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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Venezuela : à fantochada “madurista” oposição responde com uma caricatura de referendo.



Nicólas Maduro, com a sua irresponsabilidade e a sua postura tragicamente caricatural,  tem vindo a desbaratar o pouco de “positivo” que herdou do chavismo e tem conduzido o país para um desfecho trágico e sangrento.

Mas o grande drama da Venezuela e do povo venezuelano é a falta de alternativa e de credibilidade na oposição.

Dominada por alguns arruaceiros, da mesma estripe de Maduro, tão caricatos ou ridículos como este, que têm recusado qualquer tentativa de resolução pacífica da grave situação venezuelana, como, por exemplo, a oferta que o Papa Francisco fez para mediar o conflito, têm beneficiado de alguma condescendência da comunicação social.

Aliás, que credibilidade pode merecer essa oposição, que entrou em desobediência civil em 2013, quando Capriles perdeu as eleições presidenciais para Maduro, com uma pequena diferença, de 500 mil votos, num universo de quase 20 milhões de eleitores, com o pretexto de  as considera fraudulentas e ilegítimas e, dois anos depois, ganhando as eleições para o parlamento com uma diferença de quase 2 milhões votos em relação ao partido de Maduro, eleições realizadas nas mesma condições que as anteriores, já considerou este resultado legítimo? Aceitamos a democracia conforme o resultado que nos convém? Neste e noutros aspectos essa oposição merece tanta credibilidade como as diatribes de Maduro!!!!

Uma das mais recentes atitudes caricatas dessa oposição foi andarem a apelar à libertação de um dos seus líderes, alegando a sua saúde frágil, provocada por maus tratos na prisão, e esse mesmo líder, libertado recentemente, se bem que em prisão domiciliária, vir apresentar-se publicamente perante os seus apoiantes com o aspecto de quem saiu de um ginásio…

Claro que uma das razões para se condenar Maduro é a existência de dezenas de presos políticos, situação denunciada por várias organizações independentes, como a Amnistia Internacional, situação inadmissível em qualquer regime político.

Mas a atitude da oposição, ao confundir verdade com propaganda política, só contribui para se desacreditar e para desacreditar a justeza de muitas das suas criticas ao regime “chavista”.

Uma outra situação de mera propaganda, prende-se com a verdadeira identificação dos muitos mortos que se têm registado nos violentos confrontos de rua. Nem todos os mortos têm sido provocados pelas forças policias e paramilitares do regime: Alguns dos assassinatos mais violentos têm como vítimas apoiantes de Maduro.

Claro que a responsabilidade politica pelos crimes, seja qual for a sua origem, cabe a quem detém o poder, ou seja, a Maduro, e por isso, este terá um dia de responder por esses crimes.

Este fim-de-semana a oposição acabou mais uma vez por dar um tiro no pé.

Organizando uma caricatura de referendo (cuja manipulação não é muito diferente da que Maduro prepara para a inadmissível e antidemocrática   convocação da Assembleia Nacional Constituinte), como aliás todos vimos nas televisões  de ontem, com gente a colocar as cruzes nos boletins de voto à vista de todos, sem privacidade, e com as “assembleias de voto” a exibir e a indicar explicitamente o sentido de voto, esta conseguiu atrair menos de metade dos eleitores, apenas os que estão ao lado da oposição.

“Votaram” no “referendo” menos quase 500 mil do que aqueles que votaram na oposição a Maduro em 2015 e destes aprovaram as pretensões da oposição cerca de 6 milhões e 400 mil.

Recorde-se que Maduro ganhou as presidenciais de 2013 com 7, 5 milhões de votos, com Capriles a conseguir 7,3 milhões, e que nas eleições para o Parlamento a oposição obteve 7,7 milhões de votos, batendo o Partido de Maduro, que obteve 5,5 milhões de votos.

Ou seja… a montanha vai parir um rato e o impasse vai continuar, com todos os custos socias e económicos que têm vindo a aumentar o drama da vida dos venezuelanos.

A única solução era a realização de eleições verdadeiramente democráticas para o Parlamento e para a Presidência. Mas isso nenhum dos lados quer, e uma solução democrática e institucional para a tragédia venezuelana parece cada vez mais afastada, por irresponsabilidade de ambas as partes, conduzindo cada vez mais a Venezuela para um desfecho trágico, uma ditadura militar ou uma guerra civil…

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