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sexta-feira, 4 de março de 2016

O "Alentejo" disparatado de Raposo e o direito ao disparate

Por aquilo que ouvi e li sobre o polémico livro de Henrique Raposo dedicado ao "Alentejo",até encontrei algum conteúdo com interesse para reflexão, sendo uma visão interessante sobre a história de vida da sua família de origem.

Contudo, ao querer generalizar a sua má e triste experiência familiar a todo o Alentejo e ao sul do país, Raposo resvala para o mais ignorante preconceito e para a ofensa mais abjecta a todo uma população.

Como amigo e familiar  de alentejanos, tendo visitado várias vezes e várias zonas do Alentejo, nunca encontrei a caricaturada figura de alentejano descrita por Raposo.

Quanto muito, aquilo que Raposo descreve como tipico dos alentejanos pode ser tipico de meios rurais mais "atrasados" ou marginalizados, económica, cultural e socialmente, de norte a sul do país, ou mesmo noutros países (nem o interior mais "atrasado" dos Estados Unidos fugiria a esse retrato forçado).

A questão do tratamento dado às mulheres, das violações silenciosas, dos suicídios, dos silêncios e das desconfianças, podemos encontrá-la em qualquer meio mais "ruralizado" ou economica, cultural e socialmente decadente ( a cinematografia e a literatura estão cheios desses retratos).

Por isso, como é tipico de Raposo e da generalidade dos cronistas feitos à pressa que pululam na imprensa dita de referência, ele usa e abusa de boas idéias para generalizar o seu preconceito social, politico e cultural.

Raposo, com cujos escritos não perco muito do meu precioso tempo a ler, tem todo o direito de exibir os seus preconceitos e as suas atoardas  e beneficiar da atenção mediática, e por isso repudio as ameças que têm sido feitas contra a sua "obra".

Vivemos num país livre, mesmo livre para se  exibir todo o tipo de disparates que se quiser.

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