..tanta gente “ao serviço de Putin”!!!: Guterres, o papa Francisco, Macron…e agora Lula!
Não deixa de ser curioso o
terrorismo intelectual exercido pelas redes socias, pelos “comentadeiros”
televisivos ou pela maior parte da classe política, sobre aqueles que acham que
a paz é a melhor solução para acabar com uma guerra criminosa e mortífera, como
aquela que está a decorrer na Ucrânia.
Defender a paz não é negar o
direito de justa defesa de um povo agredido, nem o de levar a tribunal os
responsáveis pelos crimes de guerra cometidos (de ambos os lados), nem o de condenar publicamente quem
violou o direito internacional ao invadir um país soberano.
Contudo, o objectivo último é
chegar o mais rapidamente possível a uma situação negociada que conduza à paz
no terreno dessa guerra.
Sabemos que existem, na comunidade
internacional, dois pesos e duas medidas, como vimos noutras guerras recentes ou
que continuam, como na questão palestiniana, na destruição da Jugoslávia, na
invasão do Iraque e do Afeganistão, na destruição do Líbano, da Síria, da Líbia, e do Íemen, nas muitas guerras de África,
com o desenvolvimento recente registado no Sudão.
Mas o objectivo final deve ser
sempre o de obter a paz.
Claro que no caso da Ucrânia a
questão é complexa, até porque não se pode beneficiar o infractor russo,
residindo aqui uma das dificuldades em obter a paz.
Qualquer paz negociada deve
ter no centro os interesses ucranianos em manter e recuperar territórios
ilegalmente ocupados pelo invasor, alguns desde 2014.
Mas, com realismo, alguns
desses territórios não podem ser recuperados nos anos (ou décadas) mais
próximos.
Com realismo, a reconquista
total dos territórios ocupados só será possível numa guerra ainda mais
violenta, eventualmente com a entrada da NATO nessa guerra, com todas as consequências
que isso acarreta para a paz no mundo e, mesmo, para a sobrevivência da vida
humana.
Por isso é irrealista que, a
curto ou médio prazo, a reconquistar do Donbass ou da Crimeia seja possível sem
um banho de sangue, muito pior do que aquele vivido pela Ucrânia até hoje.
Isto não quer dizer que a
situação no Donbass ou na Crimeia não tenha de ficar em aberto numa futura
negociação, criando condições, quer para a futura autonomia desses territórios
no seio do Estado Ucraniano, quer para um futuro referendo onde esses
territórios possam decidir democraticamente o seu futuro (regiões autónomas dentro
da Ucrânia, repúblicas integradas na Federação Russa ou mesmo a sua
independência).
Um referendo desses, com todas
as garantias, só pode ocorrer com acordo internacional, envolvendo a ONU, num
futuro em que a Rússia tenha abandonado a sua politica imperialista e autocrática,
e num futuro em que uma Ucrânia de facto democrática respeita a população russófona
do seu território.
Todas essas condições parecem
por agora impossíveis, mas tem de ficar em aberto em qualquer futura negociação
de paz, sob o risco dessa mesma paz ser de pouca dura.
Por isso, mesmo com
ambiguidades, falta de clareza, até de forma desajeitada ou injusta para com uma das partes, é bom que, no meio do
reforço da linguagem bélica dominante, que não vai levar a lugar nenhum, a não
ser a mais destruição e sofrimento humano, a grandes negócios com a indústria
do armamento, a um futuro cargo chorudo na estrutura da NATO, continuem a
existir vozes a falar de paz.
Falar de paz, nos dias de hoje, é cada vez mais um dos últimos actos de coragem e sensatez, no meio do desvario geral provocado por esta guerra criminosa.
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