As Guerras começam, mas nunca se sabe como acabam.
Com mais ou menos mortos, com genocídios e crimes de guerra, destruição
de culturas, patrimónios, economias e, de muita, muita gente inocente, as
guerras acabam um dia e, quando elas acabam, faz-se o balanço, julgam-se (ou
não) os culpados, reconstrói-se e…toda a gente promete a PAZ eterna!
Esta Guerra, contudo, pode acabar com a humanidade, por isso não se
pode transformar numa “terceira Guerra Mundial”, ou a 4ª Guerra, como vaticinou
Einstein, vai ser com paus e pedras!
Quem começou esta guerra, que não restem dúvidas, foi a Rússia de
Putin, que já tinha dado os primeiros passos nesse sentido em 2014.
A história não começou no dia 24 de Fevereiro, mas, a partir desse dia,
num claro desrespeito pelo Direito Internacional, pela integridade de um Estado
soberano, pela comunidade internacional e, o mais grave, pelo direito do povo
ucraniano viver em paz e escolher o seu destino, foi nesse dia que Putin se
transformou em criminoso de guerra, que é preciso travar.
Putin já tinha mostrado do que era capaz na Geórgia e na Síria, mas a
comunidade internacional, principalmente neste último caso, fechou os olhos,
pois o “inimigo” era "comum", o islamismo e o “Estado islâmico”, mesmo que, na
realidade, o “terrorismo” islâmico tenha sido apena o pretexto para Putin ensaiar
o seu arsenal militar, um pouco à imagem do que Hitler fez na Guerra Civil de
Espanha.
Também na retórica “justificativa” para a guerra, Putin aprendeu com as
justificações e os actos idênticos dos Estados Undos e da NATO, na ex-Jugoslávia,
no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, muitos deles em violação do Direito Internacional
ou com a mesma violência contra populações civis….
De facto, o “ocidente” e os Estados Unidos, como potência única de então,
ao recusarem-se reformar a ONU e tornar a NATO uma força da manutenção da paz,
após a queda da União Soviética, levar-nos-ia, mais tarde ou mais cedo, com
Putin ou outro déspota militar, a uma situação sem saída, como aquela em que
nos encontramos.
A ONU devia ter alargado o Conselho de Segurança a mais países, acabado
com o direito de veto e aumentando o poder da Assembleia Geral, mas os Estados
Unidos e os seus aliados não o quiseram, agindo mesmo à margem dessa
instituição, enfraquecendo-a.
A NATO devia ter-se transformado numa força de manutenção da paz, sob
liderança do Conselho de Segurança da ONU.
Se essas duas reformas se tivessem dado, hoje teríamos a criação de uma
zona de exclusão aérea na Ucrânia, para proteger civis, com plena legitimidade
e sem por em perigo a paz mundial ou poder provocar uma 3ª Guerra Mundial, como
será o caso, nas actuais circunstâncias, se essa decisão for assumida pela
NATO, única força militar internacional em condições de o fazer.
Também teríamos, se essas reformas se tivessem efectuado a devido tempo,
a possibilidade de ter no terreno uma força de manutenção da paz, legitimidade pela
ONU.
Sendo assim, o povo ucraniano fica entregue à sua sorte, pois a
alternativa, para além de uma hipotética revolta russa contra Putin, mas que
não será para já, é uma 3ª Guerra Mundial.
Não nos podemos esquecer, também, que foi a NATO que se opôs, em 2017,
a uma resolução da ONU que visava limitar a expansão de armamento nuclear,
atitude que facilitou a vida ao próprio Putin, que agora ameaça o mundo, a seu
belo prazer, com uma guerra nuclear.
No imediato, o que é urgente é proteger a Ucrânia da agressão russa e
impedir uma guerra descontrolada.
Mas, no futuro, tem de se voltar a pôr a PAZ Mundial em primeiro lugar,
reforçando o papel da ONU, combatendo o rearmamento, e perseguindo a venda
ilegal de armas.
Aliás, já se houvem por aí as costumeiras vozes oportunistas que, desta vez, não falam em "ir alé, da Troika", mas em ir "além da guerra", defendendo o sacrificio do Estado Social em nome do reforço das despesas com "defesa".
Esquecem-se da velha máxima de Churchil, em plena Guerra Mundial: quando alguns dos membros do seu governo defendiam cortes na cultura e noutras medidas sociais, para reforçar o orçamento militar de defesa, aquele interrogou-os: "então se cortamos na cultura, para que nos serve fazer esta guerra ?".
Essa máxima pode ser adapatada para responder às vozes que procuram aproveitar-se da situação actual, para aumentarem a despesa militar, defendendo cortes definitivos no bem estar social, para a financiar.
Em tempo de guerra é também importante que surjam vozes pela paz, que
travem o ímpeto belicista de alguns, o qual, se for deixado em roda livre, vai
gerar, no futuro, novos Bin Laden´s.
O povo ucraniano tem o direito de se defender da criminosa agressão russa, mas o mundo tem de se preparar para a paz que se há-se seguir a esta guerra, pela qual Putin é o principal responsável, paz essa que vai implicar o reforço da ONU e o desmantelamento definitivo de arsenais militares.
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