Guerra é guerra, como diriam as freiras da anedota.
A resposta de Israel ao
criminoso ataque do Hamas de 7 de Outubro, pôs em questão a forma como muitos
olhavam para a guerra, desde a criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia de
Fevereiro de 2022.
A forma diferente como, no “ocidente”,
se começou a olhar para os dois conflitos militares (enquanto outros, como no Iémen,
no Paquistão, na Líbia, na Síria, no Iraque, no Afeganistão, no Congo ou no
Sudão, caiam no esquecimento), trouxe ao de cima toda hipocrisia da narrativa
dominante.
Falar de paz tornou-se “perigoso”,
pois, rapidamente, os que a defendem, desde sempre, os que defendem uma solução
para os conflitos militares, começaram a ser tratados de forma agressiva, nas
redes sociais e na “informação de referência”, impondo-se cada vez mais um
discurso militarista.
Os pacifistas têm sido
acusados de “apoiantes de Putin” ou de “antissemitas”, uma forma de inviabilizar
qualquer discussão sobre as soluções para esses conflitos militares.
Sabe-se que, por detrás desse
discurso militarista, estão interesses ligados à indústria de armamento e ao
mundo financeiro, as “ditaduras” sem rosto que, na realidade, decidem a vida de
milhões de cidadãos por todo o mundo e que sustentam a economia neoliberal
dominante.
A forma como têm sido noticiados,
até à náusea, os crimes da Rússia na Ucrânia, comparativamente com a mesma
atenção dada aos crimes israelitas na Palestina, é demonstrativo dos “dois pesos
e duas medidas” da narrativa “ocidental”.
Exemplo disso tem sido o
tratamento dado à destruição de um hospital pediátrico em Kiev ,
presumivelmente por um míssil russo.
Esta tipo de ataques tem sido
recorrente na Ucrânia, desde a guerra civil iniciada em 2014, principalmente na
região do Donbass, com responsabilidades nos dos dois lados do conflito.
Contudo, ataques destrutivos com a dimensão deste último, são esporádicos e
raros, comparativamente com o que se passa na Palestina.
O mesmo não se pode falar dos
ataques israelitas à Palestina desde há nove meses, onde, diariamente, são relatados
ataques a instalações hospitalares, com um número de vítima igual ou superior
àquele outro ataque criminoso a Kiev.
É caso para se dizer que
aquilo que aconteceu em Kiev é a realidade diária na Palestina.
Chegamos à conclusão que, a “ocidente”,
existem dois pesos duas medidas e que a morte de crianças palestinianas parece
valer menos que a morte de crianças ucranianas, que a destruição diária de Hospitais
e outras instalações humanitárias na Palestina é menos grave que um ataque,
raro, mas regular, ao mesmo tipo de instalações por parte da Rússia (ou da
Ucrânia no Donbass, desde 2014, que também existem).
Criança morta é criança morta,
Hospital destruído é Hospital destruído, tudo actos criminosos, sejam crianças
morenas ou crianças brancas de olhos azuis, seja em solo Palestiniano ou em
solo Ucraniano.
Não deixa também de ser
significativa a diferença de tratamento dado à Rússia e a Israel, percebendo-se
as sanções sobre os primeiros, nomeadamente expulsando esse país de provas
desportivas, mas não se percebendo a falta de sanções do mesmo tipo sobre
Israel.
Esta forma diferente de
encarar os dois conflitos está a por a nu toda a hipocrisia “ocidental” e reflecte-se
na quebra de simpatia inicial pela causa ucraniana, situação agravada pela
própria posição oficial do governo ucraniano em relação ao conflito
palestiniano.
Solução? O cessar fogo, a
negociação e a paz justa, por muito difícil que ela seja de alcançar ou correndo
o risco de beneficiar o infractor.
A Guerra permanente e
infindável é o pior de todas as soluções. Quem é que ainda não percebeu?
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