COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (14ª Semana)

Aqui registamos, pela 14ª semana consecutiva, a   evolução da mortalidade do COVID-19 ao longo da última semana, a que decorreu entre o dia 2 e 9 de Julho, a partir dos  dados hoje publicados no site da Organização Mundial de Saúde.

Continuamos a ter por base um grupo de 35 de países.

(Podem clicar AQUI para melhor comparar com a situação anterior e poderem ligar 13 post’s anteriores).

Explicamos aqui mais uma vez porque valorizamos os cálculos baseados em óbitos, em vez de usarmos o número de infectados.

O cálculo do número de óbitos e a sua classificação parece-nos menos sujeita a manipulações e a erros do que o cálculo de infectados.

Ao contrário do registo de óbitos, que se baseia em critérios universais e testados, o registo de infectados presta-se ao uso de diferentes critérios, conforme os países.

O número de infectados é calculado de forma diferente de país por país e não representa a realidade na sua totalidade em muitos países.

Uns apenas registam os infectados que recorrem aos serviços médicos oficiais, outros apenas aos doentes que são testados quando internados nos hospitais, outros testam a maior parte da população, outros apenas os suspeitos de contacto com doentes, outros intervêem apenas junto dos focos de contágio.

Infelizmente, neste como noutras situações, a própria União Europeia, por exemplo, não usa um critério comum.

Contudo, tem sido com base nos infectados registados, apesar dos critérios serem variados, que a União Europeia e alguns dos seus membros tomam decisões sobre abertura de fronteias e a classificação dos países “seguros” e “inseguros”, uma pura fraude que prejudica países, como Portugal, que têm sido dos mais transparentes em relação a esse tipo de registo.

Seria mais útil, por exemplo, se fosse facultada a comparação, não com os infectados registados, mas com os casos internados, os casos realmente activos e os casos recuperados.

Por tudo isso, parece-nos que, à falta de melhor,  a comparação mais fiável  entre países, para perceber a maior ou menor gravidade da situação entre eles, é usando os dados sobre óbitos registados e causados pelo COVID-19.

Começamos, como é habitual, pela lista do número de mortos registados até à data de hoje, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 544 739;

Estados Unidos – 130 893;

Brasil – 66 741;

Reino Unido – 44 391;

Itália – 34 899;

França – 29 843;

Espanha – 28 392;

Índia – 21 129;

Irão – 12 084;

Rússia – 10 667;

Bélgica – 9 776;

Alemanha – 9 036;

Canadá – 8 771;

Holanda – 6 123;

Suécia – 5 447;

Turquia – 5 260;

China – 4 648;

África do Sul – 3 502;

MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 2 793; 

Irlanda – 1 743;

Suíça – 1 685;

PORTUGAL – 1 629;

Japão – 981;

Áustria –  706;

Dinamarca – 609;

República Checa – 351;

Israel – 336;

Finlândia – 329;

Coreia do Sul – 287;

Noruega – 251;

Grécia – 193;

Austrália – 106;

Cuba – 86;

Singapura – 26;

Palestina – 24;

Nova Zelândia – 22;

Islândia – 10.

Em relação à semana anterior, registaram-se poucas alterações no trágico “ranking” da mortalidade, com a Rússia a ultrapassar a Bélgica, Israel a ultrapassar a Finlândia e a Palestina a ultrapassar a Nova Zelândia.

Registe-se que 5 países não registaram um único óbito nas últimas três semanas, como a Nova Zelândia, Singapura e Islândia.

China e Cuba não registaram óbitos na última semana.

Outros registaram apenas um ou dois casos na última semana, como a Grécia, a Suíça, a Finlândia, a Austrália, a Áustria, a República Checa e a Noruega.

Contudo, todos os  35 países analisados continuam a registar infecções ao longo da semana.

Um outro modo de olhar para esses números é observar o crescimento percentual de mortes registadas ao longo desta semana, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento.

Este registo dá-nos assim o ritmo de crescimento da mortalidade nesses países:

Situação “descontrolada” (crescimento semanal acima dos 15%):

Palestina – 118,18 % (contudo este crescimento é enganador, já que estamos a falar de uma base muito baixa, de 11 para 24  mortos registados. Contudo, é a segunda semana a duplicar o número de casos);

África do Sul – 27,39;

Índia – 18,47;

Velocidade de crescimento “preocupante” (entre 15% e 7%):

Brasil – 11,99;

Rússia – 11,86;

Irão – 10,27;

Evolução “lenta”, mas ainda perigosa (entre 7 e 3,5%):

“Velocidade” média MUNDIAL – 6,32% (7,02% na semana anterior);

Israel – 5,32;

PORTUGAL – 3,56 (2,14 na semana anterior);

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado (crescimento entre 3,5 e 2%):

Estados Unidos – 2,95;

Turquia- 2,51;

Suécia – 2,13;

 A caminho da “extinção” (entre 2 e 1%):

Austrália – 1,92;

Coreia do Sul – 1,77;

Reino Unido – 1,51;

Canadá- 1,39;

A “finalizar” (entre 0 e 1%) ou “Extinto” (0%)

Dinamarca – 0,66;

Japão- 0,61;

República Checa – 0,57;

Alemanha – 0,56;

Grécia- 0,52;

Irlanda – 0,40;

Noruega – 0,40;

Itália – 0,37;

Finlândia – 0,30;

Bélgica – 0,22;

França – 0,27;

Holanda – 0,16;

Áustria – 0,14;

Espanha- 0,13;

Suíça – 0,11;

China – 0;

Cuba-0;

Nova Zelândia – 0;

Islândia – 0;

Singapura – 0;

 No geral registou-se um abrandamento na velocidade de crescimento.

Contudo 9 países, entre os 35 analisados, mais dois do que na semana anterior, viram o seu ritmo de crescimento aumentar em relação à semana anterior: África do Sul, Irão, Israel, Portugal, Austrália, Coreia do Sul, Dinamarca, Itália e Espanha, embora estes 3 últimos com um crescimento ainda muito lento.

Para Portugal esta foi uma das piores semanas, registando um aumento de crescimento pela segunda semana consecutiva.

Existe uma outra forma de observar os dados da mortalidade, a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética:

Situação “negativa e trágica” (mortalidade acima dos 10% dos infectados):

França – 18,66 % de mortos em relação ao número de infectados registados;

Bélgica – 15,73;

Itália – 14,42;

Reino Unido – 15,50;

Holanda – 12,09;

Espanha – 11,26;

Situação “preocupante” (entre os 10 e os 5%):

Canadá – 8,20;

Suécia – 7,42;

Irlanda – 6,82; BCG

Grécia – 5,63; BCG

China – 5,44;

Suíça -5,21;

Situação “aceitável” (entre 5 e 2,5%) :

Irão – 4,86;

Japão – 4,81;

Dinamarca – 4,72;

Média MUNDIAL – 4,60;

Alemanha – 4,57;

Finlândia – 4,53;

Estados Unidos – 4,40;

Brasil – 3,99;

Áustria – 3,83;

PORTUGAL– 3,66; BCG

Cuba – 3,58;

Noruega – 2,80; BCG

República Checa – 2,76; BCG

Índia – 2,75;

Turquia – 2,53;

Situação “boa” (abaixo de 2,5%):

Coreia do Sul – 2,15;

Nova Zelândia – 1,84;

África do Sul – 1,62;

Rússia – 1,52;

Austrália – 1,19;

Israel – 1,07;

Islândia – 0,53; BCG

Palestina – 0,43;

Singapura. 0,05.

Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

Neste caso é  positiva a posição de Portugal, que consegue estar melhor do que países como a Holanda e a Suécia (dois mitos com “pés de barro” e em situação muito preocupante), ou que a Grécia, a Dinamarca, a Finlândia , a Áustria, ou a Alemanha, países geralmente apontados como “exemplares”.

Refira-se o caso da Dinamarca que esta semana ultrapassou a  média mundial de mortalidade entre infectados.

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.

Voltaremos para a semana com nova divulgação e análise dos dados.