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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

…Outra vez???


Quando a Rússia invadiu ilegal e criminosamente a Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022, a condenação por esse acto hediondo foi generalizada, e bem.

O problema é que esse dia, mais do que um ponto de partida no conflito interno que existia na Ucrânia, desde o golpe fascista (sim, fascista, sem aspas) do “Maiden”, em 2014, foi um ponto de chegada de um período marcado pela perseguição mútua, muitas vezes com o recurso a acções criminosas, como o célebre incêndio do sindicato em Odessa ("pró-russos" queimados vivos dentro da sede), entre as populações ucranianas e as de origem russa, situação que foi o pretexto para o ditador Putin ocupar a Crimeia e apoiar as milícias do Donbass.

A situação de pré-guerra civil que se viveu na Ucrânia, entre 2014 e 2022, provocou cerca de 10 mil mortos de ambos os lados, e permitiu o aparecimento e fortalecimento de milícias terroristas, de tipo fascista, em ambos os lados da barricada, como o Batalhão Azov,  o Grupo Wagner ou os bandos de criminosos pró-russos do Donbass.

Ou seja, condenar a violação do direito internacional e os actos criminosos das forças russas, desde a invasão, é uma coisa, esquecer o que vinha de trás, é outra.

O problema é que, quem ousou interrogar-se sobre o que se passava na Ucrânia antes daquela data, ou separe o legitimo direito de defesa do povo ucraniano da situação no interior do próprio poder ucraniano, que também recorre a crimes de guerra, embora em menor número que os russos, e é dominado pela corrupção generalizada, é automaticamente rotulado de pró-putin, uma falácia intelectualmente desoneste, mas que tem feito o seu caminho.

O mesmo terrorismo intelectual, falacioso e desonesto, está agora a fazer o seu caminho, a propósito da situação palestiniana.

Também parece que, na Palestina, os hediondos e horrorosos crimes agora perpetrados por esse bando terrorista que domina a Faixa de Gaza, o Hamas, foi o início de tudo e foram os únicos actos criminosos realizados naquele território.

Condenar os crimes do Hamas é uma coisa. Pretender aproveitar-se da situação para fazer esquecer o papel dos recentes governos de Israel no massacre e no desrespeito pelos direitos dos Palestinianos é outra coisa totalmente diferente. Chama-se oportunismo político e má-fé.

Também agora, quem queira recordar o que está por detrás desta acção criminosa, que tem uma história de mais de cem anos de conflitos nunca resolvidos, e na qual o recurso a massacres e crimes de guerra de ambos os lados é prática comum, anda a ser enxovalhado como “apoiante de terroristas”.

É caso para exclamar: …outra vez? Chega de intolerância e de terrorismo intelectual!

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