Que estranho país este onde a alternativa de futuro que as nossas elites nos oferecem é entre o “mau” e o “péssimo”.
Pelo menos é assim que todos se referem ao orçamento que pretendem aprovar ou ao resultado da sua reprovação.
Para muitos este é um “mau” orçamento, mas é preciso deixá-lo passar para evitar uma situação “péssima” que seria provocada pela sua reprovação.
O “péssimo” seria a desconfiança dos “mercados” e a possível entrada do FMI em Portugal.
Contudo, duvido muito que um “mau” orçamento evite essa situação.
Este orçamento é mau porque é feito exclusivamente para agradar aos “mercados”, leia-se, aos piratas das agência de rating, ao incompetente sr. Trichet a ao seu ajudante Constâncio, à arrogante e autoritária srª Merkel e aos irresponsáveis burocratas que governam a EU.
Ao ceder aos “mercados” vai provocar o aumento da chantagem destes , que vão exigir medidas cada vez mais gravosas em termos sociais, salariais e profissionais. Basta ver o que aconteceu nos países que cederam a essa chantagem, como a Espanha, a Grécia ou a Irlanda…os “mercados” continuam a exigir-lhes cada vez mais. Só a Espanha parece resistir à chantagem (Zapatero não é Sócrates). Por essa via, tarde ou cedo teremos o FMI a bater-nos à porta, de nada tendo valido os “sacrifícios”.
Perante tudo isto, pergunto-me se o “péssimo” não seria o melhor.
Chumbando-se este orçamento, víamo-nos livres de vez de Sócrates e da sua pandilha, Cavaco tinha de mostrar o que vale e o FMI agia já.
É que quando vejo muitos dos responsáveis pela crise actual e defensores deste orçamento agitar o “papão” do FMI, pergunto-me do que é que têm medo.
Acontece que o FMI de hoje já não é o mesmo de há uns anos atrás.
Tem á sua frente um homem decente e com visão estratégica, como se comprovou pela sua intervenção na última reunião da OIT .
Visão estratégica é o que falta aos dirigentes europeus que, infelizmente,calharam na rifa à nossa geração.
A receita do FMI para a situação portuguesa não seria pior que a preconizada pelo actual orçamento, com a vantagem técnica de a aplicar aos verdadeiros responsáveis pela crise (bancos, instituições financeiras…, daí o medo destes em relação ao FMI) e apontar para o verdadeiro despesismo do Estado (obras faraónicas, privilégios da alta administração pública, benesses de institutos e fundações), obrigando a um combate coerente à corrupção e à fuga fiscal.
O FMI de hoje tem, aliás, uma visão mais “humana” do que a dos “donos” da UE, como se viu recentemente quando o FMI preconizou o alargamento dos prazos para a Grécia pagar as suas dívidas, ideia que foi duramente criticada e impedida pela srª Merkel, ou quando criticou a excessiva preocupação com o deficit por parte do BCE, que está a asfixiar a economia Europeia e a agravar o desemprego.
Claro que ao “centrão” interessa a aprovação deste mau orçamento, uns para garantirem o poder de Sócrates e dos seus “boys”, outros para garantirem a reeleição de Cavaco.
Quando a “festa” do “centrão” acabar e o FMI vier, já não haverá espaço para “meiguices”…
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