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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Solidários com Luaty Beirão e mais 17 jovens angolanos. UM PRESO POLÍTICO É UM PRESO POLÍTICO ! :O que é que PSD, CDS e PCP não percebem desta frase?.


Ausentes deste espaço por uns dias, temos por nós que a notícia mais marcante dos últimos dias foi a condenação à prisão de um grupo de jovens angolanos.

O que é que eles fizeram? Leram um livro e discutiram a grave situação política e social que se vive em Angola, um país com um regime comprovadamente corrupto e que faz da democracia um anedota e da liberdade uma mentira.

Claro que as alternativas ao governo criminoso do MPLA não são muito melhores, a começar pelos criminosos da UNITA.

Mas, felizmente, começam a surgir muitos cidadãos angolanos que fogem àquele esquema partidário corrupto e criminoso e dão a sua voz e energia para combater esse sistema.

Infelizmente esse sistema serve a muito boa gente em Portugal e é vergonhoso que um partido como o PCP venha defender o indefensável, votandoao lado da direita radical neoliberal, a principal beneficiária das negociatas que os corruptos sistema financeiro e político  Angolano permitem à sua clientela.

Dentro das nossas limitações, e em nome dos “valores de ABRIL”, aqui manifestamos toda a nossa solidariedade para com Luaty Beirão e os seus jovens companheiros, condenados com acusações ridículas, num julgamento que  seria uma verdadeira comédia se não fossem trágicas as consequências da decisão desse “tribunal”.

Aqui deixamos também a transcrição da última crónica de Pacheco Pereira , que aborda de forma clara e informada a dimensão desse acontecimento:

Mais uma vez a nossa doença angolana

Por JOSÉ PACHECO PEREIRA

In Público de  02/04/2016

Dizer o ‘estado de direito’ angolano devia provocar uma sonora gargalhada se o assunto não fosse muito sério

“O que é que faz PCP, PSD e CDS juntarem-se num voto comum com denso significado político? Angola. O que faz juntar Paulo Portas, Jerónimo de Sousa, Passos Coelho, Assunção Cristas num silêncio mais ou menos incomodado sobre claras e grosseiras violações dos direitos humanos e da democracia? Angola. O que faz Paulo Portas, esse corifeu do anti-comunismo, e da liberdade económica, agora convertido à digna carreira dos negócios, queixar-se da “judicialização da relação entre Portugal e Angola” a propósito da prisão de Orlando Figueira, antigo procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), acusado de ter engavetado um processo em que era investigado Manuel Vicente, antigo dirigente da Sonangol? Angola.

“Aqueles a que se solta a boca com o que se passa na Venezuela, aqueles que espumam com a viagem de Obama a Cuba, aqueles que correm para escrever artigos indignados com a duplicidade da esquerda face a regimes como o norte-coreano, o cubano, ou o venezuelano, agora explicam-nos que o regime angolano nada tem que ver com o comunismo. É um regime “pragmático”. Lá isso é, mesmo muito pragmático.

“O mais espantoso argumento é o que acha que nada se pode dizer sobre o que se está a passar, visto que o que está em causa é o sistema judicial, os tribunais, o “Estado de direito” angolano e isso é tão inquestionável como os tribunais ingleses de juízes e advogados de cabeleira e velhos direitos do júri, onde há habeas corpus e... o primado da lei. Dizer, aliás, o “Estado de direito” angolano devia provocar uma sonora gargalhada, se o assunto não fosse demasiado sério.

“Criticar a Coreia do Norte está bem. Criticar a Birmânia está bem e é muito longe e não se sabe nada para nosso conforto. Criticar a Síria e a “ditadura” de Assad está bem. Bater palmas à queda de Khadafi, mesmo com o incómodo do seu linchamento público, está também muito bem. Até ao nosso parceiro na CPLP, a Guiné Equatorial, podemos torcer o nariz. Tivessem eles “salvo” o Banif, talvez já não fosse assim.

“Mas há ditaduras e ditaduras. E a questão já não é só ideológica, bem longe disso. Isso era antes e só funcionava para o PCP. Para o PSD, o CDS e parte do PS, é o “pragmatismo” que conta, ou seja, as que estão próximas de nós pelo dinheiro, com essas é que é preciso muita prudência. Na verdade, se investem em Portugal, pagam pelo menos o direito de não serem tratadas como ditaduras, apenas “Estados africanos em construção”, importantes motores de negócios, países mais ou menos exemplares.

“Veja-se a China, cujo Partido Comunista Chinês comprou durante o Governo Passos Coelho algumas das mais importantes empresas portuguesas. Pelo menos uma, qualquer consideração estratégica do interesse nacional deveria impedir que fosse vendida, a REN. Mas a lei que definia os sectores de valor estratégico para Portugal, — anoto, não é para a economia portuguesa, é para Portugal —, por singular coincidência, só foi publicada depois da venda. Grande Partido Comunista Chinês, vanguarda do capitalismo mundial, exemplo de gestão da economia, parceiro desejado, governante dos homens que pagam umas centenas de milhares de euros para virem a ter a nacionalidade portuguesa com um “visa dourado”. Pelos vistos pagam a frente e ao lado. Mas os refugiados que se acumulam na Grécia e na Turquia, esses, não têm dinheiro para comprar um passaporte europeu, nem prédios de luxo, nem comissões a advogados e imobiliárias, nem luvas para “agilizar” o processo.


“Angola é o que se sabe. Não havendo propriedade privada dos diamantes ou do petróleo ou dos outros bens naturais do país, apenas concessões às grandes petrolíferas americanas ou às empresas estatais, o que decorre da exploração desses recursos são biliões de dólares que são a principal riqueza de Angola. Para onde vão? Do lado “recebedor” desses gigantescos fundos está a cleptocracia governante em Angola, a começar na família do Presidente, estendendo-se para a entourage da Presidência, e para um conjunto de generais que ascenderam ao poder durante a guerra civil, e a que se juntam altos quadros do MPLA, administradores de empresas públicas, embaixadores, ministros e “homens de negócios”. Nenhum deles construiu a sua riqueza que não fosse pelo acesso ao poder político. Os seus nomes são conhecidos de todos, estão sistematicamente presentes em duas listas: as dos que violam os direitos humanos, como as da Amnistia Internacional, e as dos corruptos que todas as polícias europeias e americanas conhecem, incluindo a portuguesa”.

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