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quarta-feira, 16 de junho de 2021

Com “activistas” como estes, Putin pode continuar a dormir descansado


Uma coisa, é a gravidade dos procedimentos “habituais” da Câmara de Lisboa em denunciar organizadores de manifestações às embaixadas dos países visados, muitos com um historial sinistro na perseguição, rapto ou eliminação física de  gente “inconveniente”, fora das suas fronteiras ( sejam eles regimes democráticos, como a  França, a Espanha, a Grã-Bretanha ou os Estados Unidos, ou regimes sinistros, como os da Rússia, da Ucrânia, de  Israel, ou da Venezuela, entre tantos outros), outra coisa é o oportunismo político em continuar a explorar o “filão” do mais recente escândalo na denuncia de activistas russos.

Oportunismo que se estende aos próprios activistas que foram vítima desse procedimento.

Já aqui manifestámos a nossa estranheza pelo facto desses mesmos activistas darem a cara nas televisões, quando a principal preocupação era manter a sua identidade em segredo, para evitarem represálias, sendo a violação da sua identidade a principal queixa que fazem contra o município da capital.

Quem teme represálias contra si ou contra os seus não aparece em público nas televisões.

Mas o mais grave desse despudorado oportunismo, de quem busca a todo custo os seus 15 minutos de fama, veio agora a saber-se pelas páginas da edição de hoje do renascido semanário Tal & Qual.

Passo a citar:

“Afinal, não era preciso que a Câmara de Lisboa tivesse enviado os nomes dos manifestantes contra Putin à embaixada da Rússia. Os ativistas puserem tudo no seu facebook, muito antes da manifestação, para toda a gente ver. Pavel Elizarov e Ksenia Ashrafullina, que agora se queixam de terem sido “entregues” por Fernando Medina a Moscovo, criaram uma publicação naquela rede social onde convocam a manifestação em frente à embaixada da Rússia e lá escrevem os seus nomes e contactos, além de assumir a autoria do polémico protesto. A seguir, tiraram fotos de grupo em frente à embaixada e espalharam pelas redes sociais. Tudo gratuito e de boa vontade!

“Mais ainda: carregando em cima do nome de cada um deles os serviços secretos russos podem consultar os perfis dos organizadores e, com tranquilidade, ver fotos e posts onde os ativistas contam quase tudo: há fotos deles em casa, com amigos, na rua onde moram, belas imagens de fins-de-semana com amigos…

“(…)

“Em suma, Moscovo pode estar descansado. Os organizadores dos protestos em Portugal são generosos a dar informações pessoais em todas as redes”, informações muito mais completas e detalhadas do que aquelas que foram reveladas nos mails do município lisboeta.

Aliás, consultando a página de um dos activistas, o que domina nos últimos tempos é o deslumbramento pelo facto de serem notícia em Portugal.

Perante tudo isto, pedir indemnizações ao Estado português, como pretendem fazer, não passa de um simples acto de oportunismo, ou então aprendessem com a família Coxi, ficando-se por um pedido de desculpas, que foi o que já fez Fernando Medina.

Mas isso era se, o que os move, fosse a justiça e a indignação, e não o desejo de fama e vantagem financeira à custa de uma situação lamentável.

Com oposicionistas como este, bem pode Putin continuar a dormir descansado.

 

 

 

 

 

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