Por sua vez o analista Joerg Farbig, ouvido em vésperas do acto eleitoral pala jornalista do Público Maria João Guimarães, referia-se à possibilidade de Merkel "perder mesmo vencendo"se o seu resultado se ficasse pelos 34-36% (edição de 24 de Setembro) .
Ora, o pior acabou por se confirmar: não só a extrema direita entrou pela primeira vez no parlamento alemão desde o final da 2ª guerra, obtendo um resultado próximo daqueles 14%, como o resultado de Merkel ainda foi pior do que o previsto pelo analista alemão, quedando-se abaixo dos 33%...
O resultado final ( não o das projecções) acabou por ser o seguinte (Fonte- Spigelonline):
CDU ( os Democratas Cristão de Merkel em coligação com os conservadores de direita da Baviera) : 32,9%, elegendo 246 deputados, menos 65 que na anterior legislatura, o segundo pior resultado da sua história (pior só em 1949);
SPD (social-democratas) - 20,5%, elegendo 150 deputados (menos 40 que em 2013), o pior resultado da sua história;
AfD (extrema direita neo-nazi) - 12,6%, elegendo pela primeira vez deputados para o parlamento, um total de 94;
FDP ("liberais", radicais da direita neoliberal) - 10,7%, regressando ao parlamento, após um interregno de uma legislatura e elegendo 80 deputados;
Die Linke ( Esquerda, formada pelos antigos comunistas e por dissidentes do SPD) - 9,2%, elegendo 69 deputados, mais 5 que nas últimas legislativas;
Verdes - (centro esquerda) - 8,9%, elegendo 67 deputados, mais 4 que na eleições anteriores;
Outros partidos: 5% ( não elegeram deputados, mas aumentaram a votação em cerca de 1%).
Registe-se que a abstenção foi inferior a 25%.
Como se vê, deu-se a impensável derrocada do "centrão" alemão, o que muito vai dificultar a vida a Merkel.
Esta só pode governar em três cenários:
- retomando a grande (cada vez "menos grande") coligação com os social-democratas;
- governando em coligação como os verdes e os "liberais";
- governando em minoria, com acordos parlamentares.
O primeiro dos casos, aquele que mais podia agradar aos europeístas, em especial a Macron e que podia garantir um mudança de rumo no projecto europeu, em favor dos cidadãos e dos países do sul, não parece provável, visto que o líder do SPD já anunciou o fim dessa coligação, pois arriscava-se a fazer o seu partido desaparecer do mapa eleitoral e deixava a oposição entregue à extrema direita e à esquerda do Die Linke, este último partido disputando o eleitorado dos social-democratas.
O segundo caso é o que é apontado como mais provável, mas é uma grande incógnita, dado o antagonismo entre verdes e "liberais" , nos antípodas políticos no que diz respeito ao modelo económico, financeiro e social. Se for para a frente este modelo, pode revelar-se desastroso para o futuro da CDU e até para a Europa inclusiva defendida por Macron e Juncker. A actual liderança "liberal" está mais próxima da extrema-direita e dos eurocepticos e é defensora da continuação das "reformas" estruturais "austeritárias" que devastaram o sul da Europa.
Um governo minoritário com acordos pontuais à direita e à esquerda no parlamento não faz parte da tradição alemã e conduziria a eleições antecipadas a breve prazo.
Uma "geringonça" à alemã também não é possivel, já que os três partidos de esquerda, SPD, Die Linke e Verdes, que juntos recolheram quase 40% dos votos, e que estão unidos nalguns parlamentos regionais, não conseguem uma maioria parlamentar.
Ou seja, seja qual for o cenário que se segue, a tradicionalmente estável Alemanha entra numa deriva politicamente caótica`à qual as suas elites tradicionais não estão habituadas e que vai ser explorada até à exaustão pela extrema-direita.
E com essa deriva deitam para o lixo da história os projectos de Macron e Juncker em relação a uma renovação do projecto europeu, com graves consequências a prazo para todos, em especial para os países do sul.
É caso para dizer, contrariando alguns "europtimistas", que consideravam que, depois da vitória de Macron (que está também em queda em França, tendo sofrido ontem uma pesada derrota na eleições para o Senado), e da "previsivel" vitória confortável de Merkel a Europa ía ser salva, que, afinal....a Europa JÁ NÃO SEGUE DENTRO DE MOMENTOS...
O resultado final ( não o das projecções) acabou por ser o seguinte (Fonte- Spigelonline):
CDU ( os Democratas Cristão de Merkel em coligação com os conservadores de direita da Baviera) : 32,9%, elegendo 246 deputados, menos 65 que na anterior legislatura, o segundo pior resultado da sua história (pior só em 1949);
SPD (social-democratas) - 20,5%, elegendo 150 deputados (menos 40 que em 2013), o pior resultado da sua história;
AfD (extrema direita neo-nazi) - 12,6%, elegendo pela primeira vez deputados para o parlamento, um total de 94;
FDP ("liberais", radicais da direita neoliberal) - 10,7%, regressando ao parlamento, após um interregno de uma legislatura e elegendo 80 deputados;
Die Linke ( Esquerda, formada pelos antigos comunistas e por dissidentes do SPD) - 9,2%, elegendo 69 deputados, mais 5 que nas últimas legislativas;
Verdes - (centro esquerda) - 8,9%, elegendo 67 deputados, mais 4 que na eleições anteriores;
Outros partidos: 5% ( não elegeram deputados, mas aumentaram a votação em cerca de 1%).
Registe-se que a abstenção foi inferior a 25%.
Como se vê, deu-se a impensável derrocada do "centrão" alemão, o que muito vai dificultar a vida a Merkel.
Esta só pode governar em três cenários:
- retomando a grande (cada vez "menos grande") coligação com os social-democratas;
- governando em coligação como os verdes e os "liberais";
- governando em minoria, com acordos parlamentares.
O primeiro dos casos, aquele que mais podia agradar aos europeístas, em especial a Macron e que podia garantir um mudança de rumo no projecto europeu, em favor dos cidadãos e dos países do sul, não parece provável, visto que o líder do SPD já anunciou o fim dessa coligação, pois arriscava-se a fazer o seu partido desaparecer do mapa eleitoral e deixava a oposição entregue à extrema direita e à esquerda do Die Linke, este último partido disputando o eleitorado dos social-democratas.
O segundo caso é o que é apontado como mais provável, mas é uma grande incógnita, dado o antagonismo entre verdes e "liberais" , nos antípodas políticos no que diz respeito ao modelo económico, financeiro e social. Se for para a frente este modelo, pode revelar-se desastroso para o futuro da CDU e até para a Europa inclusiva defendida por Macron e Juncker. A actual liderança "liberal" está mais próxima da extrema-direita e dos eurocepticos e é defensora da continuação das "reformas" estruturais "austeritárias" que devastaram o sul da Europa.
Um governo minoritário com acordos pontuais à direita e à esquerda no parlamento não faz parte da tradição alemã e conduziria a eleições antecipadas a breve prazo.
Uma "geringonça" à alemã também não é possivel, já que os três partidos de esquerda, SPD, Die Linke e Verdes, que juntos recolheram quase 40% dos votos, e que estão unidos nalguns parlamentos regionais, não conseguem uma maioria parlamentar.
Ou seja, seja qual for o cenário que se segue, a tradicionalmente estável Alemanha entra numa deriva politicamente caótica`à qual as suas elites tradicionais não estão habituadas e que vai ser explorada até à exaustão pela extrema-direita.
E com essa deriva deitam para o lixo da história os projectos de Macron e Juncker em relação a uma renovação do projecto europeu, com graves consequências a prazo para todos, em especial para os países do sul.
É caso para dizer, contrariando alguns "europtimistas", que consideravam que, depois da vitória de Macron (que está também em queda em França, tendo sofrido ontem uma pesada derrota na eleições para o Senado), e da "previsivel" vitória confortável de Merkel a Europa ía ser salva, que, afinal....a Europa JÁ NÃO SEGUE DENTRO DE MOMENTOS...
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