Os dias que rolam, numa visão plural, pessoal e parcial de um mundo em rápida mutação. À esquerda, provocador e politicamente incorrecto, mas aberto à diversidade...as Pedras Rolam...
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sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Ensino Público – O regresso ao passado.
Já pouca coisa nos surpreende nas intensões deste governo em
destruir o efémero e já de si pouco consistente “Estado Social” português.
O oportunismo em avançar com “reformas” para o destruir e
entregar as suas funções à voragem de alguns interesses privados, nomeadamente
aqueles que sempre têm vivido à sombra do Estado e dos fretes feitos aos
partidos do centrão, empregando nas suas administrações muitos dos seus
políticos “reformados”, e deixar os restos a instituições de “caridade”, muitas
delas lideradas pela má consciência dos “caciques” locais e partidários , tem
sido evidente na intensão de “ir além da Troika” e aproveitar a desculpa da
“crise financeira” pela qual muitos desses políticos e desses “empresários”
foram os primeiros responsáveis.
O próximo alvo a abater é o ensino público.
No meu tempo o ensino
só era obrigatório até à 4ª classe, mas mesmo assim, à data do 25 de
Abril, mais de 2/3 da população era analfabeta e a maioria que não o era,
exibia níveis de literacia muito baixos. Essa situação convinha à ditadura,
pois quanto maior fosse a ignorância melhor as suas elites garantiam o seu
próprio futuro.
Também no meu tempo, quem terminasse a 4ª classe tinha duas
opções: ou ía trabalhar, maioritariamente na agricultura, ou continuava a
estudar. Os raros casos daqueles que continuavam a estudar, até porque estudar
era muito pouco valorizado socialmente entre as classes populares, ou seguia o
ensino técnico e comercial, tanto mais
importante quanto mais cresciam as necessidades de mão-de-obra para as
industrias em expansão a partir dos anos 50, ou seguia o ensino liceal, o único
que garantia o acesso a cargos da administração ou ao ensino superior.
O modo mais fácil de “separar o trigo do joio”, isto é,
garantir que os únicos que chegassem ao ensino superior fossem maioritariamente
oriundos das classes mais ricas e poderosos, o mesmo é dizer, na maior parte
dos casos, dos filhos dos apoiantes e dignatários do regime, era aplicar uma
propina elevada para os que optassem pelo ensino “liceal”.
O meu pai era um homem que presava muito a cultura e o
conhecimento e que, apesar de ter por habilitações o “ensino comercial”,
valorizava muito o prosseguimento de estudos para os seus filhos.
Com grande sacrifício pagava todos os meses cerca de 200
escudos, mais que 10% do seu ordenado, para me colocar a estudar no liceu e o
liceu era de facto elitista. Com algumas excepções ( e esses ficaram meus
amigos para a vida), muitos alunos
faziam questão de demonstrar a mim, e a outros como eu, oriundos de uma classe
mais baixa, que eram eles que mandavam, porque eram os filhos daqueles que mandavam no concelho.
No geral, essas diferenças sociais acentuavam-se entre os alunos do liceu e da escola
“técnica”, sendo estes últimos geralmente mal vistos ou desprezados pelos
primeiros.
Só com a morte do “botas” e com a reforma Veiga Simão este
estado de coisas conheceu grandes alterações, que se acentuaram com o 25 de
Abril.
A pouco e pouco, desde os anos 70, o ensino em Portugal
conheceu enormes progressos que actualmente, de forma desonesta e falaciosa, se
tentam desvalorizar, com o objectivo de justificar o actual ataque ao ensino
público.
Claro que não temos os índices médios dos países mais
desenvolvidos da União Europeia. Mas muitos desses países já tinham
praticamente acabado com o analfabetismo na primeira metade do século XX.
Por isso o país partia com décadas de atraso, correspondendo
a diferenças estatísticas de dois ou mais dígitos em relação a esses países,
contra esses nossos parceiros. Hoje discutimos difrenças rídiculas de décimas ou poucas unidades percentuais.
Por isso certas
comparações estatísticas que por aí aparecem são falaciosas e reveladoras da má
fé dos que a presentam.
As alarvidades de muitos comentadores, lançadas contra os
professores e o ensino público, de freio nos dentes a partir dos tempos negros
de Maria de Lurdes Rodrigues, muito têm contribuído para generalizar uma ideia
errada sobre a realidade do ensino em Portugal, com consequências desastrosas
nas decisões políticas de alguns liliputianos responsáveis políticos que têm
passado pelo Ministério da Educação que agem para agradar àqueles opinadores.
Também os rankings das escolas têm contribuído para acentuar
a falácia da diferença entre o ensino público e o privado. Aqueles que conhecem
o meio sabem bem como se fabricam bons resultados para esses rankings. A
inclusão ou a exclusão social e cultural estão na origem dessas diferenças e é esta a única diferença que pode avaliar o trabalho e o valor de uma escola e dos seus professores. No combate à exclusão e no trabalho de inclusão ninguém bate a escola pública, mesmo que o faça à custa das boas notas para "ranking" "ver".
Ensinar não é um campeonato de futebol.
Mas parece que o irresponsável e ignorante primeiro-ministro
de Portugal não percebe nada disso e parte para a sua “reforma” com a cabeça
cheia de preconceitos sobre a escola pública.
É tempo de todos aqueles que acreditam no ensino público
fazerem alguma coisa para impedir esse novo crime que se está a preparar contra
um dos pilares da democracia portuguesa.
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O "CABO" DO MEDO : a propósito da entrevista de Passos Coelho à TVI
"Não é possível não ir às despesas com pessoal [na saúde e na educação] e às prestações sociais".
Esta é a frase que marcou a entrevista que Passos Coelho deu ontem à TVI.
Ficamos assim a saber o que é que o primeiro-ministro pensa daquilo que ele designa como "Reforma do Estado" e que nós chamariamos "Contra-revolução neoliberal".
A obsessão ideológica de Passos Coelho fica assim anunciada nessa entrevista.Fugindo à pergunta da entrevistadora sobre se vai cortar nas reformas abaixo do mil euros, essa fuga revela todo um programa. É óbvio que essas pensões vão sofrer cortes, é esta a lógica de todas as atitudes deste governo.
Também ficamos a perceber, pelos silêncios, que a educação e a saúde vão deixar de ser universais e até é provável que voltem as propinas ao ensino secundário, uma medida que, a concretizar-se, é contraditória com o alargamento do ensino obrigatório até ao 12º anos.
O mais grave das medidas fica adiado para Fevereiro, mas é evidente a obsessão deste governo contra os funcionários do Estado que não tenham chegado aí por nomeação política de "boys"e a voragem para entregar os serviços do Estado aos apetites dos privados.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
A ESSÊNCIA DA ESPANHA: Concurso de Fotografía Universo en Español con EL PAÍS
(Hector Guerra Hérnandez foi o vencedor. Esta é uma das fotografias da sua série a concurso)
Ao longo do ano o jornal espanhol El País recebeu mais de 40 mil fotografias que respondiam assim ao desafio daquele jornal para que fosse fotografada a "essencia da Espanha".
Revelalam-se agora as fotografias premiadas e algumas das melhores que chegaram àquele jornal:
terça-feira, 27 de novembro de 2012
QUEM NÃO SE LEMBRA DAS FOTO NOVELAS? - Le roman-photo ressort de sa bulle- Ecrans
Antes das revistas cor-de-rosa ou dos "correios da manhã" e jornais desportivos, antigamente eram as revistas de fotonovelas que se espalhavam nas salas de espera de qualquer barbeiro, cabeleireiro ouconsultório.
A fotonovela, herdeira da antiga literatura de cordel, foi sempre o parente pobre da cultura popular e visual, sem nunca atingir o estatuto da Banda Desenhada.
Nela se cruzavam o cinema, pela narrativa, a Banda Desenhada, pela paginação e a fotografia, como suporte.
Em Portugal o aparecimento das telenovelas brasileiras ditou o fim desse género de cultura popular práticamente extinto.
Por isso achei curioso o destaque que o jornal Libération dedicou às edições de fotonovelas, no artigo que pode ser lido em baixo:
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Catalunha - A caminho da Independência?
Quem já esteve na Catalunha, em Barcelona por exemplo, sabe
que aquela região é muito diferente do resto da Espanha.
Aí nem o espanhol é falado e, quando visitei pela primeira
vez Barcelona, deparei-me com um cidade que tinha uma dinâmica que nos remetia
mais para a realidade nórdica do que para aquilo que era a realidade ibérica,
comparativamente, por exemplo, quer com Portugal, quer com a Galiza ou Castela.
Por isso o desejo independentista da Catalunha era um desejo
latente desde sempre, ainda por cima numa região que nunca simpatizou com a
monarquia espanhola como regime.
O que me surpreende é a histeria que tomou conta da Comissão
Europeia, chegando ao desplante de chantagear os independentistas catalães.
É que a União Europeia e o bando antidemocrático que a
dirige na Comissão e no Conselho não tem qualquer moral para interferir com a
escolha, que será democrática, do povo catalão.
Foi com o apoio da União Europeia, com a Alemanha à frente,
que se destruiu o estado da Jugoslávia.
Foi com esse apoio que a Checoslováquia foi dividida, isto
já no seio do espaço da própria UE.
Foi ainda a UE que integrou apressadamente, com custos para
todos nós, os estados báltico que se libertaram da Rússia.
Alguns desses histéricos vêem agora com alivio o facto de a
CyU, o partido nacionalista que tem dirigido os destinos da Catalunha, não ter
obtido a maioria absoluta. “Esquecem-se”, convenientemente, que aquele partido
da direita conservadora catalã perdeu essa maioria para partidos, como a Esquerda
Republicana, que são ainda mais consistentes na defesa da independência.
A fuga
de votos da CyU aconteceu porque muitos, que defendem a independência,
desconfiam do histórico oportunismo político da CyU e da sua sinceridade em
relação à defesa da independência.
Até porque, os grandes derrotados foram os
partidos “espanhóis”, o Partido Socialista e o PP.
Por isso não percebo muito bem a histeria e as falácias
daquela gente em relação à Catalunha.
Claro que a independência daquela nação vai trazer
problemas, para os quais alerta o meu amigo Manuel Monteiro (ver em baixo), com quem divirjo quase
sempre nesta e noutras questões. Mas é importante reflectir sobre as suas ideias,
mesmo aqueles, como eu, que são defensores do direito da Catalunha à
independência.
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Sem-abrigo: "Escondidos" nas ruas e nas estatísticas - PÚBLICO
Uma reportagem a ler e que nos deve fazer passar sobre o destino que querem impor a este país:
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Para onde vão oo dinheiros da PAC: Mafiosos italianos receberam durante anos ajudas europeias à agricultura .
Há um velho ditado português que diz : "ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão".
Pode-se dizer que mafiosos que roubam "mafiosos" (Comissão Europeia) também têm cem ano de perdão (da dívida)???
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domingo, 25 de novembro de 2012
ELEIÇÕES NA CATALUNHA: VITÓRIA DOS INDEPENDENTISTAS: Sigue en directo los resultados de las elecciones catalanas.
Segundo as primeiras projecções conhecidas, os partidos defensores da independência da Catalunha obtiveram hoje uma vitória esmagadora nas eleições regionais.
A grande surpresa foi o resultado da Esquerda Republicana,que se tornou o segundo maior partido daquele "país".
Os partidos "espanhóis", o Socialista e o PP sofreram uma derrota humilhante.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Morreu Pablo Pérez-Mínguez, o fotógrafo da Movida Madrilena
Faleceu ontem em Madrid, aos 65 anos, Pablo Pérez-Mínguez, considerado o fotógrafo da Movida Madrilena dos anos finais do século passado.
Nascido na cidade que tanto amou em 29 de Dezembro de 1946, esteve ligado a uma das mais importantes revista da fotografia espanhola, Nueva Lente, fundada em 1971.
Em 1975 passou a dirigir o Photocentro de Madrid, um edifício totalmente dedicado à fotografia, com galerias e escola de fotografia e com um famoso "foto-bar".
Participou em diversas exposições e publicou vários livros, mas foi como fotógrafo da movida madrilena que se tornou famoso.
Podem ler aqui uma interessante entrevista que deu ao jornal ABC, ou consultar o seu site na internet, para conhecerem melhor este fotógrafo espanhol.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A NOSSA VERDADEIRA DIMENSÃO
Olho muitas vezes para o céu à noite, principalmente naquelas noites limpidas e estreladas, e intorrogo-me sobre a pequenez da nossa existência no universo.
Mas, olhando para o tempo de vida da Terra, a nossa reduzida dimensão na história deste planeta, torna-se ainda mais evidente.
Resumindo a História da Terra num dia, a vida do homo sapiens na Terra (que anda por cá há, pelo menos, 100 mil anos), corresponde aos últimos dois segundos do "dia"...
Dá que pensar...
O CO2 VISTO EM RELEVO
O CO2 não se vê, mas o Libérations conseguiu realizar um filme onde é possível "ver" em relevo os efeitos e as dimensões desse gaz invisivel que tem vindo a aumentar perigosamente.
É mais um alerta para um problema que se está a tornar incontrolável e que está a por em risco muitas espécies e o futuro da vida na Terra:
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
A LIÇÃO DE ROUSSEFF: "Receitas aplicadas na Europa levarão a uma recessão brutal".
Enquanto os políticos e economistas liliputianos que nos governam, continuam a destruir alegremente o projecto europeu e se agacham aos especuladores financeiros, vinda do Brasil, Dilma Rousseff dá uma lição de economia aos irresponsáveis e ignorantes dirigentes europeus e desmascara a atitude e as intenções do FMI.
É tempo de os cidadãos portugueses exigirem um novo rumo para a nossa política internacional, que nos deve virar para o atlântico e nos retire do euro, sob pena de acabarmos todos na miséria.
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terça-feira, 20 de novembro de 2012
PAZ NO MÉDIO ORIENTE - UM SONHO CADA DIA MAIS LONGE:
Esta é uma imagem que se afasta cada vez mais da realidade.
A comunidade internacional, mais uma vez, mostra-se impotente perante a escalada da violência em Israel e na Palestina e os extremistas, dos dois lados, tomam conta da situação.
O problema da palestina é muitos complexo, mas há um ponto em que ambas as partes se devem empenhar que é o respeito pela existência da outra parte.
Tanto os israelitas como os palestinianos têm direito a viver em paz.
Se uma parte da liderança palestiniana, principalmente os movimentos fundamentalistas que dominam a faixa de Gaza, assume atitudes cada vez mais condenáveis contra Israel, lançando o pânico entre os civis israelitas com o lançamento cego e indiscriminado de rockets, já o governo israelita, que se tem em conta de ser democrático e civilizado, coloca-se ao nível de um qualquer Assad ou Kadafhi, lançando ataques indiscriminados contra a faixa de Gaza, que tem feito centenas de vítimas entre a população civil.
Se parte da Palestina e parte de Israel são dominados por políticos incendiários e extremistas, incapazes de travar a escalada de violência, é tempo da comunidade internacional agir, começando, por exemplo, por controlar o fornecimento de armamento e de financiamentos às duas partes, até que estas parem com a violência. Não foi assim na Líbia?.
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