O filme “O Pintor e a Cidade” é um dos mais belos documentários sobre o
Porto, um dos primeiros filmes de Manuel
de Oliveira e, também, um dos primeiros filmes a cores em Portugal.
Do Youtube retirámos os seguintes dados sobre o filme:
“Estreado em 1956 no São Luíz e no Alvalade, em Lisboa. Teve o aplauso
unânime da crítica. Aplauso que se repetiu em Paris e em Veneza e que lhe
valeu, em 1957, o primeiro prémio internacional da sua carreira, a Harpa de
Ouro do Festival de Cork, na Irlanda. Recebeu, também, o Prémio SNI para a Melhor
Fotografia.
"Em 1955 fui à Alemanha. Havia já um curso sobre a côr, que me
começou a interessar muitíssimo. Fiz um curso na Agfa, curso intensivo sobre a
côr durante um mês. Depois fui a Munique ver as máquinas, e embrenhei-me outra
vez. Arranjei uma máquina e comecei pelo Pintor e a Cidade que foi o meu
primeiro filme a côr e um dos primeiros filmes portugueses a côr.
“Fiz O Pintor contra O Douro. Enquanto O Douro é um filme de montagem,
O Pintor é um filme de êxtases.
“Eu descobri no Pintor e a Cidade que o tempo é um elemento muito
importante. A imagem rápida tem um efeito, mas a imagem quando persiste ganha
outra forma.
“O Pintor e a Cidade é uma obra fundamental na minha carreira, na
mudança da minha reflexão sobre o cinema.
“É a primeira vez que eu volto as costas a um cinema de montagem".
Manoel de Oliveira, in entrevista com João Bénard da Costa, 1989
"Produção independente que, por um lado, retoma o espírito
pioneiro e vanguardista do Douro, é, em termos narrativos e estilísticos, uma
ruptura total com o que ficou para trás.(...) Mais precisamente, o que se trata
aqui é de parar e reflectir sobre o cinema e os seus materiais, de decompor
imagens (imagens da cidade e imagens de um outro olhar sobre essa cidade),
separá-las entre si e dos sons respectivos, e repensar de origem para que serve
isso de juntá-los de novo, com que sentido, com que objectivo.(...) ligando
isto ao tema - o que se trata é de reflectir transparentemente uma das ideias
essenciais de todo o cinema de Oliveira: a ideia de desdobramento, o sucessivo
desdobramento de olhares que o acto de filmar (e de ver um filme) representa.
“...Aqui, o emprego do som é revelador, na medida em que é o som que
conta essas relações, a história dessas relações. (No O Pintor e a Cidade o som
é como que a "ficção").(...) É o som que "puxa" essa
entrada sucessiva da sua imagem para o real fílmico. É o som que a liga, que a
faz cumprir uma função.
“...A arte como veículo intermediário, não como ponte "entre o
autor e o mundo", mas como lugar de concentração/irradiação de olhares e
intenções, como espelho que reflecte em todas as direcções, eis o que nos
parece a essência de O Pintor e a Cidade".
José Manuel Costa, in Folhas da Cinemateca Portuguesa, 1988"
in amordeperdicao.pt
Título original: O Pintor e a Cidade
Origem: Portugal
Duração: 27 min.
Local de Estreia: São Luís (Lisboa) - 27 de Novembro 1956
Realização: Manoel de Oliveira
Argumento: Manoel de Oliveira
Dir. Fotografia: Manoel de Oliveira
Montagem: Manoel de Oliveira
Dir. Som:Alfredo Pimentel
Sonoplastia: Heliodoro Pires
Música: Luís Rodrigues, Rebelo Bonito, Ino Sanvini
Canções: Orfeão do Porto; Madrigalistas
Produtor: Manoel de Oliveira
Lab. Imagem: Tóbis Portuguesa
Distribuição: Doperfilme
negativo: 35 mm
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