A propósito do horrendo ataque do Hamas e da resposta criminosa do exército Israelita, têm tido lugar, um pouco por todo o mundo, manifestações para todos os gostos.
Todas elas têm em comum o ódio
pelo adversário e o radicalismo de algumas mensagens.
Tenho todo o respeito pelas
vítimas do Holocausto e defendo o direito de os judeus terem uma pátria.
Infelizmente, os últimos
governos judeus de Israel cospem todos os dias na memória do Holocausto e no
respeito pelas suas vítimas, quando fazem aos palestinianos o mesmo que os
nazis fizeram, ou instigam ao ódio contra quem pensa de modo diferente.
Tenho respeito pela luta do
povo palestiniano, pelo seu direito de existir nas terras e nas casas dos seus
antepassados, e têm toda a razão em acusarem o poder Israelita de racista e
criminoso, no modo como os vem tratando há décadas.
Infelizmente, os que os dizem
representar, ou caíram na mais abjecta corrupção, como a autoridade
palestiniana, ou abraçarem a causa criminosa e terrorista do Hamas, conspurcando a memória dos que lutaram pelo direito da sua existência.
As comparações absurdas que se
veem por aí não ajudam à conciliação ou à resolução do problema.
Em primeiro lugar, a
comparação não deve ser entre o Hamas e Putin, mas entre o Hamas e os bandos
criminosos que pululam, desde 2014, na massacrada Ucrânia, como os bandos de
assassinos do Batalhão Azov ou do Grupo Wagner, entre outros.
Se devemos comparar o
criminoso Putin a alguém, é com o criminoso Netanyahu. As acções de ambos estão
listadas como crimes de guerra por organizações como a ONU e a Amnistia
Internacional, entre muitas outras. No Tribunal Penal Internacional está
pendente, desde 2014 (??) uma queixa contra os crimes de guerra do exército
israelita e do Hamas, embora só a Palestina seja subscritora da adesão a esse
tribunal, ao contrário de Israel (porque será?), assim como não a subscreveram
a Rússia, a Ucrânia e os Estados Unidos (porque será, também???). Aquele
tribunal foi célere a condenar Putin, mas arrasta-se na condenação ao Hamas e a
Netanyhau, mostrando que funciona com dois pesos e duas medidas
Em segundo lugar, comparar o
número de hospitais destruídos pela aviação israelita em Gaza com o número de
hospitais destruídos pela Rússia na Ucrânia , para desvalorizar os ataques
israelitas, com já vi por aí, é outra falácia. Estamos a comparar um país, como
a Ucrânia, um país de mais de 600 mil Km2, maior que toda a Península Ibérica,
o maior país da Europa depois da Rússia, com 40 milhões de habitantes, com a
Faixa de Gaza, com uma área equivalente a metade do Algarve, onde vivem 2
milhões de pessoas. Logo, em Gaza, o número de hospitais não é comparável com o
número de hospitais existentes num país como a Ucrânia. Logo, a destruição de
um hospital em Gaza equivale a dezenas de hospitais na Ucrânia.
Na guerra da Ucrânia, que dura
há quase dois anos, já foram mortos cerca de 10 mil civis, entre os quais mais
de 500 crianças. Nos bombardeamentos a Gaza, em menos de um mês, foram mortos
quase 5 mil civis, mais de 1000 dos quais são crianças (também já li e ouvi
justificações abjectas para este número, com a desculpa da população jovem de
Gaza!!!).
Quem condena, e bem, os crimes
de guerra da Rússia na Ucrânia, tem de condenar, com a mesma veemência, quer a
criminosa acção do Hamas, quer a continuada acção criminosa do exército
Israelita.
Aliás, existem muitas
interrogações sobre a acção do Hamas. Quem conhece a região, altamente vigiada,
onde um simples coelho, que passe uma vedação da fronteira Gaza para Israel, dá
logo alarme, interroga-se com foi possível que aquele ataque terrorista e
criminoso do Hamas pudesse ter sido possível, ainda por cima com a duração de
horas, sem que houvesse um simples alarme. Se tivermos em atenção que o
principal a beneficiar com essa acção foi o enfraquecido governo extremista de Netanyahu,
este tem muito que explicar, quando as coisas se acalmarem.
Por tudo isto, no meio das
muitas manifestações e contra - manifestações que se vão realizando por todo o
mundo, a favor ou contra Israel e a Palestina, a única manifestação justa, e na
qual eu me sentiria bem, seria aquela que juntasse judeus e palestinianos
condenando, ao mesmo tempo, os crimes do Hamas e os crimes do governo de
Netanyahu.
Infelizmente, neste mundo
polarizado e de cegueira colectiva, tal não vai ser possível.
Temo, como dizia Gandhi, vamos continuar na lógica do “olho por olho, dente por dente”, até ficarmos
todos cegos.
NOTA FINAL : uma palavra se solidariedade para com o Secretário Geral da ONU, António Guterres, pela sua coragem e pelo facto do ataque feroz a que foi sujeito pelo representante e pelo governo de Israel, envergonhando, mais uma vez, a memória das vítimas do Holocausto.
2 comentários:
Explique-nos porque um é horrendo e o outro é criminoso.
...ou vice.versa, de facto.
Não me vou dar ao trabalho de lhe voltar a responder enquanto não se identificar.
Passe um bom dia.
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