Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Sobre os Professores e o os aldrabões do costume



Tem sido triste e revoltante de ler, ouvir e ver a reacção da maior parte dos comentadores e jornalistas de plantão acerca do reconhecimento da contagem do tempo de serviço dos professores pelo Parlamento.

A maior parte revela uma grande e vergonhosa falta de escrúpulos, misturando má fé e meias verdades ou nem se dando a esse trabalho, ficando-se pela mentira pura e simples.

A maior parte revela uma grande dose de intolerância em relação às justas reivindicações dos professores.

Nalguns casos percebe-se essa raiva, contida a custo nos últimos tempos, mas  que tem sido constante e coerente, por parte dessa gente, os “fazedores de opinião”, pelo menos desde os tempos da malfadada Maria de Lurdes Rodrigues.

Muitos não sabem o que é investigar ou estudar um assunto, confundindo opinião e dom da palavra com aquele que devia ser o seu trabalho: esclarecer e informar.

Ao esclarecimento público, que devia ser apanágio da sua profissão, sobrepõem preconceitos ideológicos e mera acção de propaganda em prol do estafado discurso “austoritário”.

Muita dessa gente, paga a peso de ouro para debitarem tanto disparate preconceituoso e propagandístico, (recebem ao fim do mês muito mais que qualquer professor no topo da carreira) são os mesmos que andaram a justificar as criminosas medidas antissociais dos tempos da troika.

Essa gente é a mesma que, depois, se vem lamentar das “fake news” e do peso das redes socias.

Esquecem-se que foram eles os primeiros, com todo o seu discurso de intolerância, de  meias verdades, de falta de rigor, de má fé, preconceituoso, que legitimaram a maior parte dos discursos debitados nas redes socias que reproduzem a mesma intolerância, preconceito ideológico, falta de rigor.

Bastava terem lido com atenção as duas únicas reportagens jornalísticas dignas desse nome, e evitariam descredibilizarem-se como jornalistas com tanto disparate debitado na comunicação social nos últimos dias.

Refiro-me às reportagens de Pedro Sousa Tavares (“A guerra que abre caminho à paz nas escolas no fim das aulas” e “O que implica a devolução do tempo de serviço?”) e de Maria Caetano e Paulo Ribeiro Pinto (“Os números explicados”) publicadas nas páginas do único jornal sério que se publica, o “Diário de Notícias”, na sua edição do passado Sábado dia 2 de Maio.

Aliás, não deixa de ser curioso que a maior parte do trabalho de investigação publicado por Pedro Sousa Tavares, quase todo na área da educação, desminta os dislates do seu pai, o “comentadeiro” Miguel Sousa Tavares, sobre o mesmo tema. Ao que parece este último coloca o seu ódio visceral contra os professores à frente do rigor jornalístico. Bastava informar-se junto do filho para não debitar tanto disparate.

Mas vamos à inverdade, meias verdade e má fé debitada por aquela gente e desmentida naquelas reportagens:

“Os professores não podem ser privilegiados em relação à restante função pública e o reconhecimento da necessidade de negociar futuramente o reconhecimento dos anos de serviço congelados abriria a arca de pandora”: - MENTIRA! 

A “árvore de pandora” já foi aberta há muito tempo quando o governo reconheceu e devolveu o tempo congelado a toda a função pública, MENOS  nas chamadas carreiras especiais (Professores, Forças de Segurança e Magistrados). Ou seja, os "privilegiados" foram outros;

“O professores não podem ser privilegiados em relação a outros trabalhadores que tiveram cortes nos salários, aumento de impostos e ficaram desempregados”: FALÁCIA e MEIA VERDADE!

Os professores, além do congelamento do tempo de serviço também sofreram grande cortes salariais e aumento de impostos (são dos poucos, juntamente com o resto da Função Pública, que nunca podem fugir ao pagamento total de impostos) e, se não se registou oficialmente desemprego, oficiosamente, com a forma como empurraram muitos professores para a reforma antecipada, em situação muito desvantajosa, e como foi reduzido o número de professores que entravam anualmente por concurso, houve uma redução drástica do número de professores, uma forma artificial de desemprego, aumentando a precarização da profissão, principalmente entre os mais novos, ou o empobrecimento dos mais velhos pela forma como foram calculadas as reformas.

“A contagem do serviço congelado colocaria automaticamente metade dos professores no último escalão, onde ganham mais de 3 mil euros mensais, porque a progressão é automática” : MEIA-VERDADE, FALÁCIA E MENTIRA.

A progressão na carreira já não é automática e obedece a um rigoroso sistema de avaliação, pelo menos desde 2010. No último escalão o ordenado é superior a 3 mil euros mas a maioria dos professores pagam logo à cabeça descontos para IRS, ADSE e CGA, recebendo pouco mais de 2 mil euros.

Muitas outras falácias e mentiras temos ouvido nos últimos dias, mas ficamo-nos por aqui, tentando demonstrar a falta de honestidade intelectual de uma parte considerável de “opinadores” e “jornalistas”.

Depois admirem-se das “fake news” e da decadência do jornalismo!

Sem comentários: