As eleições em Espanha deram uma vitória significativa ao PSOE, mas o
seu resultado deixa muitas interrogações em aberto em relação ao futuro
politico daquele grande país.
De facto o PSOE, que se encontrava em declínio, encontrou um novo fôlego que se deve, em grande parte, ao facto de ter virado à esquerda e ter afastado os velho barões, muitos deles
envolvidos em escândalos de corrupção.
Conseguiu assim travar o avanço do PODEMOS, que foi um dos derrotados
da noite, embora se mantenha em condições de participar numa grande coligação
de esquerda.
Se o PSOE trair os seus eleitores, aliando-se aos oportunistas do
“Ciudadanos”, o PODEMOS pode voltar a recuperar o seu peso perdido.
No total, toda a esquerda (incluindo os pequenos partidos regionalista,
com destaque para a Esquerda Republicana da Catalunha que elegeu 15 deputados),
tem, no seu conjunto, a maioria absoluta do parlamento espanhol.
À direita o PP foi o grande derrotado, ao optar por uma estratégia de
viragem à direita, aproximando-se da extrema direita, de onde, aliás, nasceu
como partido.
Aquele que era o tradicional espaço do PP, um partido muito mais
direitista do que os nosso partidos da direita, com origem no velho franquismo,
envolvido em graves processos de corrupção, fragmentou-se em três partidos.
O “novo” Ciudadanos, um partido
de oportunistas e neoliberais, foi um dos vencedores da noite.
Outro vencedor foi o partido da extrema direita VOX, mas sem conseguir
o que almejava, 70 deputados eleitos, e ficando longe daquilo que muitos
vaticinavam, os 30 deputados, ficando-se pelos 24.
A extrema direita espanhola, que até agora se acolitava no seio do PP,
consegui agora autonomizar-se, rompendo a excepção ibérica em relação ao avanço
dessa tipo de partidos.
(Em Portugal o VOX, que só encontra paralelo no partido do Ventura,
encontrou um estranho aliado, o deputado e candidato europeu do CDS Nuno Melo).
Está nas mãos do PSOE a difícil tarefa de conciliar a esquerda,
resolver o problema catalão, desmascarar os oportunistas do Ciudadanos, travar
o avanço da extrema direita e resolver a difícil situação económica e social
que a Espanha enfrenta.
A esquerda convenceu o eleitorado espanhol, que, contrariando outra
tendência, ocorreu em massa às urnas de voto (mais de 75% de votantes),mas ainda
lhe falta muito para se declarar vencedora.
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