São raros os líderes políticos
que podem ser recordados como Mandela, conseguindo reunir um consenso unanime
de pesar à sua volta.
Na minha vida apenas me recordo
de outros dois nomes capazes de ombrear com Mandela: Gandhi e Martin Luther
King.
A forma como outros políticos e
governos se posicionaram em relação a figuras como essas, nos momentos cruciais
e não à posteriori, revelam a diferença entre os grandes políticos e as
figurinhas liliputianas que governam o mundo actual, como são os tristes casos "locais" de Cavaco Silva ou Durão Barroso.
Hoje todos querem colar-se á
figura de Mandela, mas nenhum deles soube revelar-se diferente e inovador nas
horas decisivas e essas são as verdadeiras marcas das suas atitudes políticas.
Nenhum desses liliputianos
políticos teria sequer chegado aos calcanhares do nossos Aristides de Sousa
Mendes, quanto mais à de um Mandela!!!
Voltando ao que interessa,
Mandela deu-nos uma grande lição de luta e humildade, mostrando que é possível
lutar por um ideal sem o trair e sem esquecer o essencial de qualquer luta
justa que é a de defender a liberdade, mesmo a dos nossos “inimigos”. Como
Mandela sempre defendeu “podemos perdoar, mas não podemos esquecer”.
Hoje a África do Sul ainda não é
o país justo que Mandela almejava, mas sem a tolerância e a liberdade que ele
colocou como ponto de partida, mas nunca com ponto de chegada, tudo teria sido
muito pior e irreversível.
Mandela deu uma grande lição, em
primeiro lugar aos regimes ditatoriais e corruptos que continuam a proliferar
no continente africano, mas também às atitudes cobardes e titubeantes de muitos
líderes “democráticos” e ocidentais, que tudo fizeram para, no mínimo, não
beliscar o regime do apartheid.
Mandela não foi um deus, sempre
assumiu as suas fraquezas humanas, mas esteve muito próximo do conceito grego
de “herói”, isto é, um humano, com todos os seus defeitos, que se coloca ao
nível dos deuses.
Muitos daqueles que agora, hipocritamente,
o homenageiam, só vão conseguir, quanto muito, preencher uma pequena nota de rodapé nos anais da história da
humanidade, ofuscados por figuras como Mandela, que eles, diga-se em abono da
verdade, nunca compreenderam.
Num mundo, com destaque para a
Europa, onde dominam na política pequenas figurinhas liliputianas, sem um rasgo
de imaginação nem respeito pelos desejos dos seus povos, Mandela é, cada vez mais,
uma figura de referência e uma esperança para os que acreditam num mundo possível, mais justo e mais humano.
Vamos esperar muitas décadas até
que ao mundo se revela outra figura como Mandela.
É por isso que a existência de
Mandela nos vai fazer muita falta.
Foi um privilégio ter partilhado
uma época onde vivemos com Mandela.
Até sempre Nelson Mandela!!
Sem comentários:
Enviar um comentário