de autores não comunistas, críticos de todos os “totalitarismos”, como Hannah Arendt, ou autores de correntes esquerdistas, rivais do comunismo ou críticos do PCP (“Luar”, anarquismo, maoismo…).

Encontramos mesmo um livro de Jaime Nogueira Pinto.

Quanto ao argumento usado segundo o qual havia uma preocupação em não “incomodar” países ou comitivas convidadas, também ficou desmentido pelo facto de aí termos encontrado livros críticos, por exemplo, da Coreia do Norte (designada como “Gulag” no título de um dos livros), ou uma investigação sobre a corrupção do poder angolano.

Perante estes factos, o “Caso Luaty Beirão” não parece passar, ou de uma história mal contada, explorada politicamente contra a “Festa”, ou de um lamentável excesso de zelo de um qualquer funcionário mais ortodoxo da distribuidora, ou ambas as hipóteses.

Claro que, sendo esta uma festa partidária, dominavam em cerca de 1/3 as obras “oficias” do PCP, ou os autores próximos do partido.

Este ano o destaque era para José Saramago e o bicentenário de Karl Marx.

Duvido até que, numa festa do género organizada por qualquer outro partido português se encontrasse a diversidade ideológica que encontrámos nesta feira

As Fotos, tiradas na Feira do Livro da “Festa” do “Avante”, que revelamos em baixo, “falam” por si:













A "Festa" do Livro do "Avante"













Caricaturas de José Saramago na Festa do "Avante"