No passado Sábado viveram-se horas de pânico…nos estúdios das nossas televisões.
Tudo começou com a CMTV a divulgar a notícia de um avião que estaria em
dificuldades sobre os céus da região de Lisboa e que andava às voltas a “despejar
combustível”, para poder fazer uma “arriscada” aterragem de emergência no
aeroporto de Lisboa.
De imediato os restantes canais, não querendo ficar atrás do alarmismo
da CMTV ou da possibilidade de poderem transmitir em directo um avião a despenhar-se
sobre Lisboa, começaram a ocupar as suas emissões com o assunto.
Lá desfilaram os habituas “técnicos” e “especialistas”. Felizmente
alguns deles eram mesmo técnicos e rapidamente desdramatizaram a situação.
Ninguém se lembrou do estado de ansiedade que essas reportagens podiam provocar
junto dos familiares dos passageiros ou até, caso aquelas notícias chegassem a
bordo, do pânico que iam provocar a bordo do avião.
Felizmente essas notícias não chegaram aos passageiros, pois os pilotos
do avião fizeram aquilo que os jornalistas profissionais não fizeram, que era
transmitirem a bordo as informações fiáveis sobre o que se passava.
Mais uma vez, a preocupação da maior parte dos estúdios das nossas
televisões não foi informar, mas explorar os sentimentos de medo e desespero,
pois são estes que dão audiências.
A informação televisiva, como se sabe, cada vez mais, não tem por
objectivo esclarecer e informar, mas explorar os sentimentos mais primários das
suas audiências, transformando a informação num espectáculo permanente.
Houve até um canal, a SIC, que chegou ao extremo de “informar” que
sabia (a “SIC sabe”) , de “fonte segura”, que o avião ía afocinhar na pista e
até já tinha em directo um “especialista em acidentes aéreos” para acompanhar
os momentos de aterragem do avião.
Eu próprio fiquei apreensivo e com um aperto no estomago quando vi o
avião, da varanda da minha casa, a sobrevoar Torres Vedras para se posicionar
para a aterragem, pensando no pânico que devia ir no interior do aparelho.
Afinal, o que aconteceu foi uma situação normal e frequente, em que se
seguiram as normas de segurança habituais, reinando a serenidade e a calma
entre passageiros, que estavam devidamente informados sobre a situação e que,
meia hora depois de resolvido o problema, seguiram viagem.
A concorrência com as falácias e agressividade das redes sociais e
pelas audiências televisivas está a retirar credibilidade informativa à maior
parte dos canais (com algumas, cada vez mais raras, excepções).
Resta-nos a credibilidade de (alguma) imprensa escrita e da rádio.
Sem comentários:
Enviar um comentário