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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

As Quatro doenças da democracia: Desigualdade,Déficit de Representatividade, Corrupção, Liberdade desvirtuada.



O rápido avanço da extrema direita populista e neofascista nos últimos anos tem explicação, em grande parte, pelos erros acumulados nas Democracias.

Entre esses erros estão as quatro doenças da Democracia: a desigualdade, o deficit de representatividade, a corrupção e a liberdade desvirtuada.

DESIGUALDADE

A forma como os regimes democráticos se deixaram dominar pelos grandes interesse financeiros, tomando decisões contra os cidadãos e fomentando o aumento de desigualdades como forma de destruir direitos socias e desvalorizar o factor trabalho, apenas para beneficiar aqueles interesses, afastou muitos cidadãos da participação democrática.

O melhor exemplo disso é  a prática das lideranças da União Europeia, pelo modo como tem lidado com a dívida e o deficit, ou das decisões de organismos como a Organização Mundial do Comércio, agindo a mando desses interesses e ignorando as situações socias que essas decisões acarretam, fomentando o dumping social.

Contudo, se os cidadãos se conformarem, a desigualdade continuará a aumentar ao ritmo daqueles interesses.

DEFICIT DE REPRESENTATIVIDADE

As imposições das organizações supranacionais, a maior parte delas não eleitas, sobrepondo-se à escolha democrática dos cidadãos, submetendo o grande “centrão” aos ditames dessas organizações, que obedecem apenas à logica financeira (o célebre TINA), ao retirar poder aos organismos directamente  eleitos, transformando os parlamentos e os partidos em meras organizações “colaboracionistas” com a situação imposta por essas organizações, leva os cidadãos, todos os dias prejudicados no seu dia-a-dia pelas decisões daquelas, a afastarem-se da participação democrática.

Se os cidadãos nãos e sentem representados, nos seus anseios, pelas instituições democráticas, passam a estar vulneráveis ao discurso demagógico, baseado no medo e na xenofobia, vinculado pelas organizações populistas e neofascistas, que defendem uma solução autoritária para “resolver” as preocupações dos cidadãos abandonados à sua sorte.

Contudo, o que esses movimentos defendem, mesmo que de forma disfarçada, é o aumento do controle do poder politico, retirando ainda mais aos cidadãos o direito de participação, quando chegarem ao poder (existem por aí muitos exemplos históricos que atestam esse resultado).

CORRUPÇÃO

A Corrupção é o grande cancro dos regimes democráticos.

Com uma classe politica que sobrevive à sombra do poder financeiro, transformados em meros joguetes daqueles interesse acima denunciados, transformada numa casta que circula entre o poder político ,  o poder financeiro e cargos nas instituições supranacionais nãos eleitas, o cidadão comum sente-se tentado pelo discurso fácil da “pureza” propagandeada pelos tais populistas, que encontram nessa temática terreno fértil para a sua demagogia.

Esquecem-se apenas de um “pormenor”. Nos regimes autoritários e nas ditaduras “não existe” corrupção porque, por um lado, a simples divulgação desta é proibida e censurada e os tribunais são controlados pelo poder executivo. E se isto não chegar, mudam as leis para tornar o que é corrupção em “legalidade”.

LIBERDADE DESVIRTUADA

Por último, mas não menos importante, o uso incontrolado da liberdade permitida pelas redes socias, onde se misturam verdades e mentiras, onde se aplica cada vez mais o velho slogan nazi segundo o qual uma mentira várias vezes mentira pode tornar-se verdade, aquilo que hoje se chama de  fake news, onde a “verdade” de um ignorante tem o mesmo peso que a verdade de um sábio, contribui para fazer passar, entranhando-se nas nossas atitudes  e opções, um discurso de intolerância, de desrespeito pelos adversários, de gritaria, de arrogância, as bases ideológicas onde assenta a construção de modelos autoritários.

Há quem diga que as arruaças,  que no anos trinta impuseram pelo medo os regimes autoritários de então,  foi substituído pelo discurso intolerante, violento e intimidatório que hoje domina os “debates” nas redes sociais.

A democracia está doente.

Os movimentos populistas e neofascistas renascem das cinzas explorando as fraquezas da democracia.

Mas, creiam, não existe solução fora da democracia.

Combater aqueles sintomas fora da democracia só os vais agravar.

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