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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

MORREU O "VIZINHO ARISTIDES"...

 
Durante alguns anos vivi na Av. 5 de Outubro, aqui em Torres Vedras, uma espécie de Avenida da Liberdade cá da terra.
Percorrendo essa  avenida várias vezes ao dia, a partir de certa altura comecei-me a cruzar frequentemente como um senhor de origem africana, já com alguma idade, e que eu, até aí,  só conhecia dos livros e dos documentários sobre a guerra colonial.
Era uma das minhas figuras de referência e um dos homens bons na política africana.

De tanto nos cruzarmos, acabámos por nos cumprimentar educadamente, pois ele vivia na mesma avenida, onde tinha comprado um andar, depois de ter começado a frequentar Torres Vedras, por causa das Termas dos Cucos.
A partir de certa altura encontrei um livro de memórias da autoria desse meu ilustre vizinho e comecei a andar com ele sempre que me lembrava para lhe pedir um autógrafo.
Acontece que, quando levava o livro, não o encontrava, e quando me cruzava com ele tinha-me esquecido do livro.
Depois mudei de poiso e ele deixou de aparecer cá por Torres Vedras, a não ser de longe em longe.
Hoje recebi a triste notícia de que tinha falecido o meu o meu vizinho Aristides …Aristides Pereira:

A Crónica de Miguel Esteves Cardoso : "Não ao capitalismo".


"A guerra fria acabou quando a Rússia e a China se entregaram ao capitalismo. Mas o maniqueísmo da guerra fria continua, noutra forma. Este Verão, Charles Moore, o exemplar jornalista conservador, ex-director do Spectator e do Daily Telegraph, tem confessado - tanto naquela revista como naquele jornal - que está a ganhar ódio ao capitalismo.
"Estranhamente, refere-se a Marx, com medo que se esteja a tornar marxista. É este o estranho maniqueísmo do século XXI. Ser-se anticapitalista não é ser-se marxista. Ou comunista. Ou católico. Ou anarquista. Ou seja o que for.
"Moore, como outros conservadores e liberais esclare­cidos, acha que rejeitar o capitalismo e concordar com o que dizem antigos inimigos, politicamente à esquerda deles, é uma traição excitante. Muito pelo contrário: é o facto de os regimes ditadoriais e não-democráticos, como é o caso da Rússia e da China, se darem melhor com o capitalismo comercial e genuíno do que com o pseudocomunismo do capitalismo dito “de Estado”, que nos deveria preocupar. Cheira mal.
"Sou anticapitalista porque sou um democrata conser­vador e liberal que acha injusto que quem tenha dinheiro - por muito legitimamente ganho - tenha poder. É o que está a acontecer agora.
"O poder e o capital, seja qual for a cor política, amanteigaram-se. O capitalismo é o sistema de poder dos ricos e o sistema de riqueza dos poderosos e está mal - ou muito do­ente - independentemente da cor política que se tenha"

in Público, 21 de Setembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A INFORMAÇÃO QUE [NÃO] TEMOS


Em Espanha, uma greve geral de professores em defesa do ensino público, entra no segundo dia e anima o debate público no país vizinho.

Em Nova Iorque algumas centenas de jovens, imitando o movimento dos “indignados” assentam arraias há vários dias em Wall Street.

São mil e um pequenos e grandes acontecimentos que descobrimos na imprensa internacional aqui na net, que nem sequer são comentados na comunicação social portuguesa (nomeadamente nas televisões, que é o que conta para a [de]informação da opinião pública).O máximo que algumas dessas notícias podem almejar por cá é poderem passar naquelas irritantes notas de rodapé, de preferência rapidamente e cheias de erros e imprecisões, e que só contribuem para dispersar a nossa atenção do que se passa no écran.

Entretanto todos os canais repetem até à exaustão as mesmas notícias, os mesmos temas , as mesmas ideias, os mesmos comentadores e entrevistados…então se o tema for o futebol!!!

Quem pensava que a diversidade de canais televisivos trazia diversidade de ideias e de informação enganou-se ( e enganou-nos) redondamente.

Os três canais informativos por cabo chegam a dar, ao mesmo tempo, a mesma conferência de imprensa, a discussão sobre o mesmo tema e muitas vezes, se não os mesmos comentadores, todos a pensar da mesma maneira, apenas com ligeiras nuances para dar algum colorido à coisa.

Em vez de reportagem, temos cada vez mais comentário, em vez de debate pluralista, temos cada vez mais “especialistas” de tudo e coisa nenhuma que, no essencial , pensam da mesma maneira, em vez de diversidade, o domínio do pensamento único…

Claro que existem excepções, mas a regra é aquela

O incrível Marinho Pinho aparece nos debates em representação dos advogados, como se todos os advogados pensassem como Marinho Pinho…

Os mesmos ex-ministros que conduziram o país aos descalabro são ouvidos por tudo e por nada sobre a crise, e ainda têm o descaramento de darem a sua opinião e conselhos, e desta ser respeitada pelos jornalistas, sem recurso ao contraditório..

E quando não há “casos” para debater, inventam-se, forçando declarações ou distorcendo interpretações como aquela cena incrível de ontem, na SIC notícias:

Cavaco Silva está de visita aos Açores. Em vez de fazer a pergunta a Cavaco, o jornalista pergunta ao presidente do governo regional dos Açores (cito de memória, as palavras não terão sido exactamente estas, mas o sentido é o mesmo) se achava que as entidades responsáveis em Portugal sabiam do descalabro financeiro da Madeira. César responde que sim; o jornalista insiste se ele acha que o presidente da República também sabia, respondendo o interlocutor que acredita que ele sabia. De seguida o mesmo jornalista vai ter com o Presidente da República para ele comentar…as afirmações de César…

…e é assim que se vai fazendo jornalismo em Portugal….

Cada vez mais recorro ao Travel, à National Geographic , às séries e filmes, para fugir à miséria franciscana da nossa comunicação social televisiva…e ainda querem criar outro canal?...

OS "BONECOS" DO ANTERO:

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O RESPIGO DA SEMANA - PEDRO TADEU ANALISA O CASO DA MADEIRA

"Prender Alberto João? E os outros todos? Não?
por PEDRO TADEU
"Já vi uma capa de jornal com a fotografia de Alberto João num cartaz, ao estilo faroeste, sob o título "wanted". Já li dezenas de crónicas a acusar do pior o homem que impede a imprensa madeirense de ser livre. Já ouvi inúmeras frases de políticos e, até, de um primeiro-ministro, a classificar de "muito grave" o resultado do comportamento do líder regional que é capaz de alegar "estado de necessidade" para enganar as contas do Estado em mil milhões.
"Quero alinhar com os puritanos justiceiros mas, perante tanta unanimidade, ainda por cima acompanhada pela garantia de um inquérito da Procuradoria-Geral da República - o que, diz a História, é prometer a ineficácia e a confusão total da justiça -, hesito...
"Onde estão os presidentes de Tribunal de Contas que, ao longo de décadas, se limitaram a remeter para inócuos relatórios e pálidas recomendações o crónico incumprimento de regras para um registo fiável das contas do Governo Regional da Madeira? Onde estão os ministros das Finanças e os secretários de Estado do Orçamento que ignoraram todos os sinais e alertas? Onde estão os presidentes do Instituto Nacional de Estatística e os governadores do Banco de Portugal que precisaram de uma troika estrangeira para aprender a somar e a diminuir as parcelas enviadas do Funchal? Onde estão os magistrados que nunca acharam ali matéria de inquérito?
"Não deviam ser investigados os primeiros-ministros que aceitaram sempre pagar mais a Jardim? Não deviam ser investigados os deputados que redigiram uma lei que penaliza com um máximo de 25 mil euros quem faz trafulhices contabilísticas no Estado? E os governos que negociaram votos de deputados do PSD/Madeira para aprovar diplomas na AR? E os que perdoaram as dívidas do Governo Regional? E os que sexta-feira votaram contra ou se abstiveram (CDS, PSD e PS) num projecto para auditar as contas do Governo da Madeira? Não são todos culpados de alimentar o vício?
Estamos assim tão seguros de que as contas do Governo central, dos Açores ou das câmaras de Lisboa e Porto estão certinhas? Não vamos ter mais surpresas de milhares de milhão? Juram? Ou é melhor não mexer mais na lama, para não acabarmos todos enterrados?
"Já nem exijo que se vá ver onde foi parar tanto dinheiro, nem quantas fortunas foram feitas à conta desta loucura financeira. Parece que sobre isso, pelos vistos, não há suspeitas. Peço, apenas, que não transformemos o horrível Jardim num bode expiatório.
"O Continente tem tanta culpa neste cartório como a Madeira, seja pela omissão, seja, pressente-se, pela vergonhosa cumplicidade".
(in Diário de Notícias - online, 20 de Setembro de 2011).

UMA MISTURA POUCO ORTODOXA - Lou Reed & Metallica

Está para breve o lançamento do novo albúm dos Mettalica, que conta com a colaboração de Lou Reed. Uma mistura pouco ortodoxa e de cujo resultado fica aqui uma pequena amostra:

...EM BRUGES - 3 - Por pontes e canais...














domingo, 18 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

DIAS DO FIM DA EUROPA - 1 - Uma cimeira inútil, cheia de gente inútil...

(Fonte: The Independent)

Lê-se no editorial de hoje do Público:
“Ontem, os ministros das Finanças da zona euro reuniram-se para nada decidir. Mesmo assim, não se coibiram de viajar até á Polónia para uma encenação indecorosa do seu próprio vazio, com os gastos inerentes, que não são certamente poucos. Todos eles sabem, como nós, que a Grécia está há muito tempo numa situação terrível e que, com ela, a Europa treme sem solução à vista. Os gregos só têm, já o disseram abertamente, dinheiro para pagar salários e pensões até Outubro. Ou seja, estão numa situação de óbvia pré- falência. Perante isto, em lugar de decisões e reuniões conclusivas, sucessivas se necessário fosse, os líderes europeus acenam com desacordos e adiamentos. A Grécia que espere, disseram, mais um mês. Ora um mês de espera, para a Grécia, é uma eternidade. E para a Europa, no seu todo, é quase um insulto. O conselho informal de ontem em Wroclaw, na Polónia, pela sua comprovada inutilidade, devia obrigar os participantes e respectivos países ao reembolso de todas as despesas. Que servisse, ao menos, para pagar alguma coisa útil, por pouco que fosse. Os líderes europeus continuam a brincar com o fogo, ignorando, ou fingindo ignorar, que a fogueira já os cerca da forma inapelável.”
(“UMA INDECISÃO QUE VAI SER MUITO CAR”, in Editorial, Público, 17 de Setembro de 2011).
…assino por baixo….

FILMES DUMA VIDA - 94 - ...Em Bruges

Um "buraco" chamado Alberto João Jardim.

O REI VAI NU (Henricartoon, por especial deferência do meu amigo Fernando Sarzedas)

Todos os dias aparecem novos “buracos” nas contas públicas para nós pagarmos.
Se até aqui se podia culpar o engº Sócrates ou o srº Constâncio pelos buracos todos, desta vez não se lhes pode atribuir a responsabilidade pelo buraco da Madeira.

Será curioso ver como é que o governo de Passos Coelho vai agir desta vez:

Vais expulsar João Jardim do PSD, por abuso de confiança? Vai instaurar um inquérito rápido, rigoroso e independente às contas da  Madeira, instaurando processos judiciais e levando para a prisão os responsáveis, depois de os obrigar a pagar até ao mais ínfimo cêntimo tudo o que roubaram aos cofres do Estado e aos bolsos dos portugueses do “contenente”? Vai, no mínimo, retirar apoio político a uma nova recandidatura do soba da Madeira?
Se não fizer nada disto, se tudo se ficar por uma multa máxima de 25 mil euros (!!!), como se refere hoje no Diário de Notícias, esfuma-se de vez o crédito deste governo como paladino do combate à fraude e à corrupção generalizadas da classe política do centrão e do mundo financeiro  que nos levaram à situação actual.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

UMA VISITA AO CENTRO BELGA DE BANDA DESENHADA (BRUXELAS)


O Centro Belga de Banda Desenhada é um lugar de visita obrigatória a quem se desloque a Bruxelas.
Instalado numa antiga fábrica, um edifício ao estilo Arte Nova da autoria de Victor Horta, esse museu reúne várias exposições temáticas, umas permanentes,outras rotativas e outras

Um espaço permanente mostra a evolução dos principais heróis da BD criados à volta, entre outras,  das revistas “Tintin” e “Spirou”, esta última ainda em publicação.
O espaço Saint-Roche divulga rotativamente 200, das 7mil pranchas originais existente em arquivo nesse centro.
Para quem, como eu, cresceu nos anos 60 e 70 à volta da leitura da BD franco-belga, é sempre emocionante encontrar as pranchas originais de aventuras lidas há muitos anos.
Existe ainda uma secção dedicada às várias fases de produção de uma BD, desde o esboço original, entre eles um esboço, amarrotado, para a criação dos Schtroumpfs ( e não Smurfs, como agora se diz…), e a publicação final.
Na semana em que lá estivemos  estava uma exposição temporária dedicada à paixão de Bob De Moore pelos descobrimentso e outra às  fotografias de Daniel Fouss que, entre 1989, ano da fundação do Centro,  e 2009, acompanhou vários dos momentos da vida daquele espaço.

De destacar a recordação de Carlos Roque, o único português representado neste Centro, por ter trabalhado muitos anos para as principais publicações belgas.
Aconselhamos ainda uma visita à loja do centro e à sua livraria, recheada por milhares de álbuns de BD.
Aí descobri um curioso e volumoso livro onde estão catalogadas todas as edições em álbum de BD, desde o inicio, e o seu valor para coleccionadores, do género daqueles catálogos que por cá existem para os selos e as moedas.
Aliás, toda a cidade de Bruxelas “respira” banda desenhada, desde os gigantescos murais nas fachadas de alguns prédios, que reproduzem e recordam alguns dos mais famosos heróis de BD, às lojas imensas, exclusivamente dedicadas à 9ª arte, até aos alfarrabistas e lojas de coleccionismo onde a BD ocupa um espaço de destaque.
Agora convido-vos a uma “visita” ao Centro belga de Banda Desenhada: