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quarta-feira, 5 de abril de 2017

A Confissão de um “populista"


 
Parece que agora está na moda aplicar o chavão de “POPULISTA” a todos os que criticam as instituições europeias e o caminho “austeritário” que estas nos impõem.

Parece que é “POPULISTA” exigir que as instituições europeias e os seus lideres respeitem os direitos sociais que estão na base do próprio êxito que deu prestigio à União Europeia e que fez dela um modelo a ser seguido, e que eles agora querem limitar e destruir em nome da “austeridade” e das “reformas estrururais”.

Parece que é “POPULISTA” defender a igualdade de salários para as mesmas tarefas e as  pensões nas mesmas condições, nos países da União Europeia que usam a mesma moeda.

E, já agora, parece que é “POPULISTA” defender a existência de um ordenado mínimo digno  em todos os países da União Europeia.

Parece que é também “POPULISTA” criticar a existência de paraísos fiscais no seio da União Europeia e exigir a sua extinção e a penalização exemplar às empresas e cidadãos europeus que delas  se servem para fugir ao justo pagamento de impostos.

Parece ainda que, considerar criminosos os privilégios dos burocratas de Bruxelas, criticar o descalabro na construção da moeda única e os benefícios de que goza o poder financeiro, face à austeridade imposta aos cidadãos europeus, também é “POPULISMO”.

Não deixa de ser curioso que o programa socialmente extremista, xenófobo e racista do verdadeiro “populismo” (que, a bem dizer, é um eufemismo do velho fascismo de sempre) seja adoptado por respeitáveis políticos e partidos “europeístas”, que assim o legitimam, com a desculpa de o poderem assim combater eleitoralmente, ao mesmo tempo que misturam no mesmo saco o velho e reacionário populismo e todos os que criticam a actual política europeia, esta sim a verdadeira responsável pelo crescimento eleitoral do actual populismo.

Ao que parece, é “POPULISTA” exigir que os governos cumprem as suas promessas e governem tendo como objectivo o bem estar dos seus cidadãos e o combate às desigualdades sociais.

Ou, como diz o cartoon que escolhemos para ilustrar este texto, é “quando os governos se tornam impopulares que surgem os populistas”…

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