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domingo, 1 de outubro de 2017

Força Catalunha


O direito dos povos à autodeterminação é um dos Direitos Humanos consignado na Carta das Nações Unidas.

Esse direito no seio de um país democrático só se pode manifestar de uma maneira, pela consulta democrática ao povo e nação que o reivindica.

O Estado espanhol, liderado por um partido, o PP, legítimo herdeiro ideológico do regime franquista, liderado por um dos políticos mais incompetentes e irresponsáveis que a Espanha democrática conheceu, o mesmo partido responsável por tomar medida em relação ao estatuto autonómico que contribuiu para extremar posições, está a ultrapassar todas as marcas admissíveis num regime europeu e democrático.

Escudando-se em leis absurdas e inadequadas, o governo de Madrid está a reagir de forma absurda e antidemocrática ao legitimo direito do povo da Catalunha de escolher o seu futuro.

Um regime democrático não pode negar o próprio direito democrático e nenhuma lei pode estar acima ao direito à manifestação democrática do desejo de um povo.

A única maneira, em democracia, de evitar o extremar de posições e de evitar o apoio a um independentismo mais radical seria o de permitir a organização de um referendo democrático onde se pudesse oscultar a legitima vontade dos habitantes da Catalunha.

Ora o que estamos a assistir é a uma ataque à democracia por parte dum governo de um pais democrático, com a conivência de uma comunicação social, a espanhola,  totalmente manipulada, e com a conivência do maior partido da oposição, o PSOE e do silêncio cúmplice da monarquia.

Sabe-se, aliás, que as noticias que hoje circulam na comunicação social espanhola são totalmente manipuladas, uma vergonha para essa mesma comunicação social, que inclui órgãos de referência como o “El País” e o “El Mundo”.

E esse referendo só pode ser feito na Catalunha, consultando os catalães, e não em toda a Espanha, como, absurdamente, alguns defendem. Era o mesmo que defender que todos os britânicos participassem no referendo pela independência da Escócia, que os russos participassem em referendos pela independência dos países bálticos e  da Ucrânia, ou os turcos referendassem a independência dos curdos, absurdo ainda maior num país democrático e no seio da União Europeia.

Também é absurdo o argumento de alguns contra o desejo de autonomia da Catalunha, misturando o nacionalismo autonomista destes com o populismo nacionalista que grassa pela Europa, confundindo “nacionalismo” com “Nação” e patriotismo. Esquecem-se  que o nacionalismo populista é o do governo espanhol que recupera o velho slogan franquista da “Espanha Una e Indivisível”.

Por outro lado, numa Europa das Nações, como o é a União Europeia, mas onde as decisões que a todos dizem respeito são tomadas por uma elite de burocratas, geralmente contra os próprios cidadãos, a única forma de ganhar força negocial a favor dos povos dessas nações é negociar directamente com esses burocratas, e só as “nações” e os seus representantes o podem fazer, situação de aumenta o desejo de essas “nações” (como a Catalunha, o País Basco, a Escócia e os flamengos, entre outros) tomarem o poder nas suas mãos e negociarem directamente com o centro da União.

Não deixa também de ser curioso ver os mesmos que se opõem ao direito dos catalães escolherem o seu destino , defenderem o direito da Escócia à autodeterminação, apenas porque estes  defendem a integração na UE  contra o “brexit”. Dois pesos e duas medidas. Pura hipocrisia.

Os catalães tem todo o direito a escolher o seu destino, e o único modo de o fazer é através de uma consulta democrática.

A independência será o melhor destino desse povo? Não sei. Mas os catalães sabem!

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