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segunda-feira, 14 de março de 2016

Recordando a Historiadora Maria de Fátima Patriarca

Maria de Fátima Patriarca faleceu a semana passada.

Era uma das mais importantes e inovadoras historiadoras portuguesas, muito ligada ao estudo dos movimentos operários em Portugal, devendo-se a ela o mais importante trabalho de investigação sobre a chamada revolta da Marinha Grande de 18 de Janeiro de 1834.

Uma sua excelente evocação feita pelo jornal Público  pode ser lida AQUI.

Conhecida pelo seu rigor no tratamento das fontes documentais, apenas publicou dois livros, apesar do seu vasto trabalho de investigação, cujos resultados se encontram espalhados em artigos publicados em revistas da especialidade, principalmente na revista “Análise Social”.




Em baixo transcrevemos o texto que, em sua homenagem, foi publicada no site “Portal Anarquista".

“FÁTIMA PATRIARCA: MORREU A AUTORA DE UM DOS LIVROS MAIS COMPLETOS SOBRE O 18 DE JANEIRO DE 1934

“Morreu a historiadora Fátima Patriarca, um nome incontornável na história do movimento sindical durante a 1ª República e o Estado Novo. É da sua autoria um dos livros mais completos e rigorosos sobre o 18 de Janeiro de 1934 “Sindicatos contra Salazar – A revolta do 18 de Janeiro de 1934”, onde a autora desmistifica o chamado soviete da Marinha Grande (que nunca aconteceu) e integra os vários levantamentos e greves que aconteceram nesse dia num movimento mais geral, separando o trigo do joio e a propaganda dos factos reais. A sua morte representa uma perda grande para a historiografia do movimento operário.

“Historiadora e socióloga, autora de referência na análise social do país sob o Estado Novo e do movimento operário e sindical em Portugal, Maria de Fátima Patriarca (Couço, 1944-Lisboa, 2016) morreu na madrugada desta sexta-feira devido a complicações cardíacas. Investigadora do Instituto de Ciências Sociais desde 1992, publicou alguns dos estudos fundamentais acerca do século XX português tal como o salazarismo e a resistência ao salazarismo o configuraram. Os dois volumes de A Questão Social no Salazarismo(Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1995), e Sindicatos contra Salazar. A revolta do 18 de Janeiro de 1934 (Imprensa de Ciências Sociais, 2000) são disso exemplo.

“Diplomada pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa em 1967, licenciou-se em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em 1990 e fez as suas provas de investigadora no ICS sob a orientação de Sedas Nunes, com a dissertação Processo de implantação e lógica e dinâmica de funcionamento do Corporativismo em Portugal – os primeiros anos do Salazarismo e com a prova complementar Sindicatos e luta social no regime corporativo – dos anos 50 a 1974.

“Também no ICS, criou em 1979, com Maria Filomena Mónica, o Arquivo Histórico das Classes Trabalhadoras, do qual foi responsável científica entre 1999 e 2005. Foi ainda membro do Conselho de Redacção da revista Análise Social e da Imprensa de Ciências Sociais sob a direcção de António Barreto.

“Actualmente, informa a página do ICS, prosseguia o seu projecto pessoal sobre Sindicatos e lutas sociais nos últimos anos do Regime Corporativo e participava no projecto de Manuel de Lucena sobre a descolonização e também no de António Matos Ferreira e Maria Lúcia de Brito Moura sobre as relações entre o Estado e a Igreja em Portugal”.

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