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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

MAIS UM "CROMO": Presidente do Parlamento Europeu diz que o futuro de Portugal é “o declínio” .



As  afirmações do presidente do Parlamento Europeu, o sr. Martin Schultz, estão a fazer furor em Portugal.

Disse o sr Schultz (um nome que, na Alemanha, deve ser tão vulgar com sr.Silva e que me faz recordar nome de soldado nazi alemão nas aventuras do Major Alvega…) que o primeiro ministro português, tendo-se deslocado a Luanda “apelou ao Governo angolano que invista mais em Portugal, porque Angola tem muito dinheiro”. Ora, para o sr Schultz, o desenvolvimento das relações económicas de Portugal com Angola (ou, presumo, com qualquer outro país de expressão portuguesa, fora da União Europeia) anuncia um futuro de “declínio” e é “também um perigo social para as pessoas, se não compreendermos que, economicamente, e sobretudo com o nosso modelo democrático, estável [????]l, em conjugação com a nossa estabilidade económica [?????] , só teremos hipóteses no quadro da União Europeia”.

Pelo que ouvi há pouco na Antena 1, a intervenção do sr. Schultz foi ainda “alindada” com algumas referências ignorantes e preconceituosas sobre o colonialismo português…

Claro que, noutra conjuntura ou pela boca de outra pessoa, que não fosse um responsável político Alemão, até se podiam compreender as palavras do sr. Schultz e a sua preocupação com o facto de países europeus (como a própria Alemanha, aliás..), porem os interesses económicos e financeiros à frente da defesa dos direitos políticos e socias dos países com quem negoceiam, legitimando assim o dumping social de Estados ditatoriais e/ou corruptos.

O mesmo Schultz, mais á frente na sua intervenção, criticou a crescente aproximação entre a Europa e a China, um país cujo desenvolvimento económico assenta, segundo ele (e aqui estou plenamente de acordo) numa “sociedade esclavagista, sem direitos, numa ditadura que oprime implacavelmente o ser humano”.

O que o sr. Schultz não disse é que actual política de austeridade, imposta pelo poder político, económico e financeiro alemão, aos países da periferia, é responsável pela descrença dos cidadãos destes países na resolução da sua grave e trágica situação no “quadro da União Europeia”, e que países, como Portugal, que tenham alternativas fora deste espaço, só poderão encontrar soluções (para fugir ao circulo vicioso de “mais austeridade, mais desemprego, menos desenvolvimento económico, descida dos ratings, aumento dos juros, aumento do deficit e da dívida, mais auteridade, etc, etc….”) fora da União Europeia.

O que o sr. Schultz se esqueceu de dizer é que é exactamente o abandono da solidariedade devida no seio da União Europeia e as atitudes xenófoba, autoritária e arrogante do poder político e financeiro alemão que estão na origem do crescente descrédito, por parte dos cidadãos europeu, no próprio projecto europeu e que os leva a virarem-se para outros “mundos”, em busca de “salvação”.

Para quem (como eu, até hoje..) alentasse alguma esperança de que a Alemanha, mudando de política, abandonava a sua postura em relação à Europa e aos países periféricos em dificuldades, perdeu de vez todas as ilusões com as palavras do sr. Schultz. É que este senhor é um dos líderes do maior partido político alemão de oposição à srª Merkel, o Partido Social-Democrata.

Fica assim evidente que a postura autoritária, arrogante, preconceituosa, egoísta e insultuosa da sr. Merkel encontra eco na generalidade dos políticos alemães, mesmo naqueles que não fazem parte da sua família política.

Como se comprova, uma Alemanha unificada e forte, em vez de representar uma mais-valia para o desenvolvimento democrático e económico do projecto europeu, está a revelar-se um perigo para a estabilidade e a solidariedade que era necessário para ultrapassar a actual crise.

Pela terceira vez em cem anos, a Alemanha está a conduzir a Europa para o desastre…

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