A Habitação condigna é um direito constitucional!!
Faz parte daqueles direitos sem os quais “não há liberdade a
sério”.
Os outros direitos, como diz a mesma canção são “ a paz, o
pão, a saúde e a educação”.
Podíamos juntar uma rede pública de transportes em
condições, a defesa do ambiente e o respeito pela natureza.
Governo ou partido político que não tenha como preocupação
esses princípios não é digno de credibilidade ou respeito, mesmo que a forma de
os defender e promover possa variar, de acordo com os princípios e as
ideologias de cada uma.
Quando se discute a “nação”, no parlamento, no conselho de
Estado ou nos debates televisivos o que devia estar no centro dos debates era a
falta de muitos desses direitos e a forma de os concretizar.
Infelizmente, todas aquelas discussões estão transformadas
em mero ruído mediático, em tricas de bastidores, em ataques de carácter.
Não percebo, por exemplo, para que serve um conselho de
Estado, com a velharia do costume, beneficiando de várias regalias por
pertencerem a esse órgão não eleito, quando o que se discute é o “silêncio” ou
o comportamento de a ou b!!!
Voltando à habitação, este é um dos direitos que nunca foi
levado muito a sério e que está na base de muitos dos problemas que enfrentamos
noutros sectores, como na educação e na saúde, pois, sem casas para habitar ou
com preços e rendas incomportáveis, ninguém vai poder ou querer deslocar-se
para certas zonas do país.
A habitação tem estado sujeita à total selvajaria do
“mercado”, à especulação financeira ao serviço de oligarcas ou de criminosos de
várias espécies, daí termos chegado à situação actual de preços e rendas
incomportáveis para o nível de vida português.
Visitei este verão uma zona do sul de França e a cidade de
Toulouse, a quarta maior desse país, e tive curiosidade em espreitar para as
montras das imobiliárias.
Para meu espanto, num país como salário mínimo de 1 400
euros e onde o salário , no mínimo, é o dobro daquele que se paga em Portugal,
comparando qualquer profissão, encontrei casas, algumas casarões em zonas de
campo, tudo em bom estado e conservação, com preços a rondar os 200 mil euros,
e até muitas abaixo deste preço.
Na própria cidade de Toulouse encontrei muitos estúdios para
alugar entre os 500 e 700 euros.
É só comparar esses preços e essas rendas com o nível de
vida e com o que se passa em Portugal. …e não só em Lisboa! Em Torres Vedras
não se aluga nenhuma casa, algumas autênticas ruínas, por menos de 700 euros e
em Lisboa a média por qualquer “barraca” ronda os mil e duzentos euros para
cima!
Quanto aos preços de venda, é raro encontrar uma “barraca”
por menos de 300 mil euros.
A menos que se duplique o valor dos salários, sem se
resolver o problema da habitação não se consegue resolver qualquer outro
problema em Portugal.
Infelizmente não vejo por aí um debate sério sobre o
assunto.
E, como dizia a sábia Helena Roseta, os estudos estão feitos, as soluções são conhecidas. Só falta coragem para enfrentar os lobbies da especulação financeira e imobiliária.
1 comentário:
As pessoas são livres, podem ser construtoras e alugar o que constroem. É mais fácil viver sob protecção e criticando os que produzem. Tb gostava de ser rico mas falta-me esse talento.
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