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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Os assassinos “bons” e os assassinos “maus”

 


Guerra é guerra, como diriam as freiras da anedota.

A resposta de Israel ao criminoso ataque do Hamas de 7 de Outubro, pôs em questão a forma como muitos olhavam para a guerra, desde a criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia de Fevereiro de 2022.

A forma diferente como, no “ocidente”, se começou a olhar para os dois conflitos militares (enquanto outros, como no Iémen, no Paquistão, na Líbia, na Síria, no Iraque, no Afeganistão, no Congo ou no Sudão, caiam no esquecimento), trouxe ao de cima toda hipocrisia da narrativa dominante.

Falar de paz tornou-se “perigoso”, pois, rapidamente, os que a defendem, desde sempre, os que defendem uma solução para os conflitos militares, começaram a ser tratados de forma agressiva, nas redes sociais e na “informação de referência”, impondo-se cada vez mais um discurso militarista.

Os pacifistas têm sido acusados de “apoiantes de Putin” ou de “antissemitas”, uma forma de inviabilizar qualquer discussão sobre as soluções para esses conflitos militares.

Sabe-se que, por detrás desse discurso militarista, estão interesses ligados à indústria de armamento e ao mundo financeiro, as “ditaduras” sem rosto que, na realidade, decidem a vida de milhões de cidadãos por todo o mundo e que sustentam a economia neoliberal dominante.

A forma como têm sido noticiados, até à náusea, os crimes da Rússia na Ucrânia, comparativamente com a mesma atenção dada aos crimes israelitas na Palestina, é demonstrativo dos “dois pesos e duas medidas” da narrativa “ocidental”.

Exemplo disso tem sido o tratamento dado à destruição de um hospital pediátrico em Kiev , presumivelmente por um míssil russo.

Esta tipo de ataques tem sido recorrente na Ucrânia, desde a guerra civil iniciada em 2014, principalmente na região do Donbass, com responsabilidades nos dos dois lados do conflito. Contudo, ataques destrutivos com a dimensão deste último, são esporádicos e raros, comparativamente com o que se passa na Palestina.

O mesmo não se pode falar dos ataques israelitas à Palestina desde há nove meses, onde, diariamente, são relatados ataques a instalações hospitalares, com um número de vítima igual ou superior àquele outro ataque criminoso a Kiev.

É caso para se dizer que aquilo que aconteceu em Kiev é a realidade diária na Palestina.

Chegamos à conclusão que, a “ocidente”, existem dois pesos duas medidas e que a morte de crianças palestinianas parece valer menos que a morte de crianças ucranianas, que a destruição diária de Hospitais e outras instalações humanitárias na Palestina é menos grave que um ataque, raro, mas regular, ao mesmo tipo de instalações por parte da Rússia (ou da Ucrânia no Donbass, desde 2014, que também existem).

Criança morta é criança morta, Hospital destruído é Hospital destruído, tudo actos criminosos, sejam crianças morenas ou crianças brancas de olhos azuis, seja em solo Palestiniano ou em solo Ucraniano.

Não deixa também de ser significativa a diferença de tratamento dado à Rússia e a Israel, percebendo-se as sanções sobre os primeiros, nomeadamente expulsando esse país de provas desportivas, mas não se percebendo a falta de sanções do mesmo tipo sobre Israel.

Esta forma diferente de encarar os dois conflitos está a por a nu toda a hipocrisia “ocidental” e reflecte-se na quebra de simpatia inicial pela causa ucraniana, situação agravada pela própria posição oficial do governo ucraniano em relação ao conflito palestiniano.

Solução? O cessar fogo, a negociação e a paz justa, por muito difícil que ela seja de alcançar ou correndo o risco de beneficiar o infractor.

A Guerra permanente e infindável é o pior de todas as soluções. Quem é que ainda não percebeu?

 

 

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