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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Iniciar o ano a cavalgar a demagogia


O ano de 2017  foi um ano bipolar, onde se viveram momentos únicos, com grandes conquistas para Portugal em vários domínios, mas onde se revelou outra face menos abonatória, como a tragédia dos incêndios ou a ignóbil situação da Raríssima, só para recordar dois casos.

Foi também o ano em que, talvez para seguir a moda de Trump, a politica e o jornalismo se foi fazendo ao sabor da gritaria das redes sociais, revelando alguma desorientação entre governantes e oposição.

O último caso foi o da aprovação da “lei do financiamento dos partidos”, que trouxe ao de cima duas faces do pior que existe na politica e na comunicação social, o secretismo das decisões e a mais pura demagogia dos que a elas de opuseram.

E, como não podia deixar de ser, o Presidente da República acabou por tomar a única decisão lógica, que foi a de vetar essa lei, sem contudo se ter demarcado da onda demagógica que se tem gerado à volta desse facto.

Para mim, parece-me que a lei em si tem aspectos positivos, tendo em vista fiscalizar melhor as contas dos partidos. O problema foi a forma atabalhoada como tudo foi decidido.

Os partidos aprovaram a lei quase em segredo, talvez com receio da demagogia que essa medida ia provocar nas redes sociais, sem coragem para a enfrentar e denunciar.

Os que não a aprovaram, em especial o CDS, pelo contrário, procuraram navegar e alimentar a onda  demagógica que tal medida provocou.

Todos eles, apoiantes da lei e detractores, têm  agora uma oportunidade soberana para emendarem a mão e explicarem as virtualidades da lei, clarificando e emendando o que de menos claro ela contem.

A alternativa é o crescimento da demagogia populista anti partido e antidemocrática à qual o país tem escapado, mas dominante nas redes socias.

É um mau presságio para o inicio do ano.

...mesmo assim, Bom Ano para todos!


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