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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Um "Contributo" para debater Tancos na campanha eleitoral.

Parece que a campanha eleitoral deixou de servir para esclarecer os objectivos e os programas de cada partido.

Agora discutem-se decisões do tribunal e, à falta de um programa para apresentar aos eleitores ou para fazer esquecer a falta  de idéias novas ou o passado recente de alguns, Tancos passou  a ser o tema em discussão.

Aqui fica o nosso contributo para tão "interessante" e "esclarecedor" debate eleitoral:

¿Pintas o dibujas? Um Exposição da BD espanhola na Corunha

BêDêZine: ¿Pintas o dibujas? (clicar para ler e ver).

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Deixem Greta Thunberg em paz!



Tudo o que é “bicho neoliberal”,  por esse mundo fora (Portugal incluído), iniciou um ataque sem escrúpulos à jovem activista Greta Thunberg.

Talvez porque ela conseguiu explicar, com palavras simples, mas firmes, falando de cima, que a sociedade que os neoliberais construíram nas últimas décadas é  responsável pela acelerada degradação ambiental.

Não conseguindo desmontar ou desmentir cientificamente as preocupações ambientais de Greta, acusam-na de populista por  criticar os políticos “democráticos” (Trump e Bolsonaro???), pondo assim em causa o sistema politico “liberal”.

Acusam-na de por em causa a “liberdade” de escolha das sociedades ocidentais, ou seja o “consumismo” em que assenta o modelo económico capitalista actual.

É que aquilo que Greta demonstra e denuncia mostra a forma como o funcionamento sem freio dos “mercados”, cuja “liberdade” é tão querida àquela seita neoliberal, se revela o principal factor que tem contribuído para a rápida destruição do planeta.

Não perdoam que a simplicidade e a verdade do discurso de Greta Thunberg mobilize milhões de crianças, jovens e adolescentes, despertando-os para a denuncia do modelo económico neoliberal, como um sistema de rapina dos recursos da Terra e que conduzirá essa geração a viver num mundo inabitável.

De facto, os neoliberais esqueceram-se de um principio do liberalismo que dizem defender, que é aquele que diz que a liberdade de cada um acaba quando começa a liberdade do vizinho, ou seja, a liberdade de destruir os recursos da terra, em nome de um desenvolvimento permanente do consumismo neoliberal, termina quando põe em causa o futuro da vida na terra e da vida das próximas gerações.

Ou, parafraseando um velho ditado índio, Greta vem recordar-nos que “herdámos a Terra…dos nossos filhos”!

O Cartoon da Semana


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Onde estão os verdadeiros “social democratas”?



Anda por aí um debate entre partidos e comentadores para saber quem é o verdadeiro social-democrata.

Em termos gerais a social-democracia tem origem numa ruptura no movimento operário, entre os que defendiam a revolução para conduzir a classe operária ao poder, para acabar com a exploração capitalista, posição que esteve na origem do movimento comunista nas suas mais diversas tendências, e os que defendiam que a emancipação da classe operária se devia fazer pela via democrática, participando em eleições, em lutas legais, principalmente através dos sindicatos, com o objectivo de reformar o capitalismo por dentro.

As diferenças são bem mais complexas do que isso e o próprio movimento social-democrata acabou por seguir caminhos diversos (leia-se, a propósito, AQUI, um interessante resumo da história da social-democracia).

Com a Terceira Via (de Blair, Sócrates, Zapatero, Schroder e outros) a social-democracia acabou por trair todos os seus valores originais e tornou-se um dos principais pilares do neoliberalismo triunfante, deixando de defender aqueles que diziam ( e ainda dizem) defender.

Em Portugal não é totalmente incorrecto designar o PSD, o PS e até o BE de “social-democratas”, pois cada um deles defende as diferentes perspectivas que singraram, ao longo do tempo, no  movimento.

Contudo, tirando uma ou outra personalidade do PSD (Pacheco Pereira e pouco mais), a ala “esquerdista” do PS e, sem dúvida o BE no seu conjunto, os que defendem, em termos práticos e teóricos,  a verdadeira social-democracia, principalmente nos partidos do “centrão”, são uma minoria, cada vez mais isolada naqueles dois partidos.

Governos liderados pelo PSD e a maioria dos liderados pelo PS, mesmo que incluam uma retórica “social-democrata” no seu programa, têm, pelo contrário, contribuído para agravar as condições de vida de quem vive do seu trabalho, beneficiar o sector financeiro e os grandes empresários, esvaziar o “Estado Social” ( principal herança da prática passada da verdadeira social-democracia), retirar direitos a quem trabalha, e combater a influência dos sindicatos.

Claro que o último governo liderado pelo PS se afastou um pouco daquela prática histórica dos partidos do centrão, que, em tempos, já disputaram a presença na internacional socialista e social-democrática.

Tal aconteceu, em grande parte, porque o radicalismo neoliberal do governo de Passos Coelho foi tão desastroso para as condições de vida em Portugal, que qualquer mudança, em benefício dos cidadãos, por pequena que fosse, seria vista como um regresso à pureza “social-democrata”, para além da dependência deste governo em relação aos partidos à sua esquerda que o pressionaram a mudar o rumo das coisas.

BE e PCP, aceitando o jogo democrático e abandonando, na prática, a via revolucionária, são os que têm defendido, de forma consequente, a verdadeira social-democracia, ou seja, têm (principalmente o PCP) uma forte influência no meio sindical, defendem com unhas e dentes o Estado Social (recorde-se, o único objectivo conseguido pela social-democracia histórica), defendem quem trabalha e os mais desfavorecidos, combatem a expansão do neoliberalismo e a influência do capitalismo financeiro no destino das sociedades, única forma, aliás, de combater as alterações climatéricas de forma consequente.

Ou seja, se tivermos em conta a sua acção recente e a defesa consequente de valores sociais, os verdadeiros partidos social-democratas, hoje em Portugal, são, ( para além de outros pequenos partidos como o MAS ou o LIVRE), por um lado o Bloco de Esquerda, que até já assume a social-democracia, e, por outro, o PCP, que, não abandonando a retórica comunista e revolucionária, sempre actou, pelo menos desde que a democracia se consolidou em Portugal, como um verdadeiro partido social-democrata.

E tudo isto nos conduz ao nosso posicionamento em relação ao próximo acto eleitoral, tema ao qual voltaremos oportunamente.

A “Praça do Humor” na Corunha (Galiza)

BêDêZine: A “Praça do Humor” na Corunha (Galiza): Existe na cidade da Corunha uma curioso espaço. Trata-se da Praça do Humor, uma homenagem à arte de fazer rir e da caricatura nas suas mais diversas vertentes (clicar em cima para ver e ler mais).

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Arábia Saudita, um Estado Pária que serve ao Ocidente



Se existem países actuais aos quais se pode aplicar a classificação de Estados Totalitários, eles são, sem qualquer dúvida, a Coreia do Norte e a Arábia Saudita.

A principal diferença entre a forma como esses países olhados reside no facto de um ser extremamente pobre e outro extremamente rico, para além do tratamento das mulheres também ser diferente.

Outra semelhança entre esses dois estados governados por criminosos reside no seu poderio militar.

Contudo, se, até hoje, apesar das ameaças constantes, a Coreia do Norte nunca ter usado o seu poder militar contra outro Estado, pelo contrário a Arábia Saudita tem-se envolvido nalgumas das mais criminosas intervenções militares, de que é exemplo máximo a  sua sangrenta intervenção no Iémen.

Também o modo como esses países tratam os dissidentes não difere muito, não hesitando em recorrer à eliminação física dos mesmos, como aconteceu recentemente com o assassinato de um irmão do ditador norte coreano ou com um intelectual saudita dissidente, morto, com laivos de extrema crueldade, no interior da embaixada saudita em Istambul.

Contudo, a imagem que o cinema de Hollywood dá desses dois países desumanos é diferente. Os norte-coreanos surgem sempre por detrás do terrorismo internacional. Contudo, também nesse ponto, a realidade se tem revelado diferente. Nos maiores actos do terrorismo internacional das ultimas duas décadas têm estado sempre envolvidos cidadãos da Arábia Saudita. Por detrás do Estado Islâmico ou da Al Qaeda estão sunistas sudaneses e não deixa de ser significativo que, no Iémen, exista uma colaboração clara entre os terroristas da Al Quaeda e o exército saudita.

Se é condenável o ataque de rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão na guerra do Iémen, contra instalações petrolíferas no interior da Arábia Saudita, acto de retaliação, defendem esses rebeldes, pelos crimes sauditas no Iémen, é de facto diferente esse acto, causando danos materiais, da destruição de hospitais, escolas, depósitos de àgua, perpetrados pela coligação internacional liderada pela Arábia Saudita junto das populações que vivem e apoiam os Huthis.

A Arábia Saudita não merece qualquer crédito ou confiança para liderar um inquérito àqueles ataques e esperamos que, mais uma vez, a comunidade internacional não caia na esparrela de dar crédito a esse inquérito, conduzido pelos sauditas e pelos Estados Unidos, o seu principal aliado e fornecedor de armamento.

Se Bush filho tinha uma obsessão pelo Iraque de Sadam, com o resultado conhecido, Trump tem uma obsessão pelo Irão.

Durante décadas o Iraque do ditador Sadam foi armado pelo ocidente para combater o Irão, sendo descartado quando os seus crimes se tornaram demasiado evidentes.

Agora armam o estado pária da Arábia Saudita com o mesmo objectivo, esquecendo-se que, por mais do que uma vez, os interesses militares e financeiros sauditas não hesitaram em apoiar, mesmo que indirectamente, o Estado Islâmico ou a Al Qaeda, que tanto mal têm feito ao mundo ocidental.

A Arábia Saudita é um Estado pária que convém a algumas forças políticas regionais e  ocidentais , aos interesses petrolíferos, ao poder financeiro e ao negócio de armamento.

Tanto ou mais que o Irão, se há Estado que já mostrou mais uma vez que merecia sofre todo o tipo de sanções da comunidade internacional é o criminoso reino saudita.

Espera-se que a história não se repita e o Ocidente não cai noutra esparrela que leve o Médio Oriente a uma situação ainda pior do que aquela que foi criada no Iraque e nos países vizinhos com a conveniente colaboração dos Estados Unidos e Israel.

Um Estado pária, que não respeita os mais elementares direitos humanos e se envolve em guerras criminosas, é sempre um Estado pária, seja qual for a sua cor política e o seu poder económico.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Cimeira da Acção Climática. Até onde estamos disposto a abdicar do nosso estilo de vida para salvar o planeta?



Tudo o que até agora nossa geração tem feito para salvar o clima da catástrofe ambiental que  já se adivinha, não passa de retórica, boas intenções ou discurso balofo.

Há também aqueles que olham para o lado, como se não tivessem nada a haver com a situação.

Pior ainda, é a forma ignorante como alguns países, os mais responsáveis pela catástrofe ou o que têm dimensão suficiente para mudar alguma coisa, continuam a ser governados, como é o caso do Japão, da Índia, dos Estados Unidos e do Brasil ( a China, a França, a Alemanha, O Canadá e a Rússia parece que já perceberam o que se passa, se bem que, até agora, pouco mais fazem que promessas de boas intenções).

Em artigo editado no suplemento Ípsilon do Público, na passada 6ª feira 20 de Setembro, António Guerreiro assinava uma crónica, intitulada “A Terra é redonda” (que pode ser lido integralmente AQUI), colocando o dedo na ferida sobre o que verdadeiramente está em causa:

“Curioso, e até divertido, é ver como nos vão sendo ministrados todo os dias ecopaliativos:. 
Dizem-nos: viaja o menos possível de avião, vai para a escola ou para o emprego de bicicleta, bebe só água da torneira, reutiliza os sacos plásticos, não deixes a torneira aberta enquanto lavas os dentes, toma atenção a todos os teus gestos quotidianos, torna-te um herói da salvação do planeta (como se o planeta estivesse interessado nos nossos esforços e não continuasse a existir depois de nós, tal como já existia antes de nós). Tudo isto não passa de formas de exorcismo e de recalcamento do medo, ao mesmo tempo que cria a ilusão de que estamos a responder à urgência.

“(…) Se olharmos com atenção e utilizarmos o bom senso (nem é preciso muita ciência) facilmente concluímos que muito pouco se faz porque era preciso virar os nossos modos de vida de pernas para o ar para se fazer alguma coisa eficaz (se ainda há tempo para isso porque obviamente não se pára de um dia para o outro um processo que começou há séculos). Não é que devamos continuar a agir como sempre agimos, mas todas estas ideias de boa vontade que surgem todos os dias como injunções acabam por esconder a questão política essencial.

“Na verdade, passámos em pouco tempo de uma política com pouquíssima ecologia a uma ecologia de boa vontade à qual falta política. E essa falta torna vãs todas as boas intenções. O que vemos é que continua a ser difícil declinar essas duas palavras - ecologia e política - sob a forma de uma ecopolítica digna desse nome. Uma ecopolítica à altura dos desafios com que estamos confrontados terá de ser capaz de mostrar que as situações ecológicas, políticas, sociais, económicas, institucionais, tecnológicas e psíquicas estão em total conexão umas com as outras. Sem agir sobre todas estas dimensões, o “impasse planetário” mantém-se. Por isso é que são tão ingénuos os regulamentos avulsos e o pretenso “regresso à natureza” de tonalidade romântica.
Se já estamos a viver em pleno “perigo absoluto”, como afiançam até os cientistas colapsólogos e os catastrofistas esclarecidos, então só podemos concluir que não saímos ainda da imobilidade nem se vislumbra que iremos sair (…)”.

De facto, a pergunta que todos nós, que temos consciência da catástrofe anunciada, que queremos que os nossos filhos e netos possam ter um futuro neste planeta, é se estamos de facto dispostos a prescindir, de forma abrupta e urgente, do nosso estilo de vida, a nível universal, isto é, se estamos preparados para deixar de usar transportes motorizados individuais, de consumir tanta carne, de viver com menos energia e menos àgua, cortarmos na maior parte dos nossos consumos?

Muitas das medidas para alterar rapidamente os nosso hábitos consumistas, porque a resposta é urgente, num prazo máximo de 10 a 15 anos, só podem resultar mudando radicalmente a sociedade capitalista-consumista em que vivemos, por imposição legal e, nalguns casos, repressiva, que vai limitar a liberdade dos “mercados” e penalizar, a doer, os prevaricadores.

Outra medida é a criação de um Tribunal Penal Internacional para os crimes ambientais e quem os fomenta, podendo, desde já, começar a preparar o julgamento nesse tribunal de criminosos ambientais como Bolsonaro ou Trump, assim que deixem o poder, aos quais se podem juntar outros líderes e gestores de empresas responsáveis pela crise ambiental.

Estamos dispostos a isso?

Estamos dispostos, nós que vivemos na parte “rica” do Mundo, a pagar por tudo isso, ou vamos reagir como os “coletes amarelos” em França?

Ou vamos a continuar a “limpar” a nossa consciência com pequenos gestos que pouco vão mudar no trágico destino anunciado do planeta, continuando a escolher políticas de “desenvolvimento” em vez de políticas ecológicas (veja-se, por cá, o debate sobre o aeroporto do Montijo ou sobre a plantação de eucaliptos..), continuando a optar por transportes privados poluentes, em vez de exigirmos mais e melhores transportes públicos, menos poluentes (como o transporte ferroviário)?

O tempo escasseia e, um dia, se houver esse dia, a nossa geração será responsabilizada por pouco ter feito para mudar o rumo deste capitalismo suicida. Vamos ser vistos ainda pior do que os alemães face ao nazismo ou os franceses face ao colaboracionismo.

E os nosso líderes, que nada fizeram ou, pior ainda, negaram a realidade e fomentaram a ignorância ambiental, serão vistos com o mesmo desprezo e horror com que hoje vimos um Himmler, um Hitler ou um Stalin, até porque as suas politica vão provocar um holocausto ainda maior.

Vamos continuar, (nós, humanos, no geral) a escolher políticos ignorantes, criminosos ambientais, como os Trump´s e Bolsonaros, deste mundo?

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Eleições na Madeira – Das verdades de La Palice às muitas interpretações.



Num sistema eleitoral democrático há uma verdade “à La Palice”: ganha-se por um voto, perde-se por um voto.

Ou seja…em democracia ganha quem teve mais votos.

Contudo, se essa é uma “verdade” evidente, a democracia tem outros princípios: o das negociações, da tolerância, do diálogo e do respeito pelas minorias, não dando todo o poder ao partido mais votado e permitindo outro género de combinações no parlamento formado em resultado das eleições.

Quanto mais avançada é uma democracia, maior é a importância da negociação parlamentar.
É assim que, na maioria dos países europeus com democracias mais antigas, é normal o governo ser formado por partidos diferentes daquele que obteve mais votos, tudo dependendo do peso no parlamento de famílias politicas mais à ”direita”, mais à “esquerda” ou mais ao “centro”.

E é assim que chegamos ao resultado eleitoral das “regionais” madeirense.

À La Palice, diremos que ganhou o PSD.

Mas se começarmos a esmiuçar os resultados, a “verdade” é bem mais complexa.

Em primeiro lugar devemos olhar para o histórico desse acto eleitoral.

Nesta perspectiva, o PSD perdeu, pela primeira vez em 43 anos, a  maioria absoluta, confirmando uma tendência de descida constante do seu peso eleitoral naquele aquipélago desde o início deste século.

Mas não deixa de ser curioso que, não perdendo votos em relação às  eleições de 2015 (até ganhou 121 votos [56 569 em 2015, 56 448 este ano]), perde a maioria absoluta e perde 3 deputados.

Ou seja, foram mudanças eleitorais a jusante e a montante que conduziram a um resultado menos favorável do PSD.

E quais foram essas mudanças?

Quanto a nós foram duas:

- a redução da abstenção (50,33% em 2015, 44, 49% em 2019);
- A concentração do votos de “esquerda” e da “oposição” num único partido, o PS;

A redução da abstenção beneficiou o segundo partido mais votado, que foi o PS. O mesmo se pode dizer à concentração dos votos da “oposição” neste partido, que até terá beneficiado do voto de eleitores do CDS.

Para além do PSD  perder a maioria absoluta, existem outras novidades nestas eleições:

- O CDS, que era o líder da oposição na Madeira, perde esse estatuto para o PS, perdendo também 4 deputados (de 7 para 3) e uma enormidade de votantes. Tinha tido mais de 17 mil votos em 2015 e pouco ultrapassou os 8 mil agora, e, pelo que se vê, a maioria desses votos não foi para o PSD. Contudo, depende deste partido a formação do próximo governo regional. Perdendo por muito, o CDS tornou-se o partido charneira para um acordo de governo. Um derrotado que se torna um vencedor da noite eleitoral.

- O PS quase quadruplicou o seu eleitorado, obtendo o seu melhor resultado de sempre naquele arquipélago. Beneficiou de ter concentrado em si o voto da “esquerda” , mas também da oposição de direita  e do centro (CDS e Juntos Pelo Povo).

Se somarmos os votos perdidos pelo CDS (cerca de 8 mil) os votos perdidos pelo JPP (mais de 6 mil votos), pelo PCP (quase 5 mil votos perdidos) e pelo Bloco de Esquerda (quase 2 mil votos) , obtemos mais de 20 mil votos. Contudo este número representa pouco mais de metade dos votos que o PS somou nestas eleições (quase mais 37 mil votos), indo buscar votos à abstenção.

Também pode ter acontecido que, dando de barato que os 8 mil votos perdidos pelo CDS foram maioritariamente para o PSD, permitindo que este partido não tenha perdido votos, então alguns eleitores do PSD transferiram-se para o PS.

Resumindo e concluindo, o PS beneficiou do voto útil, vindo dos mais variados sectores ideológicos, o PSD aguentou-se pelo voto útil da direita, mas revela um desgaste que parece irreversível, sendo uma questão de tempo vir a perder a Madeira.

O CDS, sendo um dos derrotados se olharmos para “La Palice”, acabou como um dos vencedores da noite. Perdendo ganhou poder negocial.

Grandes derrotados da noite foram a CDU e o Bloco de Esquerda.

A CDU perdeu quase 5 mil votos, mas perdeu apenas um deputado e conseguiu ultrapassar o BE, mantendo um representante no parlamento.

O Bloco de Esquerda teve um dos piores resultados de sempre na Madeira, perdendo quase 2 500 votos e os seus dois deputados.

O populismo representado no parlamento da Madeira pelos PND  e pelo JPP sofreram igualmente uma significativa derrota. Tinham, no total, 6 deputados. Passam agora a ter apenas 3, eleitos pelo JPP.

Podemos extrapolar esses resultados para a situação continental?

A situação é diferente, mas algumas comparações podem ser feitas.

Parece evidente o declínio do CDS, situação menos perceptivel devido às condições próprias da politica regional.

O PSD, apesar de tudo, aguenta os seus eleitores, mas não consegue conquistar nada de novo.
O PS  beneficia da concentração do voto à esquerda, situação que, a repetir-se no continente, lhe pode dar uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.

O PCP e o BE afunda-se com o voto útil no PS, sem obter ganhos com essa situação, embora o PCP pareça aguentar-se melhor, nessa situação, que o BE.

Dos partidos emergentes, é significativo que o PAN tenha ultrapassado 1,5% de votos, percentagem que no Continente lhe pode dar uma representação parlamentar razoável.

Tanto a Aliança como Chega tiveram um resultado desastroso na Madeira, mas no Continente a história pode ser outra, não se repetindo a concentração do voto útil da direita no PSD.

Uma nota final para denunciar a atitude arrogante  e intolerante do discurso de “vitória” de Albuquerque em relação aos “vencidos” e rivais. Um mau sinal, e a que já não estamos habituados a ouvir aqui no Continente em nenhum quadrante política (com a excepção da extrema-direita).

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

ELISA FERREIRA : “Não havia necessidade!!!”



Nos últimos tempos tem sido notícia a promiscuidade familiar na vida política, ou entre a politica e o mundo “empresarial”.

Nem uma politica, com a marca da competência e capacidade, como Elisa Ferreira, parece escapar à “moda”.

De facto, a nomeação de Elisa Ferreira como Comissária Europeia parecia caminhar para um “final feliz”.

Figura competente na área da gestão, aparentemente afastada da pequena intriga política e de “mãos limpas”,  tudo parecia “talhado” à medida de um futuro político promissor.

Eis senão quando, no “melhor pano cai a nódoa”.

Descobriu-se que Elisa Ferreira é, por “coincidência”, casada como o presidente de uma CCR, a do Norte, que gere naquela região os fundos estruturais europeus, cuja distribuição e montante vão passar a ser decidido, na Comissão Europeia…por Elisa Ferreira.

Claro que Portugal é um país pequenino, onde é difícil que todos não sejamos, no mínimo, “primos afastados” uns dos outros ou não conheçamos alguém com influência politica, com quem nos cruzamos na escola, na vizinhança ou na “associação”.

Mas parece que a acumulação de casos de promiscuidade familiar na vida politica começa a ser preocupante.

Além disso Elisa Ferreira também se esqueceu que era accionista, embora minoritária, de uma grande empresa portuguesa, a Sonae, que é considerada lobista por aquela comissão e recebe fundos europeus, os tais que vão passar pela decisão de Elisa Ferreira.

Claro que a mesma se apressou a vender as acções, mas foi pena que só o tivesse feito quando o caso veio a público, o que revela muita “distracção” por parte de alguém com uma imagem de competência como Elisa Ferreira.

Claro que todo este caso é um pequeno caso, no seio de casos muito mais graves que são conhecidos todos os dias.

Elisa Ferreira parecia ser um lufada de ar fresco no seio de uma Comissão Europeia que não augura nada de bom, quando criou uma pasta com o ridículo nome de “Proteger o nosso modo de vida na UE” (!!!!), manteve o tenebroso senhor Dombrovkis numa pasta com o pomposo nome de “economia que funciona para os cidadãos”, ele que, transitando da anterior comissão, provou que os únicos “cidadãos” que conhece e defende são os grandes gestores financeiros, ainda por cima acumulando com a vice-presidência, criou outra pasta com um nome pomposo de “Democracia e demografia”, entregue a uma comissária, a croata Dubravka Suica que, no Parlamento Europeu, sempre protegeu a Hungria de Órban, de cada vez que alguns deputados pretenderam condenar as violação ao Estado de Direito por parte do governo húngaro, ou, pior ainda, colocou como comissária para o “alargamento” a antiga ministra da justiça de Órban, responsável no seu país pelos maiores ataques à independência do poder judicial.

Afinal, de acordo com as novas revelações, Elisa Ferreira talvez não esteja a destoar assim tanto no “retrato de família” (sem ironia) da Comissão Europeia.

Até porque, mais importante do que as pessoas, o que interessa aos cidadãos, em relação à composição da Comissão Europeia é saber quais a s políticas e estas parecem ir na continuidade do ataque generalizado aos direitos socias dos cidadãos europeus, favorecendo o corrupto sector financeiro.

Enfim, mais do mesmo!

AS QUINTAS DO JUNCAL E NOVA DE MATACÃES - UM PATRIMÓNIO DOS FALCÃO TRIGOSO.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Aeroporto do Montijo – Crime ou Asneira Ambiental? (...ou ambos!)



Chegou hoje ao fim a consulta pública ao estudo de impacto ambiental da instalação do novo aeroporto do Montijo.

Não é preciso saber muito da “coisa” para perceber que a opção do Montijo, para instalar um novo aeroporto internacional que complemente o superlotado aeroporto de Lisboa, é uma das maiores asneiras e um dos maiores crimes ambientais a perpetra pelo actual poder político, para além dos riscos que a existência de aves de grande porte nessa zona vai acarretar para o crescente trafego aéreo naquela zona do Tejo.

Além disso, o aumento de tráfego aéreo na região de Lisboa corresponde a uma situação conjuntural do aumento do Turismo.

Também se conhecem os custos ambientais do transporte aéreo, e, a prazo, vão ter de ser tomadas medidas para o limitar e para o substituir pelo TGV ou por transportes públicos  ambientalmente mais eficientes.

Aliás, o TGV já é uma alternativa em quase toda a Europa, sendo Portugal um dos poucos países da Europa que está fora de uma rede ferroviária mais rápida e eficiente.

Claro que o erro começou nos tempos do cavaquismo, quando os fundos europeus se esbanjaram em betão e autoestradas, ao mesmo tempo que de destruía uma rede ferroviária que, apesar de tudo já abrangia quase todo o país.

O que se fez foi desinvestir e encerrar  ferrovias, incentivando os cidadãos a usarem o automóvel particular, como todos os custos ambientais e económicos que estamos agora a pagar.

Ganharam a Alemanha, a França e as grandes empresas petrolíferas, perdeu o ambiente e a economia do país.

Além disso, o novo aeroporto não se destina a substituir o de Lisboa, cada vez mais superlotado, mas apenas a complementá-lo, o que quer dizer que, se o tráfego aéreo diminuir, por razões económicas, ambientais, de segurança ou pela redução do turismo, o novo aeroporto vai tornar-se mais um elefante branco no meio de uma paisagem protegida.

Mesmo que se provasse que o aumento de tráfego aéreo implicava a existência de um novo aeroporto, seria mais económico, mais seguro e ambientalmente mais sustentável aproveitar as estruturas que já existem no desaproveitado aeroporto de Beja, complementando com uma rede ferroviária mais rápida.

A sua localização podia apoiar as necessidades do aeroporto de Lisboa e do aeroporto de Faro e servir de apoio a necessidades da zona portuária de Sines.

Enfim, mais um elefante branco, que todos vamos pagar, não só do ponto de vista económico, mas também ambiental e de segurança.

Várias associações ambientais já reprovaram o parecer, o mesmo acontecendo com a Câmara da CDU da Moita. Só duas câmaras do PS, a do Montijo e a do Barreiro, aprovaram esse crime ambiental. Porque terá sido?

Exposição de José Santa Bárbara no Espaço das Arte da Festa do Avante

A FORMA E A LUZ: Exposição de José Santa Bárbara no Espaço das Arte da Festa do Avante...: Este ano a obra de José Santa Bárbara foi alvo de uma exposição retrospectiva da sua obra no espaço Artes da Festa do Avante (clicar para ver mais)

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

No início de uma Campanha Alegre



Pois é, quase me esquecia…estamos em campanha eleitoral!

Os debates, apesares de mornos, têm sido esclarecedores, por muito que custe ao pagode de comentadores, pelo menos aqueles que gostam de julgamentos de carácter.

De facto, é uma “chatice” quando os candidatos apresentam os seus programas, em vez de se ofenderam uns aos outros.

Falta aquele espectáculo que a comunicação social tanto gosta…mas tenham calma porque a verdadeira campanha ainda não começou!

Em vez de comentarem os programas e as propostas, o nosso pobre meio jornalístico, habituado aos modo futebolístico de ver o mundo, anda à procura dos pequenos casos e das..sondagens!

Outros, os comentadores da Troika, como o Miguel Judíce, apelam agora à maioria absoluta do PS…antes isso, dizem eles, que a proximidade de esquerdista e comunistas, vadre retro satanás!!!

Por mim, antes gritaria …vadre retro satanás maiorias absolutas de má memória para quem vive do seu trabalho ou pensão….!!!

Para os escritórios de advogados ligados ao poder deve ser muito chato não poderem fazer o seu trabalho à vontade, nos corredores do poder do centrão, sem se arriscarem a cruzarem-se com esses “esquerdistas”…

Enfim, nem que seja pelo enfado e pelas baboseiras dos “mortinhos por uma maioria absoluta” para se livrarem das “esquerdas encostadas”, vale a pena ir a votos e ver o que isto dá…

Vamos andando por aí a comentar o que for de comentar, sempre que haja oportunidade e, depois do fim, confessaremos o nosso voto…

21ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.

A FORMA E A LUZ: 21ª Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante.: Um dos momentos altos da Festa do Avante é exposição de artes plásticas no seu Espaço das artes, principalmente em ano de “Bienal”. (clicar para ver)

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Festa do Avante – 2019 : “Não há mesmo festa como esta!”



A Festa do Avante continua a ser um momento único no panorama dos eventos culturais nacionais, estando muito para além da sua origem política.

Muito antes da invasão de festivais de Verão de todo o tipo, que proliferam por todo o país, a Festa do Avante tornou-se o modelo a seguir por muitos desses eventos.

Consegue unir a componente cultural, lúdica e de festa popular, sem tornar o seu objectivo politico muito “pesado”.

Aquela imensa multidão que invade todos os anos o recinto da festa é composta por gente de várias origens sociais, culturais, geracionais e até politicas.

Nunca me esqueço de uma história que a minha mãe me contou, de uma vez em que foi àquela festa, ainda no tempo em que ela se realizava na Ajuda, de uma família que encontrou e qua a acompanhou até ao lugar da festa que, em certo momento da conversa, lhe disse que iam todos os anos à Festa do Avante e …ao 13 de Maio em Fátima!

É uma história bem evidente do clima dessa festa, que deve muito do seu êxito a Rúben de Carvalho, recentemente falecido, um homem culto, tolerante e informado, que sempre soube fazer da festa um grande momento de cultura, muito para além das referências do partido que a organiza.

Se após os anos do pós-comunismo a festa conheceu alguns períodos de dificuldade, principalmente em contratar artistas para actuarem, rapidamente o espírito pragmático de Ruben de Carvalho e da sua equipa conseguiram ultrapassar as dificuldades apostando forte na “prata da casa”, não trazendo grandes nomes do panorama internacional já consagrados, mas apostando em nomes ainda pouco conhecidos, em inicio de carreira, apostando em áreas mais marginalizadas e underground da musica popular e da World Musica e, cada vez mais, na musica portuguesa, nas suas mais diversas vertentes.

Neste aspecto a Festa do Avante bate aos pontos os maiores Festivais de Verão, cada vez mais dependentes dos Tops’s e do comércio musical, receando em apostar no desconhecido e na novidade, pois estão cada vez mais dependentes dos patrocinadores.

Uma feira do livro bastante abrangente, uma das melhores feiras do disco, várias exposições temáticas, estas mais de carácter partidário, mas sem desprezar o carácter pedagógico, com aconteceu este ano com uma exposição sobre o uso de drogas, ou a cada vez mais importante bienal de artes plásticas, onde se revelam os novos nomes e se divulgam artistas consagrados, mas por vezes esquecidos, são outra componente que acrescentam mais-valia à festa.

Depois temos os pavilhões das regiões, uma montra de sabores e da cultura  do país, ou o internacional, onde se contactamos com outras realidade, muitas vezes longe dos focos da comunicação social, para além da gastronomia desse países.

Uma análise histórica do peso e do lugar ocupado pelos vários países e partidos “irmãos” na organização do espaço internacional seria um exercício interessante sobre a evolução do tempos e das posições internacionais do PCP.

Cuba continua a ser a grande referência, assim como os partidos da África Lusófona e do Brasil, a par do crescimento da representação da China.

Pelo contrário, o espaço dedicado à Venezuela já conheceu melhores dias e a Coreia do Norte apenas tinha este ano um pavilhão escondidinho, sem ninguém, apenas um cartaz onde se destacava como título apenas o nome “Coreia”.

Da Europa, destaque para os partidos regionalistas espanhóis e para os dois partidos italianos, o velho PCI e o novo, uma cisão daquele, Refundação Comunista, não deixando de ser curioso que ambos partilhem o mesmo espaço.

Enfim, a Festa do Avante continua a ser uma referência, muito para além do peso político do PCP.

Aqui partilhamos alguns momentos da edição deste ano da Festa do Avante, no Sábado 7 de Setembro:























(Blind Zero)



















 Canções de Roda, com Ana Bacalhau, Jorge Benvinda, Sérgio Godinho, Vitorino e o Coro Infantil da Academia de Musica de Almada : 









Delvon Lamarr Organ Trio:








 Moonspell, com uma aparição de Paulo Bragança:












 The Last International, com o baterista dos Queens of the Stone Age: