Infelizmente é isso que se tem assistido como “arma” de combate contra
Putin, confundindo o ditador russo com o povo russo e a sua cultura.
Podemos perceber a raiva dos ucranianos, mas já não podemos perceber
que essa raiva seja alimentada, de forma disparatada, pelos seu líderes
políticos e, ainda menos, pelos aliados da causa ucraniana (alguns desses
“aliados” alimentaram a máquina de guerra russa, aceitaram chorudos negócios
como oligarcas russos e ainda beneficiam do gaz e do petróleo russo!!!)..
Ainda menos percebemos o alinhamento da União Europeia e das suas
lideranças com esse tipo de discurso e atitude.
Aliás, proibir cidadãos russos de se deslocarem ao “ocidente” é uma
forma de os manter sujeitos à propaganda de Putin. Saindo do país, mesmo que em
turismo, pelos contrário essa era uma oportunidade desses cidadãos ficarem a
conhecer outras versões do que se passa na Ucrânia, podendo divulga-las, quando
regressassem ao país, contribuindo para desacreditar a versão que Putin tenta
vender na sua comunicação social.
No caso português até temos um bom exemplo para “não ir na cantiga” da
perseguição de tudo o que é russo.
Nos anos 60 e início dos de 70 do século passado, o ditador português,
Salazar, incapaz de ver os sinais dos tempos ( e deles foi avisado por gente
que lhe era fiel, como Marcelo Caetano ou Adriano Moreira), foi incapaz de
resolver o problema colonial, envolvendo o país numa guerra sangrenta e
criminosa, condenada por grande parte da comunidade internacional, nomeadamente
na ONU.
Se a atitude dos países democráticos, que condenavam a Guerra
Ultramarina, fosse a mesma que hoje tomam em relação aos russos, os nossos
emigrantes, em França, na Alemanha, na Suíça, no Canadá, teriam sido
perseguidos e intimidados pelos governos, pela imprensa e pelos cidadãos desses
países, recordando que a maior parte dos emigrantes eram apolíticos e alguns
até apoiariam o regime de Salazar e a Guerra Colonial.
A diferença é que, nesses tempos, tínhamos o “ocidente” governado por
grandes líderes, que sabiam distinguir valores, e hoje ele é governado por
figuras liliputianas, incultas, apenas preocupadas com audiências televisivas e as "opiniões" nas redes sociais.
Não deixa também de ser curioso que, muitos dos que não se cansam, e
bem, de perorar contra atitudes
xenófobas, são os mesmos que argumentam, com a mesma veemência, defendendo
atitudes russófobas.
Percebe-se assim que a sua critica à xenofobia não passa de uma atitude
de puro oportunismo, para “parecer bem” e alinhar com o “politicamente
correcto”, mas, perante os russos, duplamente vítimas do ditador Putin e da
“perseguição” do “ocidente”, esses “líderes” , “pensadores” e “influenciadores”
quebram o verniz e são xenófobos como aqueles que criticam.
No fundo, no fundo, a russofobia é a xenofobia dos ditos “democratas”
ricos e “livres pensadores”.
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