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terça-feira, 24 de julho de 2018

Um título ignóbil!



Pensava que tinha comprado o “Público”. Afinal comprei o “Correio da Manha” disfarçado do jornal “Público”.

Foi essa a impressão com que fiquei ao ler o título de primeira página da edição de ontem, confrontando-a com a entrevista no interior das suas páginas.

De facto, todo o título é um programa de desinformação e de aviltamento sobre uma classe profissional.

Ao ler a entrevista não vejo nela a intenção desse título, por parte do entrevistado.

Quem ler a primeira página fica com a idéia de um  Ministro das Finanças a tentar rebaixar uma classe profissional.

Ou seja, fica a idéia que o Ministro das Finanças procura desvalorizar os professores, recorrendo à velha atitude “passos-coelhista” de atirar classes profissionais umas como outras, confrontando os “privilégios” de uns com a situação da “maioria”.

Ao ler o título, a idéia que fica é a de os professores querem ser tratados como privilegiados, atitude à qual o Ministro das Finanças responde com um “Orçamento que é para todos os portugueses”.

E foi isto que esteve na origem de mais um dia de comentários para desacreditar toda uma classe profissional, motivando até a interrupção das férias algarvias de Miguel Sousa Tavares, que se deu ao “incómodo” de se deslocar aos estúdios em Faro da SIC para mais uma sessão de “malhação” no seu ódio de estimação, os professores, atitude que provavelmente já lhe pagou essas mesmas férias.

Contudo, quem ler a entrevista, percebe que aquele sentido que o Público pretende dar no título de primeira página não é, de todo, o sentido dado pelo Ministro na entrevista.

Percebe-se que a orientação da entrevista procura justificar aquele título, como se este já tivesse escrito antes da entrevista, e agora fosse necessário encontrar justificação para o mesmo.

Numa entrevista sobre o próximo Orçamento, as primeiras sete (7!!!) perguntas centram-se na questão da recuperação do tempo de serviço dos professores. A todas elas o Ministro responde com a sua conhecida cautela, remetendo para a abertura de negociações e respondendo, obviamente, com a idéia de um Orçamento que tem de ser pensado para o conjunto dos portugueses, mas sem negar a especificidade de cada situação.

Tanto assim foi que os jornalistas, não conseguindo justificar o título que parecia previamente escolhido, acabam por reconhecer que “Portanto, o tema dos professores não é determinante no quadro do OE?”, respondendo o Ministro que “O OE é um exercício complexo e para todos os portugueses (…). Ninguém iria entender que não fizéssemos exactamente isto , portanto, não gostaria de singularizar num só tópico”, preocupação que continua a ser manifestada quando mais à frente se fala de salários na Função Pública, aumento de pensões ou investimento no Serviço Nacional de Saúde.

Ou seja, não se percebe aquele título, a não ser numa tentativa desonesta e forçada de virar o público contra os professores.

Na lógica de manipulação de informação daquele título, este podia ser: “Médico? “O OE é para todos os portugueses”…ou “Pensionistas? “ O OE é para todos os portugueses”…ou “Funcionários Públicos? “O OE é para todos os portugueses”….e tudo o mais que a manipulação jornalística do ´Público” do Dinis quisesse imaginar…

Uma vergonha…

Leitor desde o primeiro número daquele jornal, tenho-me sentido cada vez mais defraudado desde que o jornal foi tomado pela gente o “Observador”, como o David Dinis e o Diogo Queirós de Andrade…felizmente estes vão deixar o jornal, esperando que o “Público” retome rapidamente a sua qualidade como jornal de referência e credível.

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