Passos Coelho anda por aí a passear-se, comportando-se como virgem ofendida e como se ainda fosse primeiro-ministro(Portas, por sua vez, procura não dar muito nas vistas, desde que no outro dia, de relance, foi divulgada uma notícia sobre o seu envolvimento nos obscuros negócios dos "Panduro"...).
O insuspeito comentador de direita João Miguel Tavares, na crónica, que transcrevemos em baixo, vem recordar as ligações suspeitas de Passos Coelho com o mundo das negociatas, a propósito do caso (mais um) do banco (??) Efisa, com ligações ao amigo ( e mentor) de sempre de Coelho, o "insuspeito" Miguel Relvas.
João Miguel Tavares veste a pele de jornalista e mostra como esse caso é mais que suspeito e merece que se esteja atento ao seu desenvolvimento:
"Miguel Relvas, o Efisa e a selva
Por JOÃO MIGUEL TAVARES , in Público de 16/02/2016 .
“Pedro Passos Coelho foi entrevistado no fim-de-semana [13 de Fevereiro]
pelo Jornal de Notícias, e quando questionado acerca da venda do banco Efisa a
uma sociedade com ligações a Miguel Relvas, respondeu: “Isso é um não-assunto.”
Ora, se o ex-primeiro-ministro considera o tema um “não-assunto”, eu considero
meu dever esclarecer-lhe porque é que o Efisa não só é um assunto, como é um
assunto muito feio.
“Nos últimos dois anos, o Estado, através da Parparticipadas –
sociedade anónima criada em 2010 para gerir o processo de reprivatização do BPN
–, injectou 90 milhões de euros no Efisa. A última injecção, de 12,5 milhões,
foi feita em Janeiro, antes da venda do antigo banco de investimento do BPN à
Pivot SGPS. Essa venda terá sido realizada por um valor a rondar os 38 milhões
de euros. Segundo o Tribunal de Contas, o preço do BPN para os contribuintes já
vai em 2,7 mil milhões, estimando-se que o buraco possa derrapar até aos 5,5
mil milhões.
“O Efisa, como explicou ao Diário Económico o fundador e accionista da
Pivot Ricardo Santos Silva, possui um trunfo precioso numa época em que se
tornou bem mais difícil criar bancos: “uma licença bancária universal, que abre
muitas oportunidades”. Oh, se abre – e quando cheira a oportunidades, logo
surge Miguel Relvas e o seu oportuno nariz.
“Já depois de acordada a venda do Efisa, os jornais deram conta da
entrada no capital da Pivot de um pequeno grupo de accionistas, entre os quais
Relvas. Miguel Relvas, destacado ex-ministro do Estado, surge a fazer negócios
com o Estado, para a compra de um banco. Mais. O actual presidente do veículo
estatal Parparticipadas, que vendeu o Efisa à Pivot SGPS, chama-se Francisco
Nogueira Leite. O mesmo Francisco Nogueira Leite que trabalhou com Pedro Passos
Coelho na administração da Tecnoforma. A mesma Tecnoforma que em 2004 usou e
abusou de fundos comunitários geridos pelo então secretário de Estado da
Administração Local Miguel Relvas.
“E o não-assunto não fica por aqui. Miguel Relvas já havia trabalhado
para o Efisa em 2007, prestando consultadoria ao banco no Brasil, numa altura
em que era deputado do PSD e líder da Comissão das Obras Públicas. Tudo legal,
claro. Até porque, em 2011, Relvas garantiu ao PÚBLICO que nunca recebeu “um
cêntimo da Efisa”. Claro que não recebeu. Ele apenas recebeu da empresa
Kapakonsult, da qual era administrador, e que na sua curta existência teve um
único cliente: o banco de negócios do BPN, Efisa. Vamos então resumir. Relvas
trabalhou para um banco que faliu. Trabalhou para o governo que geriu a
falência desse banco. E agora recupera o banco devidamente recapitalizado pelo
governo de que fez parte – não se está mesmo a ver que isto é um “não-assunto”?
“Uma achega final. Há quem recorde o papel de Dias Loureiro no BPN e
garanta haver mãozinha sua neste negócio. A mim parece-me mera insinuação,
fruto de más línguas. Estou certo que desde que o então ministro Miguel Relvas
passou o réveillon de 2012 para 2013 no Copacabana Palace na companhia de José
Luís Arnaut e Manuel Dias Loureiro, eles nunca mais voltaram a ver-se.
Portanto, só resta à autoridade de supervisão apressar-se a conceder a
idoneidade a Miguel Relvas, para que possa exercer com o garbo e a competência
reconhecidas a profissão de banqueiro. Depois, é só enviar essa informação para
Bruxelas, devidamente assinada por Carlos Costa, Governador do Banco da
República das Bananas Anteriormente Conhecida como Portugal”.
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