Pela primeira vez, em 50 anos de democracia, só vou decidir o sentido do meu voto quando estiver dentro da cabine de voto, frente ao boletim de voto.
Mas o facto de estar indeciso
sobre esse voto, não quer dizer que não saiba qual a tendência onde vou votar.
Um dos problemas é viver num
distrito que, elegendo 48 deputados, dá mais possibilidades a recorrer menos ao
“voto útil” e escolher partidos mais pequenos. Estivesse eu num distrito que
elege dois ou três deputados e já tinha feito a minha escolha, sempre à
esquerda, mesmo que tivesse que engolir sapos.
E já agora, votar à esquerda
porquê?
A ideia de uma educação para
todos, de um SNS, de uma maior redistribuição da riqueza, dos direitos do
trabalho e sociais, do direito à habitação e a transportes público, a defesa
eficaz do ambiente, porque esta só se faz combatendo o lado mais selvagem do
capitalismo, é de esquerda, mesmo que, na prática, esta cometa erros,
indecisões, incoerencias na defesa desses princípios, e embarque em negociatas
menos claras.
Também é bom não esquecer que
a única ditadura que tivemos nos últimos cem anos em Portugal foi de direita e
que foi à esquerda que ela foi combatida, com uma ou outra excepção.
Sá Carneiro, que foi uma
dessas excepções, já nada tem a ver com a actual direita que o diz representar,
envergonhando a sua memória todos os dias (basta ler o muito que ele escreveu e
ouvir os discursos e a práticas de um Passos Coelho, de um Cavaco ou de um Durão
Barroso…).
O que a direita tem a oferecer
é, uns saudosismo salazarista, xenofobia e intolerância, outros entrega de
serviços públicos ao lucro privado, benefícios fiscais aos grande grupos
económicos (reduzir o IRC beneficia principalmente os grandes empresários) e, embora não o digam hoje, mas sempre praticaram no passado, cortes
nos direitos sociais e do trabalho e entrega dos serviços público à voragem dos
privados.
Mesmo que agora venham com
falinhas mansas, de que “vão aumentar salários e pensões e reduzir impostos”, diz a experiência que, à
primeira oportunidade, lá estaremos todos a perder direitos sociais e a sofrer cortes nas pensões e nos salários.
Claro que subscrevemos muitas
das críticas que são feitas a cada um dos partidos de esquerda, que não estão
isentos, cada um à sua maneira, de responsabilidades em muitas situações que estão
mal na sociedade e na economia portuguesa, mas a solução não aquela que a
direita preconiza.
Como se costuma dizer, “para
pior já basta assim”.
Por isso eu, indeciso me confesso...mas vou votar à esquerda.
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