Uma coisa, é a gravidade dos procedimentos “habituais” da Câmara de Lisboa em denunciar organizadores de manifestações às embaixadas dos países visados, muitos com um historial sinistro na perseguição, rapto ou eliminação física de gente “inconveniente”, fora das suas fronteiras ( sejam eles regimes democráticos, como a França, a Espanha, a Grã-Bretanha ou os Estados Unidos, ou regimes sinistros, como os da Rússia, da Ucrânia, de Israel, ou da Venezuela, entre tantos outros), outra coisa é o oportunismo político em continuar a explorar o “filão” do mais recente escândalo na denuncia de activistas russos.
Oportunismo que se estende aos próprios activistas que foram vítima
desse procedimento.
Já aqui manifestámos a nossa estranheza pelo facto desses mesmos
activistas darem a cara nas televisões, quando a principal preocupação era
manter a sua identidade em segredo, para evitarem represálias, sendo a violação
da sua identidade a principal queixa que fazem contra o município da capital.
Quem teme represálias contra si ou contra os seus não aparece em
público nas televisões.
Mas o mais grave desse despudorado oportunismo, de quem busca a todo custo
os seus 15 minutos de fama, veio agora a saber-se pelas páginas da edição de
hoje do renascido semanário Tal & Qual.
Passo a citar:
“Afinal, não era preciso que a Câmara de Lisboa tivesse enviado os
nomes dos manifestantes contra Putin à embaixada da Rússia. Os ativistas
puserem tudo no seu facebook, muito antes da manifestação, para toda a gente
ver. Pavel Elizarov e Ksenia Ashrafullina, que agora se queixam de terem sido “entregues”
por Fernando Medina a Moscovo, criaram uma publicação naquela rede social onde
convocam a manifestação em frente à embaixada da Rússia e lá escrevem os seus
nomes e contactos, além de assumir a autoria do polémico protesto. A seguir,
tiraram fotos de grupo em frente à embaixada e espalharam pelas redes sociais.
Tudo gratuito e de boa vontade!
“Mais ainda: carregando em cima do nome de cada um deles os serviços
secretos russos podem consultar os perfis dos organizadores e, com
tranquilidade, ver fotos e posts onde os ativistas contam quase tudo: há fotos
deles em casa, com amigos, na rua onde moram, belas imagens de fins-de-semana
com amigos…
“(…)
“Em suma, Moscovo pode estar descansado. Os organizadores dos protestos
em Portugal são generosos a dar informações pessoais em todas as redes”, informações
muito mais completas e detalhadas do que aquelas que foram reveladas nos mails
do município lisboeta.
Aliás, consultando a página de um dos activistas, o que domina nos
últimos tempos é o deslumbramento pelo facto de serem notícia em Portugal.
Perante tudo isto, pedir indemnizações ao Estado português, como
pretendem fazer, não passa de um simples acto de oportunismo, ou então
aprendessem com a família Coxi, ficando-se por um pedido de desculpas, que foi
o que já fez Fernando Medina.
Mas isso era se, o que os move, fosse a justiça e a indignação, e não o
desejo de fama e vantagem financeira à custa de uma situação lamentável.
Com oposicionistas como este, bem pode Putin continuar a dormir
descansado.
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