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terça-feira, 5 de novembro de 2019

SÓCRATES VAI-SE “SAFAR”!?!!!?



Que não restem dúvidas: nutro por José Sócrates e tudo o que ele representa o maior desprezo intelectual e político.

Sempre exprimi aqui tudo o que penso da “chico espertíce”, do oportunismo político e da falta de ética  que os anos da governação Sócrates representaram. Basta explorar o nosso tag “anti-Sócrates”.

Fi-lo numa época em que as suas políticas antissociais, o seu desprezo pelos professores, a sua bajulação pelo mundo da alta finança, a sua cedência aos ditames de uma União Europeia entregue às políticas de austeridade (pouco depois levadas ao limite por outra figurinha de triste memória, Passos “ir além da Troika” Coelho), eram incensadas e apoiadas com entusiasmo pela maioria dos comentadores e economistas do sistema, os mesmos que depois apoiaram com entusiasmo as medidas  desgraçadas da Troika, e que agora procuram sacudir Sócrates do “capote” .

Sócrates e Passos Coelho foram as duas faces da mesma moeda que tanto sofrimento causou neste país.

Contudo, essa “chico espertice”, esse oportunismo político e essa falta de ética e sentido de Estado na forma de fazer política, não só não são crime, como foram a base do cavaquismo, surgido nos anos de 1980, atitude que tanto fascinou e modelou toda uma geração de políticos formados nas “jotinhas” do centrão.

Contudo, sempre torci o nariz ao modo como foi conduzido o processo de acusação contra José Sócrates, a “Operação Marquês”.

Não porque tenha qualquer dúvida sobre os seus processos de actuação desonestos eticamente reprováveis, já revelados pelo próprio noutras circunstâncias, na forma como, junto de autarquias da Beira Interior, ainda antes de ser conhecido, deu cobertura a verdadeiras aberrações urbanísticas, ou no caso Freeport, nunca devidamente esclarecido.

O que me levantou dúvidas foi todo o modo como o processo foi conduzido, com uma prisão em directo na comunicação social, com o juiz que conduziu todo o processo até há pouco tempo mais interessado em comportar-se como uma estrela dos media e como comentador político, do que em fazer uma investigação célere e eficaz sobre as trafulhices de Sócrates, sem esquecer as fugas constantes de informação sobre o processo, que muito devem envergonhar o nosso sistema judicial, ao mesmo tempo que queimavam a validade das provas.

Mais preocupado em dar  espectáculo e dirigir um processo político, o herói da nossa extrema-direita, o juiz Carlos Alexandre, acabou por contaminar todo o processo, e agora, pelo que parece, Sócrates já pode sorrir.

O nosso Ministério Público devia ter aprendido com a forma como prenderam Al Capone.

Este não foi preso pelos seus crimes ou roubos, mas por fuga aos impostos.

Ou seja, um  criminoso inteligente, como o é José Sócrates, não deixou provas dos seus crimes financeiros e das suas obscuras negociatas, mas terá deixado rasto nos pequenos pormenores.

Infelizmente em vez de um Eliot Ness tivemos um Juiz Carlos Alexandre.

Se o juíz Carlos Alexandre, quisesse mesmo fazer justiça, em vez de exibir o espectáculo da sua vaidade pessoal, tinha construído um processo mais sólido , menos complicado, indo directo às acusações que podia provar, avançando logo para tribunal, em vez de criar um mega processos, onde se misturam acusações  fáceis de provar, com situações, talvez as mais mediáticas, difíceis de provar legalmente.

Primeiro reuniam-se as provas e depois prendia-se. O que se fez com Sócrates foi o contrário. Primeiro prendeu-se, com base em suspeitas previsíveis, iguais às que se podem apontar  a muito do políticos da “geração centrão”, e depois foi à procura de provas, atrás do “disse que disse” de uma comunicação social ávida de escândalos.

O resultado só podia ser desastroso, queimando a investigação nas labaredas dos títulos sensacionalistas do “Correio da Manhã”.

E assim  chegámos à situação actual.

Espero estar enganado, mas pelo que se vai sabendo, Sócrates vai safar-se desta e até se pode dar ao luxo de processar quem o acusa de falta de ética.

Perdem a democracia, a justiça e  os valores éticos.

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