Jacinda Ardern – Um exemplo para o Mundo.
Jacinda Ardern , primeira ministra da
Nova Zelândia, revelou-se um exemplo do grande estadista democrático, num mundo
dominado por líderes cada vez mais medíocres, incompetentes e corruptos.
A forma como lidou com os ataques terroristas de que o seu país foi alvo, revelou o conjunto de atitudes que é
necessário tomar neste tipo de situações: coragem, determinação, frontalidade,
e humildade, fugindo aos lugares comuns do costume.
Sem demagogia, sem aproveitamento
politico de tragédias e sem retórica securitária barata, tomou uma atitude
frontal, inovadora, inteligente e certeira para enfrentar a ameaça terrorista
quando afirmou : “Ele é um terrorista, um criminoso, um extremista, mas quando
eu falar, ele não terá nome. E imploro-vos: falem dos nomes dos que perderam a
vida em vez do homem que as levou. Ele pode ter procurado notoriedade mas na
Nova Zelândia não lhe vamos dar nada – nem mesmo o nome”.
Nem se desculpou com o facto daquele
acto bárbaro ter partido de um estrangeiro:
“Sim, a pessoa que cometeu esses actos não era daqui, não foi criado
aqui. Não encontrou a sua ideologia aqui. Mas isso não quer dizer que esses
mesmos ideais não vivam aqui. Eu sei que enquanto nação queremos dar todo o
conforto que pudermos à comunidade muçulmana nestes tempos tão negros (…) Eles
são nós”
A frontalidade e a coragem de Jacinda
Ardern, agora revelada ao mundo, já é de há muito conhecida pelos cidadãos da
Nova Zelândia.
Líder do Partido Trabalhista da Nova
Zelândia, conseguiu fazer o partido renascer das cinzas e tornou-se primeira
ministra dirigindo uma “gerigonça” local em aliança com os Verdes, já que o ultra
reacionário Partido Nacional, que teve mais deputados eleitos nas eleições de
2017, ficou em minoria com essa “maioria de esquerda”.
O Partido Nacional é o seguidor local
de Donald Trump, com um discurso xenófobo e islamofóbico idêntico ao do
presidente dos Estados Unidos.
Este mesmo partido tem dirigido desde
então, com o apoio local de alguma comunicação social, uma campanha negra
contra Jacinda, nomeadamente contra as opiniões da primeira ministra a favor do
casamento entre pessoas do mesmo sexo, a favor do aborto e a favor de medidas
ambientais, e de medidas sociais a favor dos trabalhadores e dos mais desfavorecidos.
Chegando ao poder com 37 anos, a sua
gravidez chegou mesmo a ser usada na campanha negra contra ela preconizada por
aquela gente.
Numa entrevista a uma estação de rádio, chegou a ser questionada por um
jornalista sobre esse facto, afirmando este que os neozelandeses tinham “o direito de
saber” se existia a possibilidade de a potencial futura primeira-ministra tirar
uma licença de maternidade. “Se for o patrão de uma empresa, precisa de saber
esse tipo de coisas acerca da mulher que estou a empregar. É aceitável que um
primeiro-ministro tire licença de maternidade quando está em funções?”.
A reposta de Jacinda ficou célebre naquele país: “É uma decisão das
mulheres e [a maternidade] não deve predeterminar se recebem ou não oportunidades
de trabalho”.
Segundo revelou uma notícia do jornal Público, quando “anunciou que iria
ser mãe, em 2018, esclareceu de imediato que iria ser “primeira-ministra e mãe”
e que seria o seu namorado, Clarke Gayford, apresentador televisivo de um
programa de pesca, quem ficaria em casa com o bebé. "Não sou a
primeira mulher a trabalhar e a ter um bebé. Sei que estas são circunstâncias
especiais, mas irão existir muitas mais mulheres a fazê-lo e muitas já o fizeram
antes de mim”.
Foi aliás ao enfrentar essa situação que Jacinda Ardern se tornou pela
primeira vez conhecida fora da Nova Zelândia, quando apareceu, em plena
Assembleia Geral das Nações Unidas a amamentar a filha, tudo porque, sendo uma
acérrima defensora de medidas para fazer frente às alterações climatéricas,
achou que a sua presença era fundamental nessa assembleia para defender as suas
ideias, já que estavam presentes os negacionistas liderados por Trump.
Num mundo cada vez mais liderado por gente medíocre ou incompetente, a
postura de Jacinda é uma lufada de ar fresco e uma mensagem de esperança para
quem acredita que a democracia ainda pode gerar grandes lideres a uma
humanidade carente de figuras politicas honestas, com convicções, justas e corajosas.
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