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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Wellington Contra Massena

Algumas das obras mais interessantes sobre a Guerra Peninsular têm sido escritas em Inglaterra. Infelizmente, raramente encontram editores portugueses interessados na sua publicação entre nós.
Contrariando essa tendência, a Gradiva editou recentemente o livro de David Buttery, “Wellington contra Massena – a Terceira Invasão de Portugal – 1810-1811”, obra editada em Londres em 2007.
Apesar de se assumir como uma obra de divulgação, este livro é uma muito boa e bem documentada síntese sobre esse período da nossa história, agora que estamos próximos de iniciarmos as comemorações bicentenárias das Linhas de Torres Vedras.
Podemos dividir a estrutura deste livro em cinco partes distintas.
Numa primeira parte faz a contextualização da Guerra Peninsular , desde os seus antecedentes com o Bloqueio Continental à expulsão de Soult de Portugal em 1809.
Numa segunda parte traça o perfil biográfico, em capítulos distintos, de Wellington e Massena.
Na terceira parte, a mais importante da obra, aborda o período histórico identificado em Portugal como o da IIIª Invasão Francesa, desde a chegada de Massena a Valladolid, em 10 de Maio de 1810, para assumir o comando do chamado “Exército de Portugal”, até à sua destituição por Napoleão, exactamente um ano depois.
Aqui vamos encontrar uma descrição pormenorizada das tácticas seguidas por ambos os lados, das principais batalhas e da importância das Linhas de Torres, sem nunca esquecer os custos humanos, para as populações locais, desse acontecimento.
Se, em relação às Linhas de Torres, o autor pouco acrescenta àquilo que é conhecido por quem estuda este tema, é de realçar o pormenor descritivo dos cercos e das batalhas, onde se revela a especialização do autor na História Militar do século XIX.
Numa quarta parte, refere a evolução política de Massena, após ter caído em desgraça perante Napoleão, o seu regresso à ribalta política, após a derrota do Imperador e a restauração da monarquia e a amizade pessoal que se desenvolveu entre Massena e Wellington, quando se encontraram em Paris, durante um jantar oferecido por Soult, no principio de 1815.
Então, os dois antigos rivais conversaram sobre as Linhas de Torres Vedras, ironizando Massena que Wellington lhe estava a dever um jantar “pois quase me matou à fome”, ao que o irlandês retorquiu, sorrindo, que devia ser o marechal francês a pagar “pois impediu-me de dormir”. Seguiu-se depois uma animada conversa sobre as estratégias de ambos durante a Guerra Peninsular (pp.246 e 247).
A última parte do livro é dedicada a uma descrição da viagem que o autor do livro fez à Península Ibérica, pelos lugares onde decorreram os principais acontecimentos narrados, com indicações preciosas para os viajantes.
Em Torres Vedras visitou o castelo e o forte de S. Vicente, recomendando aos visitantes para deambularem “pelas ruelas que sobem para o castelo” (p. 265).
Na sua visita aos últimos vestígios das linhas, o autor queixa-se de, em Portugal, “ao contrário de muitos países, os locais de interesse histórico nem sempre são adequadamente assinalados – o que é uma pena, dada a abundância de sítios interessantes” (p.266).
O livro inclui ainda uma detalhada cronologia do período, uma interessante documentação iconográfica (mapas, gravuras e fotografias), e uma vasta e completa bibliografia, de origem britânica, sobre estes acontecimentos.
Um livro de leitura obrigatória.

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