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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O "NAZI-LIBERALISMO":




Entre os vários livros que fui lendo nos últimos meses, algures entre a ficção e o ensaio histórico, passou-me pelas mãos um pequeno volume histórico, da autoria do norte-americano Paul Maracin, “A Noite das Facas Longas”.

O autor, antigo investigador criminal no Gabinete do Procurador de San Diego e actual colaborador no The Wall Streeet  Journal, tem-se dedicado na sua reforma à investigação sobre a IIª Guerra Mundial.

Neste livre analisa a ascensão dos nazis ao poder e a luta entre facções do Partido Nazi que desembocou nessa noite de 30 de Junho para 1 de Julho de 1934, que foi uma noite de ajuste de contas entre Hitler e os seus rivais internos no Partido Nazi, em especial contra Röhm e as SA, mas que aproveitou para ajustar contas contra todos os que se tinham oposto a Hitler ao longo da sua vida política.

A grande burguesia alemã, o sector financeiro e o exército, que até aí olhavam para Hitler com alguma condescendência e desconfiança, viram na eliminação das SA um sinal de “civilidade” de Hitler, que eliminava e domesticava assim a ala mais populista, irrequieta,  e “obreirista” dos nazis, que até aí os servira na perseguição aos sindicatos, aos socialistas e aos comunistas e que agora se tornava “um deles”, sem os indisciplinados membros das SA a incomodar a “normalidade” das suas vidas.

Mas o que mais me impressionou neste livro foi, na breve biografia que o autor traçou dos mais destacados líderes do nazismo, alguns pontos em comum entre alguns deles: a aversão ao trabalho, a utilização da política como forma de ascensão social de muitos deles e arrogância do seu carácter sem ética social.

A maior parte deles eram pessoas falhadas, que, em circunstâncias históricas normais, nunca teriam passado do anonimato e teriam, provavelmente, levado a vida normal da pequena burguesia e das classe mais desfavorecidas.

Como é que uma sociedade culta e esclarecida, como era a alemã do principio do século confiou o poder a esse tipo de gente é uma incógnita que ainda hoje continua a motivar intensos debates entre historiadores, sociólogos e politólogos.

O que mais me impressionou foi, com as devidas distâncias históricas, algumas semelhanças nos percursos pessoais na actual geração de políticos europeus com a carreira política das elites nazis.

Gente medíocre, que quase nunca trabalhou ou geriu uma empresa, ou, quando o fez, foi totalmente incompetente  e desastrosa, sem um conhecimento da história europeia, pouco dados à cultura, ascendendo ao poder à sombra do mais abjecto oportunismo e carreirismo politico, navegando entre as juventudes, as concelhias e os congressos partidários, com falta de ética social, que olham para os cidadãos ora como meros “eleitores”, “contribuintes” ou números estatísticos.

Esta gente se tivesse vivido em plena Alemanha dos anos 30 não desdenharia participar e dar o seu contributo para levar os nazis ao poder.

Hoje o nazismo é politicamente incorrecto, e, à distância, sabemos do criminoso desfecho da sua política.

Mas os nazis eram gente “normal”, ambiciosa, bem comportada perante o poder dos mais fortes, apoiado pelo poder financeiro, tal como muito dos políticos que dominam as instituições e os governos europeus dos nossos dias.

Tal como aqueles, a maior parte dos actuais lideres políticos europeus têm o mesmo desprezo pelos cidadãos em geral e por alguns grupos em particular.

Hoje os trabalhadores, os funcionários públicos e os pensionistas substituem os judeus como a “escória” a abater por esses novos políticos, como os “bodes expiatórios” das incompetência das suas desastrosas políticas económicas e socias.

Hoje não usam camisas negras ou castanhas, mas uma postura formatada que não dispensa a nova farda do fato e gravata, vivendo das aparências.

Hoje não têm a máquina propagandista de Gobbels , mas uma miríade de jornalistas e comentadores, principalmente nas televisões, a tratar da propaganda ao seu programa único de “combate” à austeridade, ao défit e de salvação do corrupto sistema financeiro, seguindo a valha máxima nazi segundo a qual, uma mentira várias vezes repetidas acaba por se tornar verdade.

Mas hoje, tal como ontem, desprezam as leis e as constituições, os compromissos com os cidadãos, as liberdades e garantias socias.

Mas hoje, tal como ontem, limitam-se a obedecer ao sector financeiro, sem ética ou vergonha, que os coloca no poder para melhor servir os interesses desse sector, que não se importa de negociar com criminosos, desde que obtenham lucros. 

Hoje não é preciso assassinar ninguém, a não ser em casos extremos, para levar a àgua ao seu moinhos, basta ameaçar com o desemprego, com a penalização salarial, com o confisco puro e simples dos rendimentos das pessoas, ou com o medo de um futuro sem esperança para os cidadãos e seus familiares.

Hoje não é preciso levar ninguém para campos de concentração, basta retirar direitos sociais e lançar milhões no desemprego e ao empobrecimanto para retira o futuro e a esperança de vida aos cidadãos.

Hoje não é preciso invadir países com exércitos   para os saquear, basta impor um resgate financeiro para saquear um país.

Hoje, um homem com Hitler sentir-se-ia bem na pela de qualquer banqueiro, comissário europeu ,  de qualquer burocrata do BCE…

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