Na sequência da crise dinástica de 1384-1385, e das movimentações militares provocadas por esse episódio da nossa história, em 11 de Dezembro de 1384 o Mestre de Aviz, retirou-se de Alenquer, recém conquistada por ele, e dirigiu-se para Torres Vedras em apoio aos seus partidários que já haviam iniciado o cerco ao Castelo desta vila.
Torres Vedras pertencia então ao senhorio de Leonor Teles pelo que o seu alcaide-mor, o castelhano João Duque, vassalo da rainha, defendia o seu castelo contra os partidários do Mestre “bem acompanhado de homens d`armas e peões e besteiros, que para defensão do lugar eram assaz abastados”.
Segundo a descrição do cronista Fernão Lopes, Torres Vedras era então “uma fortaleza assentada em cima de uma formosa mota, a qual natureza criou em tão ordenada igualdade como se à mão fosse feita artificialmente”.
A vila tinha “uma cerca arredor do monte e na maior alteza dele está o castelo; e entre a vila e o castelo moravam tão poucos que não é fazer conta; e toda a sua povoação era em um grande arravalde de muitas e boas casas de bem ordenadas ruas, ao pé do monte”.
Tinha “bom e gracioso termo junto consigo, e arredor de pães e vinhos e outros mantimentos, que naquele tempo, por azo da guerra, de todo o ponto eram gastados”.
Quando o Mestre chegou a Torres Vedras, o cerco ao castelo já tinha sido iniciado pelo seu partidário João Fernandes Pacheco “com gentes darmas e besteiros e homens de pé”.
Conta-nos Júlio Vieira que as “hostes de D. João foram aposentadas nas casas em redor da vila, chamados do arrabaldes, estendendo-se o acampamento, segundo reza a tradição, pela varzea que delimita o perímetro de carcavelos e horta nova”.
Com o objectivo de conquistar a fortaleza defendida por João Duque, mandou o Mestre abrir um fosso sob a muralha “a qual havia de ir sair ao adro da igreja” de Stª Maria, “ que é dentro no lugar, entre a vila e o castelo”, ou seja, segundo esta descrição, o castelo medieval era mais pequeno que o actual, ficando situado no lugar do chamado palácio dos alcaides, embora a igreja se localizasse no interior da muralha da vila.
Contudo, esse estratagema falhou porque os defensores do castelo, avisados por espiões infiltrados entre os partidários portugueses, conseguiram anular o efeito surpresa da construção desse túnel, tapando-o e inutilizando-o.
Perante aquele falhanço ordenou o mestre a construção de outra “cava”, mas esta apenas sob o muro da vila, à qual pegou fogo, derrubando um troço dessa muralha, mas, mais uma vez, avisados os sitiados, tinham colocado uma linha de defesa improvisada, por detrás do muro derrubado, com “cubas e tonéis”, impedindo que as forças do mestre penetrassem na vila.
Faltado entretanto a água nas cisternas do castelo, bem como a comida, enviou João Duque ao Mestre um sexo de burro cozido, acompanhado por duas laranjas, junto com uma trova “cuja conclusão era que, das carnes” só possuíam essa, pedindo “por mercê que lhe mandasse alguma carne fresca”, pedido que o Mestre acedeu, enviando carne para um dia aos seus inimigos, defensores do castelo.
Nos agradecimentos por este acto, João Duque pedia que o mestre “não levasse a mal ele defender o lugar, porque o fazia como leal vassalo de seu senhor” (D. Leonor Teles). Houve ainda um encontro entre o Mestre e João Duque para que este se rendesse, mas sem resultados, retomando-se as hostilidades.
Foi então descoberta uma conspiração para assassinar o Mestre de Aviz, à frente da qual estava D. Gonçalo Teles, irmão da rainha, e Ayres Gonçalves, que se tinham feito passar por partidários do Mestre. Presos os conspiradores, em 8 de Janeiro de 1385, um deles, Garcia Gonçalves, foi condenado à morte e queimado vivo à vista dos defensores do castelo.
Como vingança João Duque mandou cortar as mãos e os narizes de alguns prisioneiros pondo tudo ao colo de um deles, mandando-o assim ao Mestre.
Este, para se desforrar dessa crueldade mandou “lançar na funda do engenho dentro à vila os prisioneiros que tinha”, acabando contudo por não cumprir esta ameaça por “piedade” de última hora.
A conselho de Nuno Alvares Pereira, entretanto chegado a esta vila, que temia pela vida do Mestre, e também porque se iam realizar brevemente as cortes de Coimbra, que aclamariam o Mestre de Aviz como rei de Portugal, este acabou por levantar o cerco ao castelo de Torres Vedras em 15 de Fevereiro de 1385, sem o ter conseguido conquistar.
Muitos habitantes de Torres Vedras, temendo pela vingança dos castelhanos, acompanharam o mestre na sua retirada.
Até “um cego que morava no arravalde ouvindo como o Mestre partia deste feito com aquelas gentes, começou a bradar grande brados, rogando por deus que o levasse consigo, não ficasse em poder de tão má gente”. Nuno Alvares Pereira, com dó do cego, mandou que o colocassem nas ancas da mula em que já estava, seguindo este com o exército português.
Torres Vedras pertencia então ao senhorio de Leonor Teles pelo que o seu alcaide-mor, o castelhano João Duque, vassalo da rainha, defendia o seu castelo contra os partidários do Mestre “bem acompanhado de homens d`armas e peões e besteiros, que para defensão do lugar eram assaz abastados”.
Segundo a descrição do cronista Fernão Lopes, Torres Vedras era então “uma fortaleza assentada em cima de uma formosa mota, a qual natureza criou em tão ordenada igualdade como se à mão fosse feita artificialmente”.
A vila tinha “uma cerca arredor do monte e na maior alteza dele está o castelo; e entre a vila e o castelo moravam tão poucos que não é fazer conta; e toda a sua povoação era em um grande arravalde de muitas e boas casas de bem ordenadas ruas, ao pé do monte”.
Tinha “bom e gracioso termo junto consigo, e arredor de pães e vinhos e outros mantimentos, que naquele tempo, por azo da guerra, de todo o ponto eram gastados”.
Quando o Mestre chegou a Torres Vedras, o cerco ao castelo já tinha sido iniciado pelo seu partidário João Fernandes Pacheco “com gentes darmas e besteiros e homens de pé”.
Conta-nos Júlio Vieira que as “hostes de D. João foram aposentadas nas casas em redor da vila, chamados do arrabaldes, estendendo-se o acampamento, segundo reza a tradição, pela varzea que delimita o perímetro de carcavelos e horta nova”.
Com o objectivo de conquistar a fortaleza defendida por João Duque, mandou o Mestre abrir um fosso sob a muralha “a qual havia de ir sair ao adro da igreja” de Stª Maria, “ que é dentro no lugar, entre a vila e o castelo”, ou seja, segundo esta descrição, o castelo medieval era mais pequeno que o actual, ficando situado no lugar do chamado palácio dos alcaides, embora a igreja se localizasse no interior da muralha da vila.
Contudo, esse estratagema falhou porque os defensores do castelo, avisados por espiões infiltrados entre os partidários portugueses, conseguiram anular o efeito surpresa da construção desse túnel, tapando-o e inutilizando-o.
Perante aquele falhanço ordenou o mestre a construção de outra “cava”, mas esta apenas sob o muro da vila, à qual pegou fogo, derrubando um troço dessa muralha, mas, mais uma vez, avisados os sitiados, tinham colocado uma linha de defesa improvisada, por detrás do muro derrubado, com “cubas e tonéis”, impedindo que as forças do mestre penetrassem na vila.
Faltado entretanto a água nas cisternas do castelo, bem como a comida, enviou João Duque ao Mestre um sexo de burro cozido, acompanhado por duas laranjas, junto com uma trova “cuja conclusão era que, das carnes” só possuíam essa, pedindo “por mercê que lhe mandasse alguma carne fresca”, pedido que o Mestre acedeu, enviando carne para um dia aos seus inimigos, defensores do castelo.
Nos agradecimentos por este acto, João Duque pedia que o mestre “não levasse a mal ele defender o lugar, porque o fazia como leal vassalo de seu senhor” (D. Leonor Teles). Houve ainda um encontro entre o Mestre e João Duque para que este se rendesse, mas sem resultados, retomando-se as hostilidades.
Foi então descoberta uma conspiração para assassinar o Mestre de Aviz, à frente da qual estava D. Gonçalo Teles, irmão da rainha, e Ayres Gonçalves, que se tinham feito passar por partidários do Mestre. Presos os conspiradores, em 8 de Janeiro de 1385, um deles, Garcia Gonçalves, foi condenado à morte e queimado vivo à vista dos defensores do castelo.
Como vingança João Duque mandou cortar as mãos e os narizes de alguns prisioneiros pondo tudo ao colo de um deles, mandando-o assim ao Mestre.
Este, para se desforrar dessa crueldade mandou “lançar na funda do engenho dentro à vila os prisioneiros que tinha”, acabando contudo por não cumprir esta ameaça por “piedade” de última hora.
A conselho de Nuno Alvares Pereira, entretanto chegado a esta vila, que temia pela vida do Mestre, e também porque se iam realizar brevemente as cortes de Coimbra, que aclamariam o Mestre de Aviz como rei de Portugal, este acabou por levantar o cerco ao castelo de Torres Vedras em 15 de Fevereiro de 1385, sem o ter conseguido conquistar.
Muitos habitantes de Torres Vedras, temendo pela vingança dos castelhanos, acompanharam o mestre na sua retirada.
Até “um cego que morava no arravalde ouvindo como o Mestre partia deste feito com aquelas gentes, começou a bradar grande brados, rogando por deus que o levasse consigo, não ficasse em poder de tão má gente”. Nuno Alvares Pereira, com dó do cego, mandou que o colocassem nas ancas da mula em que já estava, seguindo este com o exército português.
(Se quiser saber mais sobre este episódio, podes ler as seguintes obras:
-Crónica de El-Rei D. João I, da autoria de Fernão Lopes ( fonte principal deste texto).
-Torres Vedras Antiga e Moderna, da autoria de Júlio Vieira
- O cerco ao castelo por D. João, Mestre de Aviz, em 1384-1385, da autoria de Carlos Guardado Silva, in Torres Vedras Antiga e Medieval ).
- O cerco de Torres Vedras em 1384-1385: uma releitura, da autoria de Ana Maria Rodrigues, in Espaços, Gentes e Sociedade no Oeste (…)).
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