Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Democracia e (ou?) Trumpismo!


Mais de 73 milhões de norte-americanos, pouco acima de 50% dos votantes, numa população de mais de 330 milhões, votaram em Trump e deram-lhe a vitória.

Com capacidade eleitoral estavam cerca de 240 milhões, tendo votado pouco mais de 140 milhões, dos quais cerca de 3 milhões votaram noutros candidatos que não os dois principais.

É assim a democracia, onde uma “grande minoria” de 22% (em relação à população total) ou de 30 % (em relação aos que têm capacidade eleitoral) pode obter o poder absoluto.

Contudo, quanto mais conhecemos a forma como funciona o sistema eleitoral norte-americano e o seu financiamento, mais perplexos ficamos sobre a verdadeira “democracia” e a “justiça” desse sistema, onde só dois partidos têm oportunidade de vencer, não possibilitando qualquer representatividade de minorias.

Claro que em França e na Grã-Bretanha, como vimos recentemente, a situação não é muito diferente.

É o problema dos sistemas de círculos eleitorais muito restritos, como nestes países europeus, ou do voto indirecto para um colégio eleitoral, como nos Estados Unidos, onde quem tem mais votos, mesmo pela diferença de um único voto, arrecada toda a representividade, dequilibrando a balança da equidade democrática.

Se juntarmos a isso o poder cada vez maior do sistema financeiro sobre os órgãos de comunicação social desse país, outro dos pilares que geralmente se lhe associa, o da “liberdade de expressão”, nos deixa cada vez mais perplexo.

Também por causa disso, nas democracias mais sólidas, existe todo um sistema de contrapesos que impede que uma "imensa minoria" se transforme em poder absoluto. 

Geralmente o que permite algum contrapeso no sistema norte-americano é a separação de poderes, mas alguns desses, como o judicial, estão cada vez mais dependentes do poder político e financeiro, só assim se explicando que Trump nunca tenha sido preso, pelos vários crimes de que é acusado.

Sobra alguma independência dos vários Estados Federais e o forte peso do tradicional associativismo de cidadania, sem esquecer que mais de 70% dos norte-americanos não estiveram com Trump.

Se a tudo isso associarmos o facto de o partido de Trump controlar todos os órgãos políticos (o senado e o congresso), e que esse candidato assumir a ruptura com todo o sistema político democrático norte-americano, a sua vitória, se bem que democrática, não deixa de ser preocupante para quem acredita nos valores de uma democracia saudável, da liberdade, do humanismo, da igualdade e do equilíbrio económico-social.

É a democracia a funcionar, sim senhor, mas também foi a democracia que levou Hitler ao poder, sem esquecer que foram “democracias”, algumas até menos viciadas que a norte-americana, que levaram ao poder Putin, Milei, Bolsonaro ou Órban, e que vai ser a democracia que está à beira de levar ao poder uma Le Pen…

Tempos complicado se avizinham.

Mas, como dizia um amigo meu, já desaparecido, quando os resultados eleitorais não nos agradavam, “não te preocupes, muitos dos que votaram neles [em Trump neste caso] vão sofre mais as consequências nrgativas das sua políticas que tu ou eu”.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Breve reflexão sobre as presidenciais norte-americanas por Pedro Caldeira Rodrigues (jornalista)


"À parte do superficial espetáculo mediático, de um efetivo entretenimento, 
diversos e atentos observadores têm assinalado qual a escolha obrigatória que se coloca aos eleitores norte-americanos nas eleições presidenciais de 5 de novembro de 2024: uma avalanche suprematista, reacionária e autoritária protagonizada pelo candidato do Partido republicano e ex-presidente Donald Trump, ou o prosseguimento de um império neoliberal assolado por fortes desigualdades sociais e pelas bombas norte-americanas que há mais de um ano caem sobre Gaza, e
depois sobre o Líbano.

Diversos académicos e intelectuais de renome interrogam-se crescentemente sobre a sanidade da democracia norte-americana, também devido aos crescentes custos das campanhas que impõem uma espécie de plutocracia e que sugere serem os doadores, os financiadores, quem escolhe antecipadamente o futuro ocupante do Gabinete Oval.

Outros consideram que as instituições estão impregnadas de racismo, fanatismo, corrupção, com opiniões polarizadas num país fraturado. A direita radical insurge-se contra uma elite estatista que acusa de ter falsificado as eleições de 2020, a esquerda militante considera o processo eleitoral antidemocrático devido ao peso de um Colégio eleitoral que favorece os estados pouco povoados.

Começou a evocar-se o espetro da guerra civil, debateu-se o facto de a Constituição ser omissa sobre a possibilidade de reeleição de um Presidente condenado, a dessacralização de instituições profundamente abaladas após o assalto ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o controlo do Supremo Tribunal pelo “trumpismo”, ou o recuo no direito de a mulher decidir sobre o seu próprio corpo.

Trump e a constelação que o rodeia preenchem listas de inimigos, apoiados pelos representantes do “capital inovador” e proprietários de redes sociais, onde se destaca Elon Musk. MAGA (Make America Great Again), é o seu slogan, assente na obtenção de dinheiro por todos os meios, também pela exploração desenfreada das riquezas naturais.

Depois, mobilizar o Exército contra os “inimigos internos” e os migrantes, expulsar muitos milhões, perseguir os media e o pensamento desalinhado. A sua rival democrata acusou-o, literalmente, de “fascista”.

Mas após a sua apressada nomeação pelo Partido democrata devido às crescentes deficiências cognitivas de Joe Biden, Presidente em exercício, Kamala Harris não hesitou em convocar centenas de figuras conservadoras ou antigos colaboradores ou colaboradoras de ex-presidentes republicanos, onde se incluem o ex-vice-presidente Mike Pence, um evangélico tradicionalista, John Kelly, chefe de gabinete na presidência de Trump ou Dick Cheney, antigo vice-presidente
neoconservador de George W. Bush, mentor das guerras dos EUA no Afeganistão e Iraque após o 11 de setembro de 2001 e dos programas de torturas secretas da CIA.

Nas primárias do Partido democrata de 2019, onde ocorreu contra Biden e o veterano “esquerdista” Bernie Sanders, Kamala apresentou um programa virado para as classes médias e parte do setor empresarial, com promessas dirigidas à sua esquerda, em particular segurança social para todos ou um New Deal verde.

Entretanto, mudou de posição, e durante campanha eleitoral para as presidenciais recuou na promessa de proteção social global, prometeu expandir o muro fronteiriço, permitir novas prospeções petrolíferas, omitindo as questões climáticas. E foi incapaz de sublinhar uma efetiva e positiva “grande alteração” ocorrida nos últimos quatro anos.

O duo Biden-Harris foi também totalmente cúmplice dos implacáveis bombardeamentos israelitas sobre Gaza que se seguiram ao violento ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel. Enquanto os protestos eram duramente reprimidos, sobretudo nas universidades, e que denunciavam a mortífera cumplicidade com Israel de Biden, apelidado de “Genocide Joe”, Kamala Harris demonstrava firmeza no apelo à libertação dos reféns israelitas que permanecem em Gaza mas reservas em apelar a um cessar-fogo imediato, e argumentava com o “direito de Israel a defender-se” para justificar o contínuo envio de armamento.

Como na contestação à guerra do Vietname ou ao ‘apartheid’, a causa palestiniana mobilizou os espíritos, fomentou novas solidariedades entre estudantes com diversas perspetivas, judeus e muçulmanos, e causou embaraço na liderança do Partido democrata. As universidades norte-americanas envolvidas nos protestos afirmaram-se como contrapoderes e bastiões de um pensamento livre num país que foi perdendo o hábito de lidar com opiniões divergentes. Uma população atomizada e sob tutela, sintomas de uma democracia doente, carente de revitalização. “Uma primavera americana que arrisca tornar-se num longo outono”, na expressão de Thomas Dodman, professor na universidade Columbia, Nova Iorque.

O apoio, na prática incondicional, da administração Biden-Harris ao genocídio em Gaza e à deriva extremista, colonial e expansionista do Executivo israelita poderá ser determinante para o resultado final em 5 de novembro. Mesmo sabendo que com o regresso de Trump à Casa Branca – apoiado pela influente e milionária corte de teleevangelistas e cristãos sionistas –, Benjamin Netanyahu terá novo alento para prosseguir a “limpeza”, o projeto do Grande Israel e a concretização da profecia bíblica do “regresso do Messias à Judeia e Samaria”, a designação que atribuem à Cisjordânia ocupada".

Pedro Caldeira Rodrigues

4 novembro 2024

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Nobel da Paz – Uma surpresa merecida e actual


O Nobel da Paz foi esta manhã atribuído a uma organização japonesa de vítimas das bombas atómicas, a Nihon Hidankyo.

Fundada a 10 de agosto de 1956, essa organização tem vindo a trabalhar “incansavelmente para sensibilizar as pessoas para as consequências humanitárias catastróficas da utilização de armas nucleares”.

O comité norueguês do Nobel resolveu galardoar essa associação "pelos seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar através do depoimento de testemunhas que as armas nucleares nunca mais devem ser utilizadas".

Recorde-se que a única vez que as armas nucleares foram usadas contra populações civis foi em 1945, pelos Estados Unidos, que mataram centenas de milhares de pessoas, no imediato ou pelas consequências ao longo do tempo.

Sabe-se hoje que esses bombardeamentos não acrescentaram nada ao desfecho da guerra, já que o Japão se tinha prontificado à rendição antes desse ataque nuclear. Os norte-americanos protelaram propositadamente essa rendição pois tinham necessidade de mostrar o seu poder militar aos aliados soviéticos. Para muitos, esse ataque nuclear, mais do que o acto final da 2ª Guerra, foi o inicio da Guerra Fria, uma demonstração de força para mostrar quem “mandava” no mundo a partir daí.

A escolha, se foi uma surpresa, parece-nos bastante actual e merecida, e um grito de alerta para o crescente clima de militarismo irresponsável que cresce por esse mundo fora, à boleia dos muitos interesses que se escudam na crise do Médio Oriente e na Guerra da Ucrânia.

O clima dominante entre a classe política ocidental e do comentário político é o a defesa da corrida armamentista, diabolizando o pacifismo.

Ao atribuir o Nobel a uma organização pacifista, que alerta para o perigo de uma escalada militar que irá sempre desembocar numa guerra nuclear, localizada ou não, o comité norueguês põe em causa toda essa retórica militarista, que, da NATO à União Europeia, de Zelensky a Putin, dos regimes proto fascistas de Teerão e Telavive, tem vindo em crescendo nos últimos tempos.

Para esses, a retórica da militarização nuclear tem vindo a normalizar a defesa da corrida aos armamentos, principalmente o nuclear, e o da possivel utilização desse tipo de armamento nos actuais conflitos.

Essa mesma gente procura desvalorizar e ridicularizar os defensores da paz, ora acusando-os de “apoiantes de Putin” , ora de “apoiantes dos terroristas do Hamas”, ou, no caso da Rússia putanista ou do regime fundamentalismo iraniano, nem opinião podem ter, sendo imediatamente encarcerados.

Esse prémio tem, desde já o mérito de recolocar no centro das preocupações humanitárias a defesa da paz, valorizando as organizaçãoes e pessoas que o fazem, em especial a ONU.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Em defesa da comunicação social pública


Começo a minha manhã informativa a ouvir a Antena 1, no carro, durante o dia, continuo na Antena 1, por vezes vou à 3 ou à 2, à noite circulo entre a RTP 3 e RTP 2.

Fora da comunicação pública consulto os jornais, as rádios e as televisões que mais se aproximam de um serviço público, isto é, mais pluralistas nas opiniões, que fazem reportagem jornalística, que remam contra a maré dos top´s na divulgação “opinativa”, artística, cultural e musical, tais como os jornais Público, Diário de Notícias e Jornal de Letras, as rádios M80 e Radar, e, raramente, alguma informação e debate na CNN Portugal….o resto, com raras e honrosas excepções, é sempre mais do mesmo ou a voz do dono (dos grandes interesses financeiros, políticos e empresariais, que lhes pagam para isso).

Por isso parece-me cada vez mais importante a existência de uma informação e divulgação variada, pluralista, cuidada, tolerante, na política, na cultura, na vida social, que invista na reportagem, tudo o que, mesmo com erros e limitações, só a comunicação social pública, principalmente a RTP , Antena 1 e a LUSA vão fazendo, tudo o que, infelizmente, está cada vez mais ausente dos órgãos de comunicação social privados, apenas preocupados com audiências, em agradar aos “donos”,em correr atrás da cloaca das redes socias, em divulgar o que uma opinião pública cada vez mais anestesiada e acrítica pretende consumir.

Por isso, é preocupante o que se anuncia por aí para limitar o financiamento, logo o trabalho de qualidade, dos órgão de comunicação social públicos, no fundo uma forma indirecta de "censura".

Esperemos que seja apenas um devaneio passageiro. Mas devemos estar atento aos desenvolvimentos.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Ana Moura e os comentadores “pornohube”.

Entre o misógino e o machista, os habituais “comentadores  pornohube” viraram-se para as redes sociais, para “comentar” o “loock” arrojado da fadista Ana Moura nos Globos de Ouro.

A maior parte desses comentários roça a mais reles boçalidade, muitos ignorando a inovação que Ana Moura introduziu no fado português.

O que interessa a essa gente é o chinfrim das redes sociais, os 15 minutos de fama que lhe é atribuída à frase mais badameca.

Coincidência ou não, muito dessa gente é a mesma que anda por aí a apoiar os massacres de Israel ou outras “causas” como o discurso xenófobo, racista e militarista. Não há coincidências.

A obra musical de Ana Moura está muito acima desses comentários rascas.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

O governo terrorista de Israel e a Banalização do Mal!!

 


O governo terrorista de Israel e as organizações terroristas que aplicam a sua política de terra queimada, a IDF (Forças Militares Israelitas) e a MOSSAD ( a Gestapo local), praticam todos os dias, há décadas, mas especialmente durante o ultimo ano, os mais hediondos crimes de guerra, com a benevolência ocidental, que arma esses terroristas.

Comparados com a acção desse bando terrorista, organizações terroristas como o Hamas o Hezbollah ou o Estado Islâmico fazem papel de meninos do coro…

Recorde-se, aliás, que quem introduziu no Médio Oriente o terrorismo como método de acção política foi Israel, na sua luta contar a presença britânica no pós-guerra-

Vejam a diferença de tratamento que o dito “ocidente” e a maior parte dos seus “comentadores” e jornais dão aos crimes diários praticados por Israel e aos crimes diários (mas em menor grau, diga-se de passagem…) praticados na Ucrânia.

A Rússia foi banida de quase todos os eventos culturais e desportivos, Israel continua todos os dias a participar nesses mesmos eventos, integrados  muitos desses eventos em representação da  Europa (???).

Igualmente inconcebível é a posição do poder ucraniano em relação a Israel. Não se percebe como é que a Ucrânia, vítima de uma agressão idêntica àquela que é todos os dias praticada pelo governo terrorista de Israel, se recuse a condenar a acção israelita.

Não perceberam ainda que essa posição e a posição ocidental de “dois pesos e duas medidas” estão a contribuir para reduzir o apoio da opinião pública mundial, principalmente a que vive fora da Europa, para a sua causa?

Aliás, quem, e bem, critica a invasão da Ucrânia e a acção do governo russo, mas, e mal,  tenta justificar a acção do governo terrorista de Israel, ou diz apoiar o povo ucraniano mas nega o apoio aos palestinianos, perde toda a legitimidade moral para defender as suas posições.

O governo terrorista de Israel, com os seu crimes diários, está a emporcalhar e  a envergonhar a memória das vítimas do Holocausto, o que nos leva a pensar que os actuais lideres desse estado terrorista não descendem dos judeus perseguidos mas dos kapos, ou até de nazis que se infiltraram entre os refugiados judeus, fazendo-se passar por eles para escaparem a serem julgados como criminosos de guerra.

A  acção terrorista desse governo é o mais contributo para o preocupante crescimento do antisemitismo, ao acusar qualquer critica, por mais moderada, à sua acção crimininosa de "antisemita", confundindo o antisemitismo com o antisionismo.

Claro que o estado terrorista de Israel está rodeado por países igualmente governado por gente pouco recomendável, entre ditaduras sanguinárias e extremistas religiosos.

A maior parte desses estados nada fazem para proteger os palestinianos, por razões de xenofobia ou por fundamentalismo religioso.

Contudo, a questão não é o asilo de palestinianos, mas a construção de um Estado Palestiniano onde possam conviver todas as religiões da região e a população nativa, com ou sem religião.

Aliás, tem sido contra isso que foi criado o Estado de Israel, um Estado religiosamente fundamentalista, um Estado de Apartheid,  onde existem cidadãos de primeira, os judeus, e uma população de segunda, com menos direitos, todos os não judeus. Enfim, uma “verdadeira” “democracia liberal” para uns, se forem judeu, mesmo que não tenham nascido em Israel, e uma ditadura radical para todos os outros habitantes desse território.

É essa banalização do mal que o “ocidente”, com a conivência de países como a Ucrânia, continuam a alimentar, colocando o mundo à beira do abismo….mas a industria militar e quem a financia agradecem!!!

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Imagens da Festa do Avante 2024

 





















"SONS DE GUITARRA PARA CARLOS PAREDES", com Luísa Amaro, Mafalda Lemos e Gonçalo Lopes








ANA LUA CAIANO:













ESPAÇO DAS ARTES : "Em Cada Rosto Igualdade", projecto com utilização de "Câmara de Desenhar", com a colaboração do público e coordenado por Mário Rainha Campos:




"Os Valores de Abril na Arte Pública Portuguesa", exposição de Fotografias de Pedro Soares:




























TCHEKA (Cabo Verde) e MÁRIO LAGINHA:











BIA FERREIRA (Brasil) com Eva Rap Diva, Dino D´ Santiago e com a pintora plástica Mázinha
















SÉRGIO GODINHO & os ASSESSORES, Com CAPICUA:













THE LEGENDARY TIGERMAN