Pensava que tinha comprado o “Público”. Afinal comprei o “Correio da
Manha” disfarçado do jornal “Público”.
Foi essa a impressão com que fiquei ao ler o título de primeira página da edição de ontem,
confrontando-a com a entrevista no interior das suas páginas.
De facto, todo o título é um programa de desinformação e de aviltamento
sobre uma classe profissional.
Ao ler a entrevista não vejo nela a intenção desse título, por parte do
entrevistado.
Quem ler a primeira página fica com a idéia de um Ministro das Finanças a tentar rebaixar uma
classe profissional.
Ou seja, fica a idéia que o Ministro das Finanças procura desvalorizar
os professores, recorrendo à velha atitude “passos-coelhista” de atirar classes
profissionais umas como outras, confrontando os “privilégios” de uns com a
situação da “maioria”.
Ao ler o título, a idéia que fica é a de os professores querem ser
tratados como privilegiados, atitude à qual o Ministro das Finanças responde
com um “Orçamento que é para todos os portugueses”.
E foi isto que esteve na origem de mais um dia de comentários para
desacreditar toda uma classe profissional, motivando até a interrupção das
férias algarvias de Miguel Sousa Tavares, que se deu ao “incómodo” de se deslocar
aos estúdios em Faro da SIC para mais uma sessão de “malhação” no seu ódio de
estimação, os professores, atitude que provavelmente já lhe pagou essas mesmas
férias.
Contudo, quem ler a entrevista, percebe que aquele sentido que o
Público pretende dar no título de primeira página não é, de todo, o sentido
dado pelo Ministro na entrevista.
Percebe-se que a orientação da entrevista procura justificar aquele
título, como se este já tivesse escrito antes da entrevista, e agora fosse
necessário encontrar justificação para o mesmo.
Numa entrevista sobre o próximo Orçamento, as primeiras sete (7!!!)
perguntas centram-se na questão da recuperação do tempo de serviço dos
professores. A todas elas o Ministro responde com a sua conhecida cautela,
remetendo para a abertura de negociações e respondendo, obviamente, com a idéia
de um Orçamento que tem de ser pensado para o conjunto dos portugueses, mas sem
negar a especificidade de cada situação.
Tanto assim foi que os jornalistas, não conseguindo justificar o título
que parecia previamente escolhido, acabam por reconhecer que “Portanto, o tema
dos professores não é determinante no quadro do OE?”, respondendo o Ministro
que “O OE é um exercício complexo e para todos os portugueses (…). Ninguém iria
entender que não fizéssemos exactamente isto , portanto, não gostaria de
singularizar num só tópico”, preocupação que continua a ser manifestada quando
mais à frente se fala de salários na Função Pública, aumento de pensões ou
investimento no Serviço Nacional de Saúde.
Ou seja, não se percebe aquele título, a não ser numa tentativa
desonesta e forçada de virar o público contra os professores.
Na lógica de manipulação de informação daquele título, este podia ser: “Médico?
“O OE é para todos os portugueses”…ou “Pensionistas? “ O OE é para todos os
portugueses”…ou “Funcionários Públicos? “O OE é para todos os portugueses”….e
tudo o mais que a manipulação jornalística do ´Público” do Dinis quisesse
imaginar…
Uma vergonha…
Leitor desde o primeiro número daquele jornal, tenho-me sentido cada
vez mais defraudado desde que o jornal foi tomado pela gente o “Observador”,
como o David Dinis e o Diogo Queirós de Andrade…felizmente estes vão deixar o
jornal, esperando que o “Público” retome rapidamente a sua qualidade como
jornal de referência e credível.
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