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sexta-feira, 24 de junho de 2016

"Brexit" : A União Europeia morreu…viva a União Europeia!!!


 
A vitória do “Brexit” foi o desfecho lógico da irresponsabilidade das lideranças não democráticas das instituições europeias nos últimos 15 anos, que tiveram como responsável máximo Durão Barroso.
A vitória do “Brexit” é igualmente o desfecho lógico das “reformas estruturais” impostas aos cidadãos europeus nos últimos anos por instituições europeias sem controle democrático, para salvar o corrupto sistema financeiro, à custa de cortes salariais e nas pensões, desemprego e aumento de precariedade, retirada de direitos socias, degradação do Estado Social e aumento das desigualdades e da pobreza.
A vitória do “Brexit” é ainda o desfecho lógico da legitimação dada pelos políticos da direita europeia ao discurso xenófobo e anti-emigração da extrema direita, e que esses políticos neoliberais integraram nos seus programas e discursos para se salvarem eleitoralmente.
A vitória do “Brexit” não foi a vitória dos defensores deste discurso, porque estes estavam nos dois lados da barricada e a União Europeia, em desespero, já tinha cedido, de forma oportunista e vergonhosa, às propostas de Cameron que íam ao encontro dos desejos da extrema direita britânica em relação a essa matéria. Não foi por isso o problema da emigração que pesou na decisão final, mas o descrédito da União Europeia.
Cameron teve a nobreza de se demitir. Espera-se que os arrogantes e irresponsáveis lideres da “troika” europeia (lideranças nunca legitimadas democraticamente, como as do sr. Tusk, do, Conselho Europeu, do sr. Juncker, da Comissão Europeia, e, o pior de todos, a do sr. Dijssolbloem do Eurogrupo), saibam tira as devidas consequências e se demitam para permitir, não só renovar essas instituições, como contribuir para criara condições de melhor controle democrático das mesmas.
Infelizmente os primeiros sinais dados por essa gente não são os melhores, como o revelam as afirmações, com a arrogância do costume, do presidente do eurogrupo, o “trabalhista” (???) holandês Jeroen Dijssolbloem, afirmando que “a Europa não está em pânico”  (uma afirmação que, analisada por um psiquiatra deve ser lida como uma prova de que, pelo menos quem as declarou, está mesmo em “pânico”) e que, desrespeitando a escolha democrática dos britânicos, a Grã-Bretanha escolheu a “instabilidade”, mas a União Europeia deve “escolher outro caminho” (… nós já conhecemos o “caminho” defendido pelo sr. Dijssolboem!!!) e, a rematar do alto de toda a sua arrogância, conclui que não se deve “aprofundar” e alargar a União Europeia (quando, a saída que resta ao projecto europeu, é aprofundá-lo, social, democrática e economicamente).
A União Europeia e o seu generoso e ambicioso projecto fundador está numa encruzinhada: ou continua a caminhar nas mãos do sr.Juncker, do sr. Tusk, do sr.Dijssolbloem, sob a batuta do sr. Schauble, ou se livra desses burocratas, ao serviço do corrupto poder financeiro europeu relançando, sob novas lideranças, com instituições mais democráticas, os princípios da solidariedade, igualdade, subsidiariedade, aprofundando o Estado Social europeu. Infelizmente não se vislumbram no seio da União Europeia lideres com a envergadura  para recolocarem o projecto europeu nos carris.
Por outro lado, uma das consequências para a Grã-Bretanha vai ser a legitimação dos desejos independentistas internos. Vai ser engraçado ver os líderes europeus, que há apenas uns meses atrás usaram todo o tipo de ameaças e chantagens para combater o desejo de independência da Escócia, alterar agora, de forma oportunista, como de costume,  a sua posição.
A procissão ainda vai no adro, mas a Europa, a partir de hoje, não vai voltar a ser a mesma: ou é o início da sua desintegração, com custos humanos muito elevados, ou é o início de uma nova etapa regeneradora, mas que só pode ser feita varrendo a actual liderança e reformando profundamente o funcionamento das suas instituições…

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