Está em exibição, no cinema Ideal em Lisboa, um dos mais interessantes, mas também menos conhecidos filmes de Pier Polo Pasolini.
Estreado em Maio de 1966, quase há 60 anos, a preto e branco, é uma ternurenta reflexão sobre a vida, a humanidade, a história e a sociedade, entre pai e filho, acompanhados por um corvo falante, ao longo de uma caminhada pela "estrada fora".
Lembro-me da forma como este filme me marcou, ao vê-lo numa sessão do Festival da Figueira da Foz, na década de 70.
Nunca mais o voltei a rever, e, ao que parece, só agora o filme foi estreado numa sala de cinema em Portugal.
Já não me lembro muito bem da história, mas a humanidade das personagens e da sua história ficaram bem marcadas na minha memória.
Numa época dominada por tanta desumanidade, pela intolerância, pelo desrespeito pelas idéias contrárias e pela gritaria dominante na cloaca das redes socias, este é um filme que nos conforta e nos recorda que ainda há um lado humano a explorar.
Eis o resumo, transcrito da sinopse oficial do filme:
"Um conto alegórico estreado em Cannes e no qual brilha o
lendário Totò com um desempenho memorável. Enquanto se deslocam pela estrada
fora e através do tempo, com uma incursão à época de S. Francisco de Assis,
Totò e o seu filho (Ninetto Davoli) encontram um corvo falante (e intelectual
de esquerda) que os acompanha na digressão e vai comentando as peripécias que
se sucedem de uma forma que o torna insuportável, pelo que os nossos heróis
serão forçados a tomar uma medida drástica".
Sobre este mesmo filme, um dos menos conhecidos da sua cinematografia, escreveu Pasolini:
“é um
filme sobre o fim do neorrealismo, uma espécie de limbo, que provoca o fantasma
do neorrealismo, especialmente o princípio, acerca de dois personagens que
vivem a sua vida sem pensarem nela – isto é, dois heróis típicos do
neorrealismo, humildes, banais e ignorantes. Toda a primeira parte é uma
evocação do neorrealismo, embora um neorrealismo idealizado. Há outros bocados,
como o episódio dos palhaços, que pretendem deliberadamente evocar Fellini e
Rossellini.”
Este filme integra o ciclo "O Cinema segundo Pier Paolo Pasolini", que
celebra o 100º aniversário do nascimento desse realizador, organizado pleo cinema Ideal, perto do Largo de Camões, em Lisboa.
A não perder.
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