Quando a Rússia invadiu ilegal e criminosamente a Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022, a condenação por esse acto hediondo foi generalizada, e bem.
O problema é que esse dia, mais
do que um ponto de partida no conflito interno que existia na Ucrânia, desde o
golpe fascista (sim, fascista, sem aspas) do “Maiden”, em 2014, foi um ponto de
chegada de um período marcado pela perseguição mútua, muitas vezes com o
recurso a acções criminosas, como o célebre incêndio do sindicato em Odessa ("pró-russos" queimados vivos dentro da sede),
entre as populações ucranianas e as de origem russa, situação que foi o pretexto
para o ditador Putin ocupar a Crimeia e apoiar as milícias do Donbass.
A situação de pré-guerra civil
que se viveu na Ucrânia, entre 2014 e 2022, provocou cerca de 10 mil mortos de
ambos os lados, e permitiu o aparecimento e fortalecimento de milícias terroristas, de tipo
fascista, em ambos os lados da barricada, como o Batalhão Azov, o Grupo
Wagner ou os bandos de criminosos pró-russos do Donbass.
Ou seja, condenar a violação do
direito internacional e os actos criminosos das forças russas, desde a invasão, é
uma coisa, esquecer o que vinha de trás, é outra.
O problema é que, quem ousou
interrogar-se sobre o que se passava na Ucrânia antes daquela data, ou separe o
legitimo direito de defesa do povo ucraniano da situação no interior do próprio
poder ucraniano, que também recorre a crimes de guerra, embora em menor número
que os russos, e é dominado pela corrupção generalizada, é automaticamente rotulado
de pró-putin, uma falácia intelectualmente desoneste, mas que tem feito o seu
caminho.
O mesmo terrorismo intelectual,
falacioso e desonesto, está agora a fazer o seu caminho, a propósito da situação
palestiniana.
Também parece que, na Palestina,
os hediondos e horrorosos crimes agora perpetrados por esse bando terrorista
que domina a Faixa de Gaza, o Hamas, foi o início de tudo e foram os únicos
actos criminosos realizados naquele território.
Condenar os crimes do Hamas é uma
coisa. Pretender aproveitar-se da situação para fazer esquecer o papel dos
recentes governos de Israel no massacre e no desrespeito pelos direitos dos
Palestinianos é outra coisa totalmente diferente. Chama-se oportunismo político
e má-fé.
Também agora, quem queira
recordar o que está por detrás desta acção criminosa, que tem uma história de
mais de cem anos de conflitos nunca resolvidos, e na qual o recurso a massacres
e crimes de guerra de ambos os lados é prática comum, anda a ser enxovalhado como
“apoiante de terroristas”.
É caso para exclamar: …outra vez? Chega de intolerância e de terrorismo intelectual!
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