Economistas e professores universitários, ex-ministros da economia e das finanças, jornalistas e comentadores de economia e finanças, bancários e grandes empresários, tudo o que mexe em números, anda num afã a comentar e a escrever na televisão, na rádio ou nos jornais de referência, à boleia da crise, do deficit e do orçamento.
Andam a aproveitar bem os seus “15 minutos de fama”.
O que é preciso é aparecer e dizer umas banalidades sobre a “inevitabilidade das medidas do orçamento”, a “falta de alternativa” aos cortes nos ordenados dos funcionários públicos, a necessidade de mais cortes para “acalmar os mercados”.
Seria interessante “esmiuçar” o percurso político, académico, profissional e económico de cada uma dessas “personalidade de referência”.
Ele há professores universitários que não saem do discurso neo-liberal em defesa dos “mercados”, incapazes de ver para além dessa cassete (muitos “evoluíram” da cassete “marxista” para a “nova” cassete neo-liberal, sem pestanejar). A maior parte é responsável pela formação de uma mão cheia de políticos e gestores, cuja competência está à vista pela situação económica onde nos colocaram.
Ele há ex-políticos que andam há décadas ocupando cargos ministeriais da área das finanças e da economia que transitaram da política para as empresas públicas, ou para as privadas que beneficiaram enquanto governantes, que gozam de privilégios pelos seus cargos e de várias reformas douradas e que são os principais responsáveis pelas medidas políticas e económicas que levaram à situação actual. Aparecem agora como se não fossem responsáveis por nada, sacudindo a agua do seu capote para cima dos trabalhadores e dos “gastos sociais” do Estado.
Ele há jornalistas e comentadores, pagos a peso de ouro para nos fazerem acreditar na inevitabilidade das medidas governamentais, do aumento dos impostos e/ou da desvalorização do factor trabalho, (seguindo a velha máxima nazi segundo a qual uma mentira várias vezes repetida acabará por se tornar verdade), incapazes de verem para além da encomenda dos seus empregadores ligados ao meio financeiro que nos levou à crise actual, sempre prontos a acusarem como demagógicas as denuncias dos ordenados, privilégios (ajudas de custo…), e pensões douradas dos seus mandantes, ao mesmo tempo que defendem como inevitáveis os cortes salariais dos que trabalham.
Ele há os verdadeiros responsáveis pela crise, banqueiros, administradores de grandes empresas e grandes accionistas, sempre prontos a estender a mão às ajudas do Estado, muitos transitando do sector público para o privado, da política para as administrações, beneficiando de excepcionais condições fiscais, enfim, servindo-se do Estado e do “dinheiro dos contribuintes” desde há longa data, e que surgem agora em público como virgens pudicas a defender a falência do Estado Social e a perseguição aos “privilégios” dos Funcionários Públicos e aos “salários” de quem trabalha e paga impostos.
Talvez um dia se acabem os “15 minutos de fama”dos verdadeiros responsáveis pelo saque social a que estamos a assistir.
Até lá vamos ter de aturar diariamente este "Pluralismo" do Pensamento Único…
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