O tratamento dado pela comunicação social e pela oposição de direita à
Ministra da Administração Interna foi ignóbil.
Se existem responsáveis pela tragédia que o país viveu nos últimos
meses, Constança Urbano de Sousa, que terá as suas responsabilidades políticas,
não é a pessoa com mais responsabilidades pelo desordenamento regional e
florestal que conduziu o país à catástrofe.
Claro que, no jogo de aparências em que se transformou a politica
nacional, era preciso encontrar bodes expiatórios para desviar a atenção dos
verdadeiros responsáveis pela decadência da nossa floresta e pela
desertificação do nosso país.
Claro que , depois de se ter repetido a tragédia de há quatro meses e
depois da intervenção do Presidente da República, tornou-se obvio que a manutenção
da actual equipa do Ministério da Administração Interna estava condenada a
prazo e este parece ter sido o momento certo para isso acontecer, dias depois
de nova tragédia e em vésperas do conselho de ministros extraordinário previsto
para a próxima 6ª feira.
Quanto a nós esta demissão deve ser uma oportunidade para chamar a
funções membros da Comissão Técnica Independente que analisou a causa dos
fogos, apresentando propostas, que devem ser postas em prática.
Agora que a voracidade da oposição e da comunicação social por um bode
expiatório teve consequências, abre-se caminho para se exigir que se vá mais
longe na responsabilização pela situação, cortando-se a eito, de alto a baixo e
ao longo do tempo:
- os incendiários devem ser punidos exemplarmente e as suas motivações
devem ser investigadas, ao mesmo tempo que se deve englobar esse crime no
âmbito de crime de “terrorismo “,
agravando as mesmas penas;
-a irresponsabilidade cívica dos que deixam as terras ao abandono, não
limpam aquilo que lhes pertence, acumulam lixo de todo o tipo junto de anexos e
casas, fazem queimadas ilegais, deve ser agravada penalmente;
- a incompetência que algumas autoridades locais (freguesias e municípios)
demonstraram em fiscalizar aqueles actos criminosos, na denuncia daquelas
situações junto das autoridades e na responsabilidade que têm na autorização de
construções urbanas , industrias e rurais sem atentarem na segurança dos seus
habitantes, devem ser fortemente denunciadas e investigadas, com consequências penais
e politicas pesadas;
- a incompetência dos ministérios da administração interna, da agricultura
e da justiça ao longo dos últimos 30 anos, responsáveis por enxamearem com “boys”
incompetentes as instituições responsáveis pela prevenção e combate aos incêndios
e pelo ordenamento do território e da sua floresta, deve ser investigada e
denunciada publicamente, com pesadas consequências penais e politicas ( e aqui
ninguém se pode ficar a rir, não é srº Asssunção Cristas??);
- os responsáveis pelos cortes cegos (os “troikistas”) que levaram à extinção dos governos civis, ao
encerramento de serviços essenciais que contribuíram para acelerar a
desertificação e empobrecimento do interior, à extinção se serviços essenciais
a nível da prevenção, vigilância e combate aos incêndios na nossa floresta,
devem ser igualmente conhecidos publicamente e devem responder criminalmente e
politicamente pela consequência dos seus actos.
Quem abriu a caixa de Pandora, deve agora aceitar as consequências de
uma “caça às bruxas” que afaste de vez da responsabilidade politica, económica
e da social todos os responsáveis pelo nosso desordenamento florestal e
regional que conduziu o país ao desastre.
Quem usou métodos ignóbeis para acusar uma ministra deve estra
preparado para receber como ricochete o mesmo tratamento, principalmente se não
tem as mãos limpas nem é isento de responsabilidades neste processo todo, como
acontece com muitos dos detractores da ministra agora demitida.
Absolutamente de acordo!!!
ResponderEliminarTodos os politicos que passaram pelos governos nos ultimos 40 anos têm a total responsabilidade destas tragedias. Todos contribuiram para o desordenamente do território e desertificação do país.
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