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segunda-feira, 8 de maio de 2017

Macron ganhou… a extrema direita segue dentro de momentos…



A vitória de Macron adiou em França, por cinco anos, a ascensão ao poder da extrema direita ao poder .

Não se percebe o foguetório que vai para os lados de Bruxelas, pois as políticas económicas e socias defendidas pelo novo presidente francês não são muito diferentes daquelas que têm sido levadas a cabo por Sarkozy e Hollande, e que têm reforçado a extrema direita.

Aliás, talvez não tenha sido por acaso que esses dois presidentes foram os únicos não reconduzidos nos últimos trinta anos da República.

Apesar de tudo, Macron parece-me mais inteligente e competente que o dois últimos presidentes franceses e, pelo menos do ponto de vista táctico, conseguiu, pela primeira vez, encostar Le Pen à parede, desmascarando-a no debate que os outros tinham estupidamente recusado.

A vitória de Macron pode ser um mero intervalo na caminhada firme e irreversível de Le Pen para chegar ao poder.

Se Macron se limitar a ser um continuador das desastrosas  políticas económicas e sociais  dos seus dois antecessores ou ser apenas o fiel depositário das “reformas estruturais” impostas por Bruxelas ( leia-se, aumento da precariedade no trabalho, cortes nos salário e pensões, cortes nos direitos socias para resgatar o falido e corrupto do sector financeiro, com o consequente aumento das desigualdades ), o seu destino vai ser idêntico ao dos seus antecessores, abrindo um caminho irreversível à Frente Nacional.

Por isso as primeiras medidas de Macron, nomeadamente o tipo de gente que ele venha a colocar no governo, vão ser fundamentais para perceber as suas intenções.

Se, pelo contrário, Macron conseguir inverter o modelo “austeritário” do politburo de Bruxelas, batendo o pé ao sr. Schauble, colocando em prática um verdadeiro modelo social-democrata de tipo nórdico, que ele diz defender, e apoiar os países do sul, atitude que, segundo Verofakis, ele tomou em relação à Grécia e que lhe terá custado o despedimento do governo de Hollande, então talvez ele, pela primeira vez, comece a esvaziar a retórica da extrema-direita, restaurando e salvando o modelo europeu, que, desde o consulado Barroso, apenas tem estado ao serviço do poder financeiro, abrindo caminho ao populismo, e que deveria passar a estar ao serviço dos seus cidadãos.

Esperemos que Macron venha a revelar tanta coragem para enfrentar Schauble como se revelou no combate a Le Pen.

A vitória percentualmente esmagadora de Macron deve também ser observado com alguma contenção .

Em primeiro lugar a maior parte dos que nele votaram na segunda volta não votaram com convicção mas como uma “coligação negativa” par travar a extrema-direita.

Em segundo lugar, a abstenção à segunda volta, que em termos portugueses parece baixa, foi a maior de sempre em França desde 1969.

Um outro dado a reter, também histórico, foi a percentagem de votos em branco ou nulos, quase 8%, isto é, 4 milhões de votantes.

E resta não esquecer que a Frente Nacional, que, ao contrário do de Macron, foi um voto de convicção, ultrapassou o apoio de dez milhões de eleitores (…um Portugal inteiro).

Ou, seja, não existem grandes motivos para festejos, a não ser que, mais uma vez, Bruxelas e os ditos “europeístas” não percebam o “recado”.

…a História continua nos próximos dias!

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